por Reinaldo Oliveira
Nesta época de fim de ano quando aflora a cordialidade e sensibilidade de todos, devido a situação atual no país e no mundo, lembro da célebre frase do escritor e dramaturgo Nelson Rodrigues, onde ele disse que o brasileiro sofre do complexo de vira lata e assim se coloca, voluntariamente, frente ao resto do mundo. Só que neste caso vejamos sobre o complexo de vira lata, por aqui mesmo: de brasileiro para brasileiro. Pois bem. Já há muitos anos, nesta época, levo aos leitores alerta sobre os cuidados com o seu dinheiro, com os gastos exagerados e futuras dívidas para todo o ano vindouro. Em 2008, neste período, com informações de um colega que todos os anos, durante as férias viaja para a Europa (ele tem parentes em Portugal, Espanha e França), alertei sobre as dificuldades que os países que adotaram o “euro” como moeda e já estavam em crise gerada pelo desemprego e endividamento daqueles países e suas populações. Infelizmente de lá para cá, a crise desandou de tal forma que, atualmente, o mundo todo está em crise. Pois bem. Em 2009 e 2010, já com a crise se acentuando utilizei este espaço para a consciência preventiva e controle dos gastos neste período. E o que tudo isto tem a ver com o complexo de vira lata? Simples. Desatento e alienado, iludido com a massificação da informação deste mafioso e corrupto governo que aí está – 7 ministros já foram cassados por malversação do erário público, de que a inflação está sob controle, o povo brasileiro, quando por direito deveria ter um justo reajuste salarial, tem seu poder aquisitivo defasado sem nunca acompanhar o real custo de vida. Por conta disso, segue como ilustração matérias publicada no jornal Bom Dia, nas edições dos dias 4, 13 e 17 de novembro e 2 de dezembro. Na edição de 4 de novembro – págs 2 e 3, é apontado que em pesquisa realizada sobre o custo da cesta básica, os itens que mais subiram foram a batata com 78,6% e o tomate com 20,2%, e assim por diante. Só uma dúvida: qual categoria teve aumento de salário nessa proporção? Já na edição do dia 13 de novembro, com a manchete “O fantasma do custo de vida”, nas págs 2 e 3, estampa valores comparativos de vários itens básicos, em cidades da região e, novamente apresenta aumentos gritantes e superiores aos índices de correção salarial da população. Na edição do dia 17, com a manchete “Mais renda e desigualdade”, nas págs 2 e 3, estampa um perfil da renda da população das cidades de Jundiaí, Cabreuva, Itupeva, Jarinu, Louveira, Campo Limpo Paulista e Várzea Paulista. Na matéria, como a própria manchete diz, a desigualdade entre a alta de preços e poder aquisitivo é terrível. Com grande destaque a manchete da edição do dia 2 de dezembro traz: “Preços sobem 17% para o Natal”. Nas págs 2 e 3, traz que o mês de dezembro começa com os preços salgados, com aumento no preço do alho de 110,7% e o filé mignon com 42,5%. Novamente o questionamento: quem, qual categoria profissional teve aumento nesta proporção? Nenhuma. Mas o governo mafioso e corrupto que aí está, não sabe, não sente e nem tem sensibilidade para o que a população sofre para equilibrar seu orçamento doméstico. E tudo isto sendo passiva e bovinamente aceito e sem expressar reação pela população. Que por seu lado vai se endividando, fazendo sacrifícios, enquanto o governo mafioso e corrupto, desvia dinheiro público e a corrupção aumenta assustadoramente. Mas para ilustrar essa mansidão passiva do brasileiro e a reativa de pessoas de outros países que aqui vêm a trabalho, cito o exemplo do GP Brasil de Fórmula 1, realizado no mês de novembro e, descrito no caderno de esportes da Folha de São Paulo do dia 26 de novembro, pág D8. Ali é reportado que o GP Brasil é um dos preferidos pelos pilotos e equipes. Porém neste ano a coisa mudou. A alta de preços freiou o que eles mais gostam: churrascarias, caipirinhas, malas cheias de presentes, etc. De tal forma que um jornalista espanhol que vem todos os anos disse que há três, quatro atrás consumia sem se preocupar com a conta. Neste ano cortou os gastos devido aos preços muito altos. Uma belga que trabalha de garçonete para uma das equipes e que costuma alisar o cabelo, achou os preços deste ano muito altos e, outros dois engenheiros – um italiano e um japonês reclamaram que o valor do taxi, aumentou em 100%. Resultado: todos os participantes diminuíram o consumo este ano, segundo a reportagem. Ou seja: quem tem consciência boicota os preços altos. Corte rápido. Conversando com um comerciante com loja no centro de Jundiaí, perguntei com estavam as vendas após a abertura do comércio à noite. Ele disse que não chegará ao total de vendas do ano passado. Que o brasileiro está muito endividado e que utilizou o dinheiro extra, normalmente dedicado às compras, para quitar dívidas. Citei para ele o exemplo dos visitantes do GP Brasil que se recusaram a pagar preços altos, e ele disse que o brasileiro (aqui explica um pouco o complexo de vira lata), faz tudo ao contrário. Ele passa na loja, vê um produto da mesma marca, mas vai ao shopping e paga muuiitto mais caro e acha que isso é status, poder. Volta para casa apertado no ônibus, mais orgulhoso exibindo uma sacola de marca. Nem que para isso ele tenha que se endividar, compra sem avaliação, sem critério e se o preço está inflacionado ou não. Então diante dos fatos descritos, citei as fontes, para que os meus leitores (5 ou 6 segundo as ultimas pesquisas), possam acessá-las se julgarem necessário. Enquanto isto este governo mafioso e corrupto que aí está, desconhece a situação escorchante que o povo vive. Acorda povão. Quem fica parado é poste. A todos muitas realizações no ano vindouro. É isso!!
