Tudo o que poderia ser dito sobre os ataques de uma célula terrorista da Al Qaeda, vitimando os cartunistas famosos e outros funcionários da revista de sátira Charlie Hebdo, já foi explorado.
Concordo que a revista passa dos limites ao ironizar muçulmanos como gays, ofendendo a crença dos nossos irmãos islâmicos. Mas isso não é motivo para execução de pessoas, e sim processo na Justiça. A LIBERDADE DE IMPRENSA deve ser defendida e o RESPEITO AO PRÓXIMO idem. Portanto, se resolva dentro da lei, não com armas.
O pior é que a onda de atentados prolongou-se nesta 6a feira, quando simpatizantes árabes fizeram um sequestro dentro de um mercado judeu.
Tudo isso faz com que se aumente o número de islamofóbicos (aqueles que odeiam os muçulmanos, confundindo a religião em si com seus radicais fanáticos – que existem em todas as crenças) e encorajando ao mesmo tempo outros malucos.
Fico pensando sobre o medo dos franceses em sair às ruas, a neurose mundial do terrorismo, a tristeza dos verdadeiros praticantes islâmicos do bem, a revolta dos familiares das vítimas…
Ao mesmo tempo, façamos uma reflexão: há duas semanas, radicais do ISIS (terroristas do grupo Estado Islâmico) mataram mais de cem crianças no Paquistão sob o argumento que recebiam “Educação Ocidental”.
– Tal barbárie repercutiu como as mortes francesas?
O Boko Haram, outro grupo terrorista, matou em Baga, na Nigéria, dezenas de mulheres que não queriam se converter à sua crença e homens que não queriam lutar pela sua causa. E isso foi ontem!
– Essa crueldade foi exaustivamente noticiada?
Em suma: constantemente, casos piores do que os da França acontecem no mundo, mas que por serem cidadãos pobres ou de lugares menos importantes, são esquecidos.
Claro que cada morte é singular e não deve existir grau de tolerância ao terrorismo, mas a paz é artigo raro no mundo. “Apenas” está migrando para regiões mais abastadas, trazendo a xenofobia como consequência.
Por fim, não nos esqueçamos: ainda mata-se mais em São Paulo do que Bagdá! Culpa das drogas, da violência urbana, da falta de educação e da perda do senso de civilidade no Brasil. Os responsáveis (ou irresponsáveis) seriam as autoridades públicas, que se cegam em decorrência da corrupção, além das famílias desestruturadas, que se esquecem dos valores básicos para a convivência social?
Fica a reflexão. Que lutemos pacificamente pela calmaria.
