Nesta quinta-feira à noite, falaremos aos nossos crismando sobre o Dom da Vida, presente inegociável que Deus nos dá – e só ele pode nos tirar.
Em tempos de desamor, ódio, violência, falta de perdão, defesa do aborto e da pena de morte, ressaltar a importância em defender a vida é fundamental (e em especial aos nossos adolescentes e jovens).
Compartilho esse texto abaixo, formulado e adaptado pela equipe de catequistas da Paróquia São João Bosco (Parque Eloy Chaves / Jundiaí-SP)
SIM À VIDA – ABORTO, EUTANÁSIA, SUICÍDIO E PENA DE MORTE
1. ABORTO
Cientificamente onde começa a Vida? Em 1839 dois Cientistas (Schleiden e Schwan), responsáveis pelo avanço no estudo da Embriologia, concluíram que o corpo é composto por células o que leva à compreensão de que o embrião se forma a partir de uma ÚNICA célula, o zigoto. Isso significa que a vida humana se inicia quando o óvulo (ovócito) é fecundado pelo espermatozoide.
Religiosamente onde começa a Vida? A Igreja Católica sempre disse que a vida se inicia na fecundação, ou seja, desde esse momento Deus já concebeu uma alma para aquela vida. Em 1869, o Papa Pio IX aceitou a explicação da ciência de onde começa a vida. Para não dizer que se trata de conceitos ultrapassados, TODOS os textos de Embriologia Humana afirmam que o desenvolvimento humano começa na fecundação. TODOS os textos científicos dizem que o desenvolvimento humano é irreversível e que se perduram parando somente na morte.
Mas e se a gravidez é de um estupro? Não se justifica, pois, a Justiça deve punir o agressor e não a criança inocente que irá pagar com a pena de morte o crime do pai.
Mas a criança está com uma deficiência? As verdadeiras sociedades civilizadas se caracterizam por proteger os mais fracos e não por matá-los. O que dizer da APAE e do dia da síndrome de Down se eu mato os deficientes antes de nascer? O anencéfalo é um ser humano dotado de alma imortal, tem vida. Não importa quanto tempo irá viver. Desde o século XIX a ciência reconhece que a vida humana se inicia na concepção. O maior geneticista do século XX, Dr. Jerome Lejeune, descobridor da Síndrome de Down, atestou esta verdade.
Meu corpo minhas regras! Faço o que eu quero? A criança dentro do ventre da mãe é um outro corpo, uma outra vida. Ainda que ele esteja temporariamente dentro do corpo de sua mãe, ele não é parte deste corpo. O professor de Bioética da Universidade de São Paulo (USP), Dalton Ramos, explica que desde a concepção o embrião tem todos os elementos que caracterizam uma nova vida humana. “Impedir o desenvolvimento desse embrião significa impedir o desenvolvimento de uma vida”. (1Cor 6,19). Na Constituição Brasileira, maior lei do país, em seu início, art 1º inc III afirma que um dos fundamentos do Estado é a dignidade da pessoa humana e no seu art 5º assegura que a vida é inviolável. (Gl 5,13-17;22-24)
Quais as consequências para quem pratica o aborto? Apesar de ser apresentado como um ato de liberdade e uma conquista da mulher, o aborto pode deixar sérias consequências para o resto da vida tanto física quanto emocionais. Na parte física, o aborto pode causar até mesmo a morte (hemorragia, infecção uterina e infertilidade, entre outros). Mesmos os realizados em hospitais geram riscos para a mãe. Na parte emocional, o aborto provoca a curto, médio e longo prazo a chamada “síndrome pós aborto”. Partindo sempre do início como uma culpa absurda pelo ato cometido, o conflito familiar, a solidão e o medo. Depois, muitas vezes, apresenta problemas com a maternidade, seja pela dificuldade em engravidar ou com abortos espontâneos. E com o tempo apresentam tendências ao alcoolismo, à depressão, ao suicídio e ao uso de drogas.
