Uma crítica comum ao mundo do futebol é a alienação de alguns atletas. Claro, a justificativa virá por parte de muitos, pelo fato de que os atletas de ponta ficam milionários sem ter estrutura emocional, familiar nem educacional (embora, segundo a própria CBF, em dissertação de Mestrado desse autor que vos escreve, 92% dos atletas de futebol profissional ganham até 3 Salários Mínimos). Mas o problema é maior: como estudar e treinar?
Algumas iniciativas esporádicas acontecem por aí: em Jundiaí, até o ano passado (permita-me a ignorância em desconhecer a situação atual), o Paulista FC obrigava seus atletas da categoria de base a estudarem. O Vasco da Gama, segundo matéria de Heitor Mário Freddo no Blog “Imprensa Marrom & Cia” (clique no link para ir à matéria), era um exemplo típico de responsabilidade social no esporte. Também o São Paulo FC o faz no seu CCT de Cotia.
Digo isso pois ouvi na Rádio Globo, no programa “Globo Esportivo”, a promessa santista Neymar dizendo ‘Tive que parar de estudar para tentar o sonho de ser jogador de futebol’. Ora, “teve” que parar? Será que o Santos FC não permitira conciliação? Ou, de repente, a desistência dos estudos seja uma acomodação de jovens talentos espalhados pelo Brasil afora?
Assim, através de um projeto de lei do deputado matogrossense Sérgio Ricardo, o estado do MT obrigará, através da Federação Local, a apresentação da matrícula escolar para que esses menores possam jogar por suas equipes.
Atenção: existe êxodo de menores para a Europa, e isso é sabido. Será que o vínculo estudantil não seria um caminho para evitar o fenômeno “bate-e-volta” de muitos jovens jogadores de futebol brasileiros, além de “iluminá-los” contra a ação de aproveitadores?
Texto abaixo extraído de: http://www.circuitomt.com.br/home/materia/18840
Em Mato Grosso Clubes de futebol terão de exigir matrícula escolar de menores
O 1º secretário da Assembleia Legislativa, deputado Sérgio Ricardo (PR), apresentou projeto de lei que obriga os clubes de futebol que tenham jogadores menores de 18 anos vinculados ao time, a assegurar suas matrículas na rede oficial de ensino pública ou privada, zelando pela sua freqüência e aproveitamento escolar. É considerado como clubes oficiais, as associações devidamente registradas e reconhecidas pela Federação Mato-grossense de Futebol (FMF). O descumprimento à obrigação do artigo anterior acarretará a aplicação das penalidades de multa e de impedimento de participação em torneios e competições oficiais.
Os clubes de futebol que, uma vez penalizados com multa, não regularizarem a situação de matrícula escolar dos jogadores de futebol menores de 18 anos, ficarão impedidos de participar de jogos e campeonatos oficiais no Estado de Mato Grosso.
“A importância do projeto é buscar e assegurar a capacitação educacional do jovem atleta em formação para que, além do auxílio financeiro recebido, tenha assegurado seu desenvolvimento intelectual e a conclusão do ensino regular”, complementa o deputado.
Sérgio Ricardo entende que é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação e opressão.
“É evidente que nem todas as instituições de formação de jogadores são sérias e respeitam os direitos desses menores. Muitos, afastados da família, acabam se tornando verdadeira moeda de troca entre clubes, com a única atenção ao desenvolvimento físico e esportivo, deixando de lado a frequência escolar e o aprimoramento decorrente dos estudos tradicionais”, explicou ele.


