A Confederação Brasileira de Futebol nos faz perder o encanto do futebol brasileiro, além de nos trazer mais dúvidas sobre a lisura de todos os elementos intra e extra-campo que norteia o esporte tão popular (já foi mais…) em nosso país.
Lembram quando o respeitadíssimo Jamil Chade, trabalhando pela Agência Estado, revelou que a CBF tinha acordos para que a escala da Seleção Brasileira tivesse crivo dos patrocinadores, aceitando ou vetando nomes?
Foi em 2015, com a Kentaro sendo a protagonista de parte da convocação de atletas do Escrete Canarinho. Até mesmo o “contrato secreto”, como chamado na manchete, foi divulgado (reveja-o em: https://wp.me/p4RTuC-cwq).
Agora, a Folha de São Paulo mostra que a inconfiável CBF continua com suas mazelas. A licitação da comercialização de placas publicitárias para o Brasileirão-2019 teve o vencedor divulgado HÁ 1 MÊS pela Folha de São Paulo, antes dela ocorrer.
Sendo assim, por que acreditar na CBF?
JOGO MARCADO
Impropriedades e suspeitas sobre a CBF alimentam histórico de desvios que não são exclusividade do desporto nacional
POR: Editorial da Folha (extraído de: https://blogdopaulinho.com.br/2019/03/17/jogo-marcado/)
Com mais de um mês de antecedência, esta Folha apontou o nome da vencedora de concorrência promovida pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) com vistas à exploração de placas de publicidade no Campeonato Brasileiro.
Segundo informações obtidas pela reportagem, a vencedora —a empresa Sport Promotion— já estava definida antes que as demais competidoras tivessem apresentado suas ofertas. Entretanto a CBF, a Sport Promotion e a Ernst & Young, que auditou o processo, negam qualquer irregularidade.
A contemplada mantém vínculos comerciais com a confederação há cerca de 30 anos e detém, entre outros, os direitos de transmissão e de exploração de publicidade das Séries B, C e D do Brasileiro.
São longas também as relações com o dirigente Marco Polo Del Nero, que assumiu o comando da entidade em 2015 e foi banido do esporte dois anos depois por violar normas do Código de Ética da Fifa, o órgão máximo da modalidade.
Antes de assumir a presidência, Del Nero tornou-se, em 2012, vice de José Maria Marin, condenado por corrupção pela Justiça norte-americana. A partir daquele ano, a Sport Promotion obteve receitas milionárias com estatais federais.
Em 2013, a empresa firmou contrato de R$ 50 milhões com a Caixa Econômica Federal para explorar publicidade do campeonato feminino ao longo de cinco anos.
Já no final de 2014, ainda no governo Dilma Rousseff (PT), negociou R$ 26 milhões com a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) para a transmissão de certames nacionais de divisões inferiores.
O entendimento com a Caixa contou com a presença da CBF, que anunciou a parceria intermediada pela Sport Promotion numa cerimônia com a presença do então ministro do Esporte, Aldo Rebelo.
O episódio despertou questionamentos do Tribunal de Contas da União, que considerou anômalo o fato de a confederação ter preferido terceirizar o contrato a lucrar diretamente com a operação.
O estratagema repetia antiga prática da entidade, que procura evitar laços diretos com o setor público, justamente para esquivar-se de investidas de órgãos de controle.
As impropriedades apontadas alimentam um histórico de desvios que não são exclusividade do desporto nacional. Escândalos envolvendo dirigentes internacionais futebolísticos e olímpicos internacionais vieram à luz nos últimos anos e pressionaram as entidades a pelo menos demonstrar mais interesse em exercer controles.
Lamentavelmente, a situação ainda está longe do que seria desejável.