2. EUTANÁSIA
Eutanásia significa “morte sem dor” ou “morte suave”. A Igreja, “que está sempre ao lado da vida”, como afirmou João Paulo II, ensina que devemos ter um respeito especial por aqueles cuja vida está diminuída ou enfraquecida. As pessoas doentes ou deficientes devem ser amparadas para levar uma vida tão normal quanto possível, e nunca as eliminar ou lhes apressar a morte. O Catecismo da Igreja Católica (CIC) ensina que: “Sejam quais forem os motivos e os meios, a eutanásia direta consiste em pôr fim à vida de pessoas deficientes, doentes ou moribundas. É moralmente inadmissível.” (CIC § 2277). (Ex 20,13)
Distingue-se a eutanásia direta da eutanásia indireta ou negativa. A eutanásia direta é o ato de matar o paciente. Vem a ser um homicídio ilícito. Nem mesmo a compaixão para com o paciente justifica a eliminação de sua vida, pois os fins não justificam os meios. Já a eutanásia indireta consiste em não dar ao paciente os meios de subsistência. Estes podem ser ordinários (soro, alimentação, injeções,…) ou extraordinários (desproporcionais).
Ortotanásia, que deriva de “orto” significa “correto”, ou seja, é a morte certa, aquela que deve acontecer naturalmente. No caso de morte cerebral decretada e irreversível, já é considerado morto, nada mais adianta de tratamento ou maquinário empregado, pode-se desligar os aparelhos considerando a ortotanásiae evitando a distanásia(morte com dor).
3. SUICÍDIO
Um suicida está condenado? Antigamente se pensava que sim, embora a Igreja nunca ter ensinado isso oficialmente; pois ela nunca disse o nome de um condenado. Contudo, hoje, com a ajuda da psicologia e psiquiatria, sabemos que a culpa do suicida pode ser muito diminuída devido o seu estado de alma.
Evidentemente que o suicídio é, objetivamente falando, um pecado muito grave, pois atenta contra a vida, o maior dom de Deus para nós. Infelizmente há países que chegam a facilitar e até mesmo a estimular essa prática para pacientes que sofrem ou para doentes mentais.
O Catecismo da Igreja Católica ensina que:
- 2280 Cada um é responsável por sua vida diante de Deus que lhe deu e que dela é sempre o único e soberano Senhor. Devemos receber a vida com reconhecimento e preservá-la para sua honra e a salvação de nossas almas. Somos os administradores e não os proprietários da vida que Deus nos confiou. Não podemos dispor dela.
- 2281 O suicídio contradiz a inclinação natural do ser humano a conservar e perpetuar a própria vida.
Mas o Catecismo lembra também que a culpa da pessoa suicida pode ser muito diminuída:
- 2282 Se for cometido com a intenção de servir de exemplo, principalmente para os jovens, o suicídio adquire ainda a gravidade de um escândalo. A cooperação voluntária ao suicídio é contrário à lei moral. Distúrbios psíquicos graves, a angústia ou o medo grave da provação, do sofrimento ou da tortura podem diminuir a responsabilidade do suicida. Portanto, ninguém deve pensar que a pessoa que se suicidou esteja condenada por Deus.
Certa vez, São João Maria Vianney, também conhecido como Cura DArs, ao celebrar a Santa Missa notou que uma mulher vestida de luto estava no final da igreja chorando, pois seu marido havia se suicidado na véspera, saltando da ponte de um rio. O santo foi até ela no final da Celebração Eucarística e lhe disse: “Pode parar de chorar, seu marido foi salvo, está no Purgatório; reze por sua alma. E explicou à pobre viúva: Por causa daquelas vezes que ele rezou o Terço com você, no mês de maio, Nossa Senhora obteve de Deus para ele a graça do arrependimento antes de morrer”. Não devemos duvidar dessas palavras.
4. PENA DE MORTE
O Catecismo da Igreja Católica esclarece:
“A legítima defesa das pessoas e das sociedades não é uma exceção à proibição de matar o inocente, que constituiu o homicídio voluntário. A ação de defender-se pode acarretar um duplo efeito: um é a conservação da própria vida, o outro é a morte do agressor… Só se quer o primeiro; o outro, não.
Esse mesmo pensamento pode ser aplicado entre duas sociedades. É o caso da guerra justa. Quando uma sociedade inocente está sendo agredida por uma sociedade criminosa, por legítima e proporcionada defesa, a sociedade agredida pode se defender realizando uma guerra que é justa a fim de defender seus cidadãos, seu solo, sua soberania”.
