Estamos em época eleitoral. Me recordo que em uma das Eleições passadas, cunhou-se o termo “Choque de Gestão”, popularizado na época e esquecido posteriormente.
A ideia era radicalizar os processos administrativos; repensar, refazer ou reconstruir. Na Administração de Empresas, a Reengenharia pensou nisso; no Marketing, falou-se em Destruição Criativa, abandonando práticas antigas e instaurando novas.
Não importa o termo. Importa que precisamos de tudo isso no Esporte Brasileiro hoje.
Estamos em período de Olimpíadas. Se o atleta vai mal, culpa-se de tudo: o uniforme, a preparação, o dirigente esportivo, a instalação, e todas as outras coisas. Não se propaga que o adversário é melhor, nem que o esportista brasileiro foi mal dimensionado.
Ganhamos poucas medalhas? Sim, pelo tamanho do país. Não, pelo que se investe.
Na Gestão Pública e no Esporte, há muitas semelhanças: não existe o novo! Quais são os nomes que vemos no Senado brasileiro? Sarney, Collor, Calheiros… E na condução do futebol? Juvenal, Marin, Marco Polo…
Ricardo Teixeira saiu da CBF. E inovamos com Marin e Marco Polo? Igualmente dentro de campo. Ouvi amigos árbitros dizendo que nessa última passagem, Emerson Leão estava mais light. O novo é o velho remendado?
Calma, não estou abdicando dos experientes, mas defendendo atualização constante e oxigenação. Não basta a pessoa que tem autoridade num cargo ser bom, precisa permitir a entrada de outras boas pessoas com novas ideias e ideais. Se isso não acontece, o ciclo de inovação não acontece.
Quer um exemplo de quando o velho e o novo juntos se tornam conflitantes pelo momento errado? Vejam a arbitragem de futebol: prega-se renovação de árbitros. Ok, mas aí vemos novos nomes no quadro da FIFA sem condição técnica suficiente. Meritocracia, zero. Conveniência política, talvez?
Novos nomes de árbitros são lançados na fogueira; etapas queimadas; descontrole nos critérios. Ora entram os mais rodados, ora entram os mais novatos.
A propósito, será que nossas estruturas não estão viciadas? Há quanto tempo se reclama das Comissões de Arbitragem, e há quanto tempo as mesmas pessoas estão lá?
Há tempos, vemos em cargos diretivos os nomes de Sérgio Correa, Arthur Alves Júnior, Silas Santana, entre outros. Se estão lá, é porque tiveram algum mérito e seus superiores (José Maria Marin, Marco Polo Del Nero) o querem. Mas não estaria na hora do “Choque de Gestão?”
Para mim, choque de gestão seria Edson Lapolla (que nem conheço pessoalmente) como presidente do São Paulo FC (como Luís Álvaro foi para o Santos FC). Seria Zico na CBF. Seria Brunoro na FPF. Seria Sálvio na Comissão de Árbitros. Seria Abade, Anselmo, e tantos outros bons nomes em São Paulo. Seria o novo, o repaginado, o reorganizado e remoralizado. Nunca o remendado, pois estes, já tiveram sua oportunidade.
Na política, no futebol e na sociedade, a sinergia que surge daqueles que estão no poder pelo próprio poder é tão grande, que criam a entropia e nem percebem. E é justamente esse sistema fechado, amarrado e constante que tem abalado nosso país. Quem está segurando o osso, não o solta de jeito nenhum!

