Raphael Claus corretamente não marcou pênalti de uma bola que bate na mão grudada no corpo de Éder. Igualmente o lance de Marcos Rocha não foi, 4a feira passada.
A questão é: por que raios o VAR tem que chamar?
No Brasil, o árbitro de vídeo é um sujeito metido, aparecido, que atrapalha o jogo e quer caçar erros. Eu me ENVERGONHO de ver um lance assim, vai contra o Espírito da Regra do Jogo.
Sobre o segundo gol do Palmeiras: se a infração fosse precedente ao gol (ou seja: o último lance antes de sair o gol), o VAR teria que chamar. Mas a jogada continuou e existiu uma sequência, ficou “lance vencido”. Acertou Claus de novo, falando pelo protocolo do árbitro de vídeo (Ali, importante: o Árbitro Assistente poderia ter ajudado, mas somente na imediatez do ocorrido).
Os motivos disso (VAR intrometido) acontecer, abaixo, extraído do Blog Pergunte Ao Árbitro:
Sabemos que o árbitro de vídeo, função criada para ajudar a arbitragem em lances pontuais determinados em protocolo, está sendo mal usado no Brasil. No mundo, o VAR é rápido e não apita o jogo. Aqui, ele é demorado, histérico (vide os gritos na cabine nos áudios disponibilizados no último Choque-Rei) e re-apita as partidas.
E qual o motivo disso acontecer?
Para explicar, uma lembrança: em 2014, quando se discutia os lances de movimento antinatural da mão na bola, eu conversei com árbitros da Pré-Temporada sobre o que foi orientado. E eles foram unânimes no discurso (que imediatamente achei equivocado): “Vai ficar mais fácil marcar a falta ou o pênalti, pois na dúvida, dá para interpretar como movimento antinatural”. Apesar da minha contestação, e de verificar que, principalmente na Europa, a Regra permanecia como prioritariamente “Intenção”, e dentro dela o lembrete de que era para verificar uma intenção disfarçada, um movimento antinatural para se tirar proveito da jogada, aqui tudo estava sendo colocado como antinatural (até a mão de proteção no rosto). Virou queimada…
Caso você tenha dúvida sobre lances da mão na bola e por quê erramos, de maneira bem didática, convido a leitura neste post: https://pergunteaoarbitro.wordpress.com/2019/08/09/o-que-mudou-ou-nao-na-regra-da-mao-na-bola/
- Por quê eu lembrei desse fato para falar do VAR?
Porquê igualmente houve, na Pré-Temporada paulista (mas já tinha ocorrido em orientações da CBF) a seguinte colocação, com palavras aproximadas:
“O VAR não vai chamar um árbitro à toa. Se ele está na cabine, mais tranquilo, descansado e concentrado, ele pode ver erros e decisões de maneira diferente do que o árbitro. Se for para chamar o árbitro e a decisão não ser diferente, nem adianta chamar. Se chamou, é porque tem algo de errado. Além do mais, existe VAR, AVAR e mais cabeças para ajudar o árbitro lá na cabine”.
Lêdo engano…
Primeiro: nos prendamos aos protocolos, que significa: o VAR atua conferindo as situações que lhe foram confiadas, como confusão de cartões para atletas identificados equivocadamente, conferências de gols, agressões e erros crassos, entre as principais.
Segundo: o VAR não tem que interferir em lances interpretativos onde não veja erro absurdo. E erro absurdo não é dúvida de interpretação, é equívoco claro e evidente.
Terceiro: muitas vezes, o árbitro tem a visão mais aberta do que as câmeras, está num posicionamento privilegiado em campo onde a imagem de TV, ao invés de ajudar, pode confundir. Nenhuma câmera substitui o que o árbitro está vendo (a não ser que instale uma câmera no uniforme do juiz).
Quarto: estar na cabine, na frieza do lance, sem sentir o calor da partida, nem vibrar no mesmo ritmo / frequência do jogo, faz com que não se tenha a real dimensão da força de um empurrão, de um chute, de uma dividida ou de um puxão, maquiando a imagem.
Portanto, quando a gente verificar que o árbitro está indo para a cabine, saibamos que a chance dele mudar a opinião dele (mesmo estando correta) é enorme, justamente pela justificativa de que “se o VAR chamou, provavelmente ele está certo” – e que essa mentalidade é equivocada perante a IFAB, sendo uma coisa exclusivamente brasileira.
O MAIS IMPORTANTE: para entender o que se quer do VAR de verdade, leia esse texto, abaixo, e se atente ao item 3 de Lukas Brad: https://pergunteaoarbitro.wordpress.com/2019/11/05/o-que-a-ifab-pede-ao-var-e-o-que-o-brasil-faz-com-ele/
MOSCOW, RUSSIA – JUNE 21: Video Assistant Refereeing (VAR) Room at the Internatinal Broadcasting Centre on June 21, 2018 in Moscow, Russia. (Photo by Joosep Martinson – FIFA/FIFA via Getty Images), extraído de: https://eshoje.com.br/2018/07/fifa-se-diz-extremamente-satisfeita-com-arbitragem-da-copa-e-implantacao-do-var-ae/