Neste domingo, teremos o primeiro clássico no Paulistão-2013. Santos X São Paulo jogarão na Vila Belmiro. Vamos fazer algumas considerações pré-jogo da arbitragem?
A partida será arbitrada por Flávio Rodrigues Guerra, auxiliado por Herman Brumel Vani e Tatiane Sacilotti. Seus adicionais serão Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza e Marcelo Rogério, sendo o quarto-árbitro Roberto Pinelli.
Se até as vésperas da 5a rodada os clubes grandes tiveram árbitros não tão conhecidos do grande público em seus jogos, agora, com os clássicos, os mais rodados aparecem. Aqui fica uma observação: Wilson Seneme fez o clássico campineiro na semana passada; Paulo César de Oliveira fará o clássico regional do ABC nessa rodada. Flavio Guerra apitará o SanSão. Não seria justamente no começo do campeonato, onde, teoricamente, os jogos ainda não são tão decisivos, o momento ideal de lançar novos nomes em clássicos?
Gostaria de ver árbitros como Welton Wohnrath, Vinícius Dias Araújo, Leandro Bizzio Marinho, entre outros, sendo testados nesses jogos em que se pode trabalhar a renovação. Escalá-los em jogo entre Grande contra Pequeno não é renovar; se não vão apitar clássicos nessa fase do Paulistão, o farão nas fases mais decisivas?
Observações feitas sobre o critério de escalas, vamos a ela em si: Flávio Guerra tem bom porte físico, experiência em clássicos, mas ainda vive sob o estigma da partida em que o projetou mais popularmente: o Choque-Rei de anos atrás em que foi muito bem e marcou corretamente 3 pênaltis contra o São Paulo, em jogo disputado na cidade de Ribeirão Preto.
De lá pra diante, todos deram mais atenção a ele, que não costuma ter atuações ruins, mas regulares. Nos seus últimos jogos, tem se mostrado discretíssimo, não aplicando cartões nas faltas que são “mais ou menos para cartão” (aquelas em que surge a dúvida se seria para Amarelo ou apenas Advertência Verbal), permite a disputa de bola deixando o jogo correr no meio-campo, mas, próximo a área penal, apita grande quantidade de faltas. Além de vibrar pouco com a partida.
Em suma: arbitragem à europeia no meio de campo (onde não se costuma reclamar muito), e, contraditoriamente, a la paulista em zonas mais perigosas do campo.
Tenho Guerra como um bom e prudente árbitro, cumpridor da Regra do Jogo – mas excessivamente cauteloso em jogadas de contato físico próximas ao gol. E essa sensação se confirma com uma entrevista dele, dias atrás, ao jornalista da ESPN Lucas Borges. Na matéria sobresimulação de jogadores e como faz para evitar ser ludibriado (em: http://is.gd/AOlOcd), Guerra disse que:
“(…) É estudar as equipes, os jogadores e acompanhar os jogos em que você vai trabalhar. Assistir aos jogos anteriores para saber com quem você vai trabalhar. Eu estudo porque às vezes o jogador por si só é mais franzino, às vezes não tem muito preparo, não é toda hora que ele simula. Às vezes é uma jogada normal que parece simulação. Por isso tem que saber ver os jogos de todos os jogadores. Assisto a vários campeonatos. A gente acaba pegando um pouquinho de cada um”.
Portanto, em jogadas mais ríspidas diante do gol, Neymar, Marcos Assunção e Rogério Ceni poderão ser determinantes na partida.
Se os jogadores atacantes sabem que o árbitro marca mais faltas frontais, tenderão a cavar mais faltas – e “cavar faltas” pode ser:
1- Forçar o zagueiro à ação faltosa, procurando-o para a disputa, forçando-o a tentar todos os recursos para roubar-lhe a bola, custando a este a falta e até mesmo um cartão (o que é inteligente e legal; deve ser marcada a falta que é legítima);
2- Buscar o zagueiro para o contato físico, abdicando da continuidade da jogada, desejando ser desviado pelo adversário, indo de encontro a uma trombada, pedindo uma suposta falta pela queda inevitável (o que é ilegal, não deve ser marcada a falta);
3- Emparelhar com o zagueiro e cair, encenando ter sofrido a falta (ilegal, deve ser marcado tiro livre indireto contra sua equipe e punido com o Cartão Amarelo).
Se em contrapartida, o árbitro sabe que os atletas poderão cavar as faltas, ele deverá estar muito atento para que, na primeira oportunidade onde perceber quedas forçadas para ludibriar, punir o infrator, a fim de que todos vejam que ele não tolerá artimanhas.
Estamos em um momento onde Neymar se firma como um dos melhores jogadores do mundo, indubitavelmente. E ter cuidado para marcar as faltas que ele sofre em excesso, que são verdadeiras (basta assistir aos jogos), se faz muito importante para o árbitro. Porém, tão verdade quanto as faltas excessivas são as simulações exageradas. Como participa mais do jogo do que os demais atletas, essas situações se destacam.
Tenho uma teoria a ser discutida de que o rótulo de “cai-cai”, verdadeiro no começo da carreira,injusto no Brasileirão e com repentes de volta esporádica no Campeonato Paulista se daria por dois motivo:
- A- Neymar sofre muito pelo excesso do famigerado e covarde rodízio de faltas que alguns treinadores implantam em seus esquemas (que é uma estratégia difícil para a percepção do árbitro e uma falha a ser corrigida pelas Comissões de Arbitragem, já que essa tática não é punida),
- B- Neymar tem momentos em que aflora a maldita Lei de Gérson, em querer levar vantagem sobre os outros, e pratica o tão combatido e criticado unfair-play.
Mas podemos discutir essa teoria de duas hipóteses com mais tempo, em outra oportunidade… Para amanhã, desejo boa sorte aos clubes e à arbitragem.
Em tempo: Herman Brumel, o bandeira no 1, é excelente – se encaixa no critério de “jovem com experiência”. Tatiane Sacilotti é uma grata realidade – discreta, sem ser badalada e com boas atuações. Os AAAs Marcelo Aparecido e Marcelo Rogério dispensam comentários, tem experiência e poderiam, qualquer um deles, terem sido escalados como árbitros centrais da partida.