Em tempos de necessidade de tolerância social e religiosa, onde o Ecumenismo e o respeito aos diversos credos se fazem necessários, lamento assistir um vídeo da cantora gospel Ana Paula Valadão totalmente contrário a esses ideais.
Temos acompanhado o ódio a quem crê diferente proporcionado pelos terroristas do Estado Islâmico. O ISIS não admite cultura diversa (não necessariamente religiosa) do que pensa, e clama por eliminação dos que são diferentes, a não ser que os “pecadores” se convertam. Pois bem: nesse cansativo vídeo de 7 minutos, Ana Paula profetiza a queda da Igreja Católica e a “conversão” dos padres e seminaristas a Jesus. Ela dá a entender que os católicos são idólatras e pecadores (é o desfecho da sua fala). Mais: critica desrespeitosa e intolerantemente outras profissões de fé que não sejam a mesma do que a dela.
Quero crer que a cantora protagonizou um momento de infelicidade, e que ela teve apenas um “repente” de fanatismo radical, deturpando certas verdades. Vamos lá:
- Católico não é idolatra, ela está mal informada ou desconhece a fé dos outros. No Catolicismo, só existe um Deus (uno em essência, manifestado na Trindade Santa em pessoas): Pai, Filho e Espírito Santo. Nossa fé é cristológica, pois Jesus, o Filho Divino, remiu nossas culpas e é o único Salvador. Maria Santíssima e outros tantos homens e mulheres que ganharam a santidade não são adorados, mas venerados! Eles servem de modelo de fé para seguirmos Jesus.
- Imagens nas Igrejas são como Fotografias: apenas pedaços de gesso que respeitosamente nos trazem a lembrança de pessoas virtuosas. Uma estátua de Nossa Senhora é como uma foto de uma mãe que guardamos, por exemplo, no bolso.
- Respeitar a crença do próximo é exercício de cristandade e imposição da democracia. O próprio Jesus nunca violentou ninguém à conversão. Se alguém crê em outros deuses ou é de outra religião, que se respeite perante o Deus que nós acreditamos e perante também a Constituição do Brasil. Você tolerar a crença diversa do seu irmão não significa acreditar no que ele acredita, mas significa respeitar civilizadamente o seu próximo.
- Diante dessas considerações anteriores, seria interessante refletir: a cantora está evangelizando com sua música e seu discurso, ou promovendo uma competição religiosa, onde os perdedores devem se converter para tornarem-se co-vitoriosos?
O tom de guerra interreligioso, tristemente, lembra o que os extremistas muçulmanos estão fazendo e sendo criticados mundo afora: a Jihad (guerra santa).
O mundo – e em especial o Brasil – já tem muitos problemas a serem resolvidos, não precisando de mais um de radicalidade como esse. O interessante é que Jesus Cristo era radical no amor, no acolhimento, na misericórdia e na tolerância! Coisas não assistidas por aqui…
Uma pena! Cristãos católicos / coptas/ ortodoxos ou evangélicos, islâmicos xiitas ou sunitas, judeus, budistas, hinduístas, confucionistas, umbandistas, kardecistas, agnósticos ou ateus: quem quer que seja, deve ser respeitado pelas leis da Sociedade e da Fé – e deste convívio vive e sobrevive o mundo civilizado.
O vídeo está em: https://m.youtube.com/watch?v=_wFDuJWXdwg