O Catecismo da Igreja Católica tratava de forma compilada o mesmo assunto, em seus números 2267 e seguintes:
“O ensino tradicional da Igreja não exclui, depois de comprovadas cabalmente a identidade e a responsabilidade do culpado, o recurso à pena de morte, se essa for a única praticável para defender eficazmente a vida humana contra o agressor injusto. Se os meios incruentos bastarem para defender as vidas humanas contra o agressor e para proteger a ordem pública e a segurança das pessoas, a autoridade se limitará a esses meios, porque correspondem melhor às condições concretas do bem comum e estão mais conformes à dignidade da pessoa humana.” – IMPORTANTE: o Papa Francisco, recentemente, esclareceu que em HIPÓTESE ALGUMA deve-se aceitar a pena de morte.
Conclui-se, então, que somente tendo a noção real do valor do homem enquanto imagem e semelhança de Deus é possível defender e valorizar a vida humana. O Evangelho da vida é algo que a Igreja quer pregar e promover. É esta a ideia de João Paulo II em sua encíclica. E é por isto que a Igreja hoje, embora teoricamente aprove a possibilidade da pena de morte, já não encontra mais ocasião para a sua aplicação, pois existem outros meios incruentos para retirar o indivíduo do convívio social.
Tudo isso é pecado? Sim!!!
“Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração e com toda a tua alma, com toda a tua força e com todo o teu entendimento; e teu próximo como a ti mesmo” (Lc 10,27).
Vale ressaltar que hoje a sociedade vive um relativismo (conceitos de ponto de vista que não tem uma verdade absoluta ou validade intrínseca, mas ele tem apenas um valor relativo, subjetivo, de acordo com diferenças na percepção e consideração). Não precisam mais de acreditar em Deus, pois, julgam-se saber de tudo e criam seus próprios “valores”, bem diferentes do valores que já falamos; pecado existe para eles? É relativo….
Há de se considerar também a moral. O que é moral? Pertence ao domínio do espírito do homem; conjunto de regras adquiridos através da cultura, tradição e cotidiano que orientam o comportamento humano dentro da sociedade; deriva de “morales”, que é relativo aos costumes; caminha junto com a ética, que é o que julga a moral.
Para que um ato possa ser moral ou imoral não basta que ele seja avaliado em si mesmo, é preciso levar em conta três fatores: o ato em si mesmo, a intenção e as circunstâncias. O ato em si mesmo pode ser bom. Ex. o rezar; contudo, se for feito com a intenção errada – por vaidade, por exemplo – pode ser inadequado. Apesar de ser bom, o ato de comer, por exemplo, se for praticado em uma circunstância errada pode ser também inadequado. Ex. comer dentro da Igreja. Assim, para que a moralidade de um ato seja realmente boa, é preciso avaliar também a intenção e a circunstância.
Já ouviram alguém dizer “meu direito termina onde começa o do outro”? Pois é… Infelizmente hoje não se pensa mais assim. Todos se acham extremamente importantes e só importa o seu direito, o outro (o próximo) não existe para ele… é literalmente “vou fazer o que me interessa e o outro que se dane”. Aí, se esquece que Deus existe Deus (Lc 10,27) e por consequência, do outro… Caimos no relativismo! A moral deixa de existir…. E tudo ganha um aspecto de “legal” e moralmente admissível.
A mudança começa com você! Se à partir do conhecimento adquirido tiver a coragem de distinguir o certo e o errado, amar a Deus sobre todas as coisas e consequentemente, amar seu próximo, tudo vai se arrumando…
Não se esqueçam de uma coisa importante cada vez que precisarem domar seu “eu” para dar lugar a “Ele”:
“Portanto, com tamanha nuvem de testemunhas em torno de nós, deixemos de lado tudo o que nos atrapalha e o pecado que nos envolve. Corramos com perseverança na competição que nos é proposta, com os olhos fixos em Jesus, que vai à frente da nossa fé e leva à perfeição. Em vista da alegria que o esperava, suportou a cruz, não se importando com a infâmia, e assentou-se à direita do trono de Deus. Pensai pois naquele que enfrentou uma tal oposição por parte dos pecadores, para que não vos deixeis abater pelo desânimo. Vós ainda não resististes até o sangue, na vossa luta contra o pecado […]”. (Hb 12,1-4)
“Exorta também aos jovens a serem ponderados. Em tudo, mostra-te modelo de boas obras, pela integridade da doutrina, a seriedade, a palavra sadia e acima de críticas. Assim, os nossos adversários, não tendo nada a falar de nós, passarão a nos respeitar”. (Tt 2,6-8)
“Por isso, irmãos santos, participantes da vocação que vem do céu, fixai bem a mente em Jesus, o apóstolo e sumo sacerdote da fé que professamos”. (Hb 3,1)

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