– O Veto, a Reação e a Lembrança do Caju

Leio que após reclamações da equipe do Gama-DF, os árbitros locais se recusam a apitar partidas por lá. Também no Ceará, a equipe do Ceará-CE fez a mesma coisa e os árbitros cearenses, num primeiro momento, também protestaram.

Mas… e se o movimento ganhasse repercussão nacional? Se a cada reclamação de equipes os árbitros estaduais resolvessem boicotar as escalas das agremiações? É claro que é exagero e a idéia é anarquista e utópica, pois provavelmente surgiriam árbitros, de mesma ou outra praça, dispostos a trabalhar em tais jogos. E no exercício da futurologia e do “achismo’, a proposta não vingaria…

A questão é: torna-se fácil criticar a atuação dos apitadores, e menos lógico aceitar os defeitos de cada equipe. É fácil observar tais indicadores: a cada rodada, verifique os discursos de cada equipe e tabule os resultados:

– Quantos dirigentes, atletas ou treinadores justificaram que:

a) o time perdeu porque o árbitro foi mal;

b) o time perdeu porque o presidente planejou mal a temporada e colhe os frutos agora;

c) o time perdeu pois o treinador armou mal o esquema tático;

d) o time perdeu porque os atletas não se esforçaram o suficiente;

e) o time perdeu pois o gramado não estava em boas condições;

f) outras justificativas.

Por isso, compartilho um comentário, do final do ano passado, já publicado anteriormente, do ex-atleta PC Cajú, que beira a perfeição neste relato;

Abaixo, extraído de: http://professorrafaelporcari.blog.terra.com.br/?s=caju

A Culpa é da Bola. Será mesmo?

 

Àqueles que gostam de futebol, é inegável dizer que Paulo Cézar Caju foi uma figura ímpar na história do futebol brasileiro. É público o seu depoimento que, depois do término da sua carreira, afundou-se nas drogas lícitas e ilícitas. Há pouco tempo, amparado por amigos, recuperou-se e hoje presta relevante serviço como palestrante inveterado contra o uso de drogas. Louvável iniciativa. Tão louvável é a sua última coluna escrita no “Jornal da Tarde” (a propósito, eu que não sou contemporâneo do jogador PC Caju, estou me deliciando pelos ótimos artigos escritos pelo culto atleta).

Nesta quarta, ele procurou abordar as desculpas dos treinadores frente as derrotas.  Eis um pequeno trecho para uma grande reflexão:

 “Em gerações passadas, jogávamos com uma bola chamada G18, que significa 18 gomos. Era de couro duro e dava um trabalho danado para os roupeiros durante a semana de treinos e após os jogos. Passar sebo, reforçar costuras e colocar no sol era a rotina diária. Talvez seja por isso que fazíamos questão de tratá-la com tanto carinho. E hoje ainda tenho que escutar treinadores reclamando da bola! Depois de reclamar do plantel, das arbitragens e dos gramados, agora sobrou para a bola, que hoje é desenvolvida com a melhor das tecnologias do planeta (…) Os “professores” deveriam, isso sim, ir pra campo, sem descanso, e aprimorar fundamentos e corrigir os defeitos de seus jogadores. Só assim eles vão aprender a passar, dominar e finalizar, e aí, deixar a bola feliz!

Pois bem, rápidas considerações sobre esse trecho:

Quando o time perde, segundo Caju na íntegra do seu texto, ele retrata que as desculpas comuns são:

– O plantel é reduzido e limitado;

– A arbitragem prejudicou;

– O gramado é ruim;

– A bola não é boa.

Poderia, caro Caju, lembrar de outros aspectos citados pelos treineiros nas derrotas, como:

– A maratona de jogos atrapalhou o time;

– Não havia boas condições no estádio, atirou-se de tudo no campo;

– A comida do hotel trouxe indisposição alimentar;

– O frio demasiado;

– O forte calor;

– A tabela que prejudicou a seqüência de jogos;

– Os desfalques por cartões;

– Ou desfalques por convocações à Seleção.

Ufa! Cansou tanta desculpa. Mas certamente você NÃO OUVIRÁ as seguintes colocações:

– Meu time perdeu porque escalei mal;

– Meu esquema de jogo foi mal elaborado;

– Jogamos na retranca porque não queria deixar os alas avançarem;

– Errei redondamente na preleção;

– Substimei o adversário;

– Desmontei o time nas substituições.

É claro que há muita ironia neste texto. E nem podemos generalizar as reclamações dos treinadores, pois, afinal das contas, eles querem ganhar os jogos para sua sobrevivência no cargo. E estão “fazendo a parte deles”. Os jogadores, idem. Os árbitros idem, a imprensa idem. O problema é a irresponsabilidade de acusar os outros para salvar a própria pele. Se pegar os jornais de segunda-feira, qual seja ele, haverá muitas dessas reclamações em diversas páginas de diversos jogos. O grande exemplo disso (e não estou julgando-o mas apenas relatando o fato), foi o atacante Kléber do Palmeiras, que após receber bisonhamente um cartão, foi instigado por um repórter se era perseguição, e de pronto comprou a idéia. E, claro, a polêmica se formou.

Dessa vez, caro Caju, a culpa não foi da bola (apesar de ela ser redonda demais para alguns), mas sim do árbitro. Cumpriu a regra, o juizão está condenado. Pelo menos, em casos como esse em que ninguém assume a irresponsabilidade das decisões!

Gostaria de saber sua opinião: de quem é a culpa, afinal das contas?

 

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