Achei muito interessante e concordo com tudo o que foi escrito pelo publicitário Gustavo Maia em sua coluna no “Bom Dia / Diário de São Paulo” e no “Jundiaqui”: hoje, vivemos uma febre de “quase famosos”, “celebridades instantâneas” e “ídolos de barro”.
No artigo, ele cita a jovem Gabriela Pugliese (que nem conheço) Abaixo:
#PARTIUCAPAVEJA
Já escrevi sobre isso no meu blog, mas como o assunto permanece atual, vamos aborda-lo novamente. Nesta semana, a Veja São Paulo faz um apanhado de meia dúzia de pseudo-celebridades, todas do sexo feminino, famosas por terem vasta horda de seguidores virtuais. De acordo com a revista, estas blogueiras da imagem – que em sua maioria dedicam a vida a aprimorar a forma física, para assim seguirem esbanjando saúde nas redes – são verdadeiras máquinas de dinheiro. Algumas delas ultrapassam a barreira dos R$ 100 mil mensais em jabás e contratos comerciais, assinados, divulgados e consumados na própria rede social.
O universo desta nova maneira de se fazer dinheiro, revela uma transformação social tão relevante, que chega a incomodar os que dela não participam ou aqueles que não entendem sua acensão. É difícil compreender uma inversão de valores tão substancial em tão pouco tempo. O pensamento humano nem sempre acompanha o que o comportamento dos homens é capaz de propagar.
Vamos aos fatos: (e agora não vou entrar no mérito do conhecimento de cada profissional e cada formador de opinião) há cerca de dois anos, escrevi sobre a popular Gabriela Pugliesi, criticando a habilidade natural da blogueira em propagar métodos de treinamento e dietas detox, mesmo sem ter frequentado a faculdade de Educação Física, ou a de Nutrição, o que caiu nas mídias sociais. Fui celebrado por uns e xingado por centenas de seguidores dela. Eu tinha razão. Não demorou muito para que as blogueiras da imagem e ela própria (Pugliesi) parassem de dar palpites nas áreas que não dominam. Afinal de contas, isso é crime.
No entanto, a reação daqueles que a defendiam me caiu tão mal, que a minha crítica logo mudaria de foco. Tudo bem. Entendo que a moça tira fotos bonitas e vive cercada de celebridades em praias estonteantes. Mas até aí, você atirar uma pedra em defesa de alguém que certamente estava agindo de maneira “duvidosa”, era algo que eu jamais vira. Então.. para cada Gabriela Pugliesi, existe milhões de seguidores boçais? Isso mesmo. E é aí que mora o problema.
Pois bem.. quis o destino que eu acabasse conhecendo a vítima da minha coluna. Conheci Gabriela em janeiro deste ano. Numa viagem a Nova York, patrocinada por uma marca de tênis. Éramos 10 pessoas. Ela não me cumprimentou. Acho que meu texto não causara boa impressão. Mas no final da viagem já estávamos estabelecendo um diálogo amistoso. Trata-se de uma menina. Tão inexperiente em suas decisões, quanto imatura para resolver seu futuro profissional (até agora vive entre manter a comercialização da imagem pelo Instagram e se lançar no acirrado mercado da televisão).
Se você não a conhece e troca com ela meia dúzia de palavras, é impossível prever que aquela menina é uma máquina de fazer dinheiro, disputada a tapa por agências de propaganda e badalada entre marqueteiros e publicitários. Mas ela é. E este valor agregado de sua imagem, não vem do que ela fala, do que ela pensa, do que ela sabe. Vem de quantas pessoas ela atinge em seus posts. E este valor – esqueça o valor substancial do ser humano, pense apenas em números de pessoas impactadas – para o que buscam agências e marcas, é extremamente precioso.
Sim.. estamos no caminho errado. Claro que a inversão de valores que faz de Pugliese uma celebridade, vai cobrar caro na formação cultural de nosso povo. Mas há que se entender que este fenômeno é apenas a ponta do iceberg de um processo de interação em constante transformação e longe de ter sua situação definida.
Enquanto aplicativos, redes sociais, e mecanismos de comunicação entre as pessoas se basearem nas fotografias para estabelecerem relação interpessoais, teremos grandes vendedores de imagem nas capas de revistas e painéis de propaganda. E daí, não adianta expor a moça na capa de revista como um animal em display no zoológico. Afinal, a menina é boa de foto… e ai de quem falar o contrário.
Gabriela é, definitivamente, um produto do universo em que ela circula. Ela define padrões estéticos, mas está longe de ser uma formadora de opinião. Isso faz de seu futuro, algo incerto e altamente dependente do apoio de seus seguidores. E essa relação entre seguidor e seguido dura o tempo da existência da plataforma onde ela se dá. Com este mercado de mídias sociais cada vez mais fugaz, podemos esperar uma nova Gabriela despontando em 3, 2, 1 #partiu.