Que pena. Wilson Luís Seneme reprovou no teste físico em Zurique, na Suiça, na semana de trabalhos para o Mundial 2014. E as regras da FIFA são claras: se reprovar alguém do trio (Seneme ou os bandeiras Emerson Carvalho e Alessandro Rocha Matos), volta embora todo mundo!
O teste físico é muito puxado, e sou contra ele. Se tem muita preocupação com o condicionamento dos árbitros, que correm mais do que os atletas, e se esquece da capacitação técnica. Além disso, se procura árbitros mais jovens. Ora, quanto mais velho, mais rodado e mais sábio se torna o árbitro! Um árbitro de 45 anos está no seu esplendor de competência técnico-disciplinar. Prefiro alguém com essas características do que um árbitro-corredor de 30.
Aliás, não foi só Seneme que se deu mal, mas a América do Sul. Roberto Silveira (Uruguai) e Daniel Abal (Argentina) também reprovaram. Os campeões mundiais de futebol do nosso continente poderão não ter representante na Copa que se realizará em nosso território!
Nada de desesperar, já que haverá outros testes. Mas a reprovação nessa altura da preparação é quase decisiva, sabidamente por todos. O Cel Aristeu Tavares, comandante dos Árbitros da CBF, já declarou publicamente que existe um plano B: Leandro Pedro Vuaden no apito e Marcelo Van Gassen na bandeira visando a vaga brasileira para 2014, caso necessitemos trocar. E se houver nova falha, ninguém representará o país (vale lembrar que Vuaden se juntou a Seneme na semana de preparação física que realizaram na Granja Comary).
Já imaginaram o Brasil não ter árbitro na Copa, e vermos atuando num dos jogos do Mundial apitando Norbert Hauata (Tahiti), com os bandeiras Mark Rule (Nova Zelândia) e Tevita Makasini (Tonga)? Afinal, a FIFA adora dar chances “técnicas” para árbitros de países inexpressivos no futebol e com poucas possibilidades de chegar à Copa… Claramente, são critérios políticos, de afagar aqueles que podem dar votos na Assembléia da entidade.
Não teríamos que ter os melhores, independente da origem? Dois ou três trios argentinos, brasileiros, italianos, ingleses, alemães… Para o Mundial, os mais capacitados, por favor.
Observação: Nas 19 edições da Copa do Mundo, apenas em 3 oportunidades não tivemos representantes (34, 38 e 58). Nas demais, os representantes foram indicados da FMF (1 vez), FERJ (9 vezes), FGF (4 vezes, sendo que elas ocorreram entre as 5 últimas edições) e apenas 2 vezes pela Federação Paulista de Futebol, com Romualdo Arppi Filho e João Etzel Filho.
No placar final, o RJ está com 9 Copas, RS 4 recentes, SP 2 e MG 1.
Nesta 20ª Copa do Mundo, teremos o paulista Seneme ou o gaúcho Vuaden? Ou ninguém?
A relação completa:
1930 – Gilberto de Almeida Rego-RJ (árbitro, com 49 anos)
1934 – nenhum
1938 – nenhum
1950 – Mário Vianna-RJ (árbitro, com 42 anos), Alberto da Gama Malcher e Mário Gardelli (auxiliares)
1954 – Mário Vianna-RJ (árbitro, com 46 anos)
1958 – nenhum
1962 – João Etzel Filho-SP (árbitro, com 46 anos)
1966 – Armando Marques-RJ (árbitro, com 36 anos)
1970 – Ayrton Vieira de Moraes-RJ (árbitro, com 46 anos)
1974 – Armando Marques-RJ (árbitro, com 44 anos)
1978 – Arnaldo Cézar Coelho-RJ (árbitro, com 35 anos)
1982 – Arnaldo Cézar Coelho-RJ (árbitro, com 39 anos)
1986 – Romualdo Arppi Filho-SP (árbitro, com 47 anos)
1990 – José Roberto Wright-RJ (árbitro, com 46 anos)
1994 – Renato Marsiglia-RS (árbitro, com 43 anos) e Paulo Jorge Alves (auxiliar)
1998 – Márcio Rezende de Freitas-MG (árbitro, com 38 anos) e Arnaldo Pinto (auxiliar)
2002 – Carlos Eugênio Simon-RS (árbitro, com 37 anos) e Jorge Paulo Gomes (auxiliar)
2006 – Carlos Eugênio Simon-RS (árbitro, com 41 anos), Aristeu L Tavares e Ednilson Corona (auxiliares)
2010 – Carlos Eugênio Simon-RS (árbitro, com 45 anos), Altemir Haussman e Roberto Braatz (auxiliares).