Ontem, um caso grave em Jundiaí: um senhor sofreu ataque cardíaco em frente ao Hospital Pitangueiras. Imediatamente, pessoas que estavam na calçada tentaram socorrê-lo, já que estava na porta do hospital. Nenhum médico quis atendê-lo. Coincidentemente, um bombeiro que passava no local tentou ajudá-lo, solicitando novamente por um médico. Nada. A alegação é que a obrigação era do SAMU (serviço público), já que ali é um hospital particular.
Populares chamaram a polícia, e o resultado final: o infartado acabou morrendo e dois médicos foram presos. Mas já estão soltos… pagaram fiança de R$ 1.000,00 cada.
E aí? Um Hospital Particular teria a obrigação de atender um transeunte que sofra um infarto na sua porta, ou, o que vale, é o talão de cheques disponível para pagar a conta?
Sinceramente, faltou humanidade nesse caso…
Extraído do Bom Dia Jundiaí: http://www.redebomdia.com.br/noticia/detalhe/6786/Idoso+morre+e+medicos+sao+detidos+em+Jundiai
IDOSO MORRE E MÉDICOS SÃO DETIDOS
Por Marcelo Utida
Polícia Civil caracteriza omissão de socorro a uma vítima que teve mal súbito a 50 metros do hospital
O aposentado Edgar José da Rocha, 72 anos, morreu nesta quinta-feira (8) por parada cardiorrespiratória a cerca de 50 metros do Hospital Pitangueiras, no Vianelo. O delegado do 6º Distrito Policial, Carlos Alberto Abrantes, caracterizou o caso como omissão de socorro por parte da equipe médica e indiciou dois médicos por homicídio culposo (sem intenção de matar).
Eles foram para a delegacia no carro da polícia e só acabaram liberados após o pagamento de fiança de R$ 1 mil cada. O hospital nega ter havido omissão de socorro. A polícia não revelou o nome dos médicos.
O aposentado, que morava na Vila Progresso, começou a passar mal por volta das 8h, quando caminhava em frente a um estacionamento ao lado do hospital, na avenida Pitangueiras. Com o mal súbito, ele teve uma queda e bateu a cabeça no chão, onde se formou uma poça de sangue.
A atendente Moniele Aparecida Polini Lidiani, 25, foi uma das primeiras a ver o homem caído. Segunda ela, “neste momento, o aposentado ainda apresentava sinais de vida”. O primeiro pedido de socorro, segundo contou, foi feito a um segurança do hospital. “Ele negou qualquer ajuda”, disse. O fato teria gerado indignação nas pessoas que estavam ali.
O Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e a Polícia Militar foram acionados, no mesmo instante em que passava pela avenida o soldado Cassaniga, do 19º Grupamento de Bombeiros, que fez os primeiros-socorros. Ele também tentou ajuda do hospital, mas sucesso. Depois, disse: “Se a vítima fosse atendida logo que começou a passar mal, poderia ter uma chance a mais”.
O Samu chegou cerca de dez minutos depois. Os socorristas obrigaram o hospital a abrir as portas, mas o aposentado deu entrada já morto.
Família /Um filho da vítima, Edgar Luis Rocha, 30, informou que o pai tinha boa saúde e gostava de caminhar de manhã. O aposentado deixou mulher e dois filhos. Ele assegurou que vai abrir um processo contra o hospital.
CRM irá abrir sindicância
O CRM (Conselho Regional de Medicina) informou que abrirá uma sindicância para apurar a possível omissão de socorro por parte dos médicos ao aposentado Edgar José Rocha. A investigação vai correr
sob sigilo.
30 Minutos foi o tempo de espera até a entrada no hospital
OAB se manifesta em nota
A Comissão de Direito Médico da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) enviou uma nota informando que juridicamente o profissional médico tem a obrigação de zelar pela saúde de todo o ser humano. “No entanto, deve ser pesado a possibilidade de fazê-lo, levando em conta o Código de Ética Médica”.
Lembre-se:
Código de Ética Médica_ É vedado ao médico deixar de atender paciente que procure seus cuidados profissionais em caso de urgência, quando não haja outro médico ou serviço médico em condições de fazê-lo.
Hospital contesta indiciamento de médicos
Os dois médicos indiciados pela Polícia Civil por homicídio culposo foram liberados nesta quinta após pagarem as fianças. Eles ficaram cerca de quatro horas no 6º DP.
O advogado Glauco Ramos informou que o hospital irá recorrer. “O delegado tomou uma decisão precipitada, pois ainda não ouviu as testemunhas do hospital”, disse.
O caso ainda envolveu um técnico em enfermagem, o superior de enfermagem e um funcionário da segurança, terceirizada pela empresa WCA Brasil, que também foram levados pela polícia. Mas, para o delegado, estas pessoas não foram responsáveis pelo delito e responderão posteriormente.
Por meio de sua assessoria, o Hospital Pitangueiras também se pronunciou contrário à decisão, que disse ter sido arbitrária por parte do delegado Carlos Alberto Abrantes. “Não é obrigação do hospital atender pacientes na rua, mas sim indicar o Samu que é responsável pelo procedimento legal. Isto não é omissão de socorro”, informa a assessoria.
O hospital confirmou que os dois médicos indiciados ontem vão permanecer em suas funções.
Trechos da decisão policial
“À vista das provas testemunhais e da falta do laudo de exame necroscópio, em termos jurídicos, entendo que se trata aqui de homicídio culposo tipificado no Código Penal perpetrado pelos médicos que tomaram conhecimento pessoal pelo técnico de enfermagem do mal súbito da vítima ocorrido nas cercanias do hospital, dotado de plena capacidade para realizar o atendimento de urgência e emergência. Há entendimento doutrinário e jurisprudencial nesse sentido, sobretudo pois o médico tem o dever legal e ético de atuar para evitar o resultado letal. (…) Crime instantâneo, consumado está no momento da omissão. Crime afiançável na fase inquisitória de persecução criminal a mesma foi arbitrada o valor de R$ 1 mil a cada autuado.”