Como é importante compartilhar conhecimento, divido com os amigos o treino dos árbitros da FPF, suas orientações e curiosidades, ocorridos neste 14/04, que foi já realizado igualmente na última terça-feira aos árbitros das finais do Campeoanto Paulista:
Nesta terça-feira, tive a oportunidade de participar do treino (ou como o nome oficial consta: aprimoramento) dos árbitros da FPF. Foram 6 trios de arbitragem, que ainda participarão de outros encontros destes, visando acertar algumas dificuldades observadas. Na última semana, os árbitros pré-selecionados para as finais da série A1 fizeram essa mesma atividade; agora, fomos nós, árbitros que trabalharão na próxima rodada da segunda divisão de profissionais. Mas o mote do treino foi o mesmo: uniformização de critérios e procedimentos.
E o que se falou e trabalhou? Veja que bacana: costumamos reclamar em demasia sobre alguns aspectos da nossa carreira, mas é importante ressaltar e reconhecer que este trabalho de aprimoramento é muito bom. Então vamos lá:
Num primeiro momento, foi abordado sobre os relatos e a formação dos observadores de arbitragem. Um problema comum no nosso meio, é o fato de que um árbitro pode ser escalado em 30 jogos, e de repente só é observado em 5 ! Quer dizer que em apenas 1/6 dos seus jogos ele teve nota oficial… mas… e os demais? Além, é claro, do fato da qualidade desses observadores. Um talento pode ser desperdiçado e injustamente sacado de escalas por uma falsa impressão, já que a atuação durante o ano é muito inconstante. Houve a feliz promessa de um trabalho, via Coafesp, de que os árbitros serão avaliados em todos os jogos, por pessoas independentes e mais presentes.
Na segunda etapa, discutimos vídeos do Paulistão 2009, com um elenco de lances de arrepiar! Por exemplo, trabalhamos nesta tarde com lances de situação manifesta de gol, onde popularmente se diz: “é último homem, fez a falta tem que expulsar”. Alto lá, não é bem assim… Não existe “último homem”, existem lances claros de gol, onde impedir o atacante de tentar concretizá-lo é motivo para cartão vermelho. No vídeo, alguns jogos interessantes: Paulista X Bragantino (lance no atacante Enilton, onde ele fica de frente para o gol, mas o zagueiro faz o pênalty, e o árbitro dá cartão amarelo – motivo: não havia domínio pleno do centroavante jundiaiense), Mirassol X Palmeiras (onde duas expulsões foram acertadas – dois lances em que os jogadores se preparavam para chutar ao gol, estavam de frente para a meta e em posição privilegiada e foram interceptados no corpo), Guaratinguetá X Corinthians (onde o jogador do Corinthians domina uma bola má recuada pelo zagueiro adversário e este é tocado pelo goleiro – que recebe o cartão amarelo pois o corinthiano não estava tão de frente ao gol- a tentativa ou não do gol era uma incógnita), e Paulista X Noroeste, onde o jogador Alex Oliveira cruza uma bola ao centroavante Zé Carlos, que entrava sozinho na área, mas a mesma é interceptada pela mão do zagueiro do Norusca – e o árbitro aplica o cartão amarelo, pois não se tem a certeza de que o centroavante do Paulista a dominaria ou não), entre outros jogos discutidos.
Terceira etapa: treino prático, coletivo mesmo! Estávamos nas dependências do estádio Nicolau Alayon, e as categorias de base do Nacional serviram de teste para os árbitros treinarem posicionamento, visão, leitura do jogo e trabalho em equipe.
Por fim, após os trabalhos, correção dos lances e postura em campo.
É claro que outros assuntos foram abordados, e dentre eles, os lances de Corinthians X São Paulo, que me reservo a não comentá-los pois óbvios motivos me impedem… rsrsrs. Assim, se lances dessa natureza e com tais magnitudes de discussão ocorrerem neste final de semana pelas semifinais do Paulistão ou na rodada da Segunda Divisão, não há desculpas para nós, árbitros, não acertarmos…
Mas o fato é de que uma maior frequência dessas atividades ajudaria ainda mais. O grande problema é que tais ações profissionais se direcionam àqueles são os únicos não-profissionais no futebol profissional: os árbitros. Ou será que ninguém “perdeu dia de serviço”? É claro que nós o fizemos com gosto. Mas vale a reflexão: até onde pode se exigir o profissionalismo daqueles que de fato não são, mas devem agir como tais?


