Viram que o jornalista Reinaldo Azevedo, amado por muitos e odiado pelo mesmo tanto, pediu demissão da Revista Veja após aparecer em conversa com Andrea, a irmã de Aécio Neves?
E olha que já ouvi o Reinaldo criticar (sem dó nem piedade – mas com razão) Lula, Dilma, PMDB, PSDB e recentemente o próprio Aécio.
Na conversa divulgada, ele criticou a capa da Revista Veja (onde trabalha) e dialogava com Andréa Neves como jornalista questionando a fonte. Não teve nada demais, nenhuma combinação de matéria tendenciosa ou outra coisa questionável para a investigação da Lava-Jato.
Sabe o que é preocupante? O fato de se divulgar uma conversa de jornalista com fonte – e que de nada era importante!
ACRÉSCIMO/ Atualizando: ele também pediu demissão da Jovem Pan, sendo o fim do “Os Pingos nos Is”.
Abaixo, a postagem do Reinaldo Azevedo em seu blog na Veja sobre o caso:
MEU ÚLTIMO POST NA VEJA
PF divulga trechos de conversa minha com Andrea Neves, uma das minhas fontes, em que faço críticas a uma reportagem da VEJA. Pedi demissão. Direção aceitou
Por Reinaldo Azevedo
Andrea Neves, Aécio Neves e perto de uma centena de outros políticos são minhas fontes. Trechos de duas conversas que mantive com Andrea, que estava grampeada, foram tornados públicos. Numa delas, faço uma crítica a uma reportagem da VEJA e afirmo que Rodrigo Janot é pré-candidato ao governo de Minas e que estava apurando essa informação. Em outro, falamos dos poetas Cláudio Manuel da Costa e Alvarenga Peixoto.
Fiz o que deveria fazer: pedi demissão — na verdade, mantenho um contrato com a VEJA e pedi o rompimento, com o que concordou a direção da revista.
Abaixo, segue a resposta que enviei ao BuzzFeed, que vai fazer ou já fez uma reportagem a respeito. Volto para encerrar. Mesmo!
Comecemos pelas consequências.
Pedi demissão da VEJA. Na verdade, temos um contrato, que está sendo rompido a meu pedido. E a direção da revista concordou.
1: não sou investigado;
2: a transcrição da conversa privada, entre jornalista e sua fonte, não guarda relação com o objeto da investigação;
3: tornar público esse tipo de conversa é só uma maneira de intimidar jornalistas;
4: como Andrea e Aécio são minhas fontes, achei, num primeiro momento, que pudessem fazer isso; depois, pensei que seria de tal sorte absurdo que não aconteceria;
5: mas me ocorreu em seguida: “se estimulam que se grave ilegalmente o presidente, por que não fariam isso com um jornalista que é crítico ao trabalho da patota?”;
6: em qualquer democracia do mundo, a divulgação da conversa de um jornalista com sua fonte seria considerada um escândalo. Por aqui, não;
7: tratem, senhores jornalistas, de só falar bem da Lava Jato, de incensar seus comandantes;
8: Andrea estava grampeada, eu não. A divulgação dessa conversa me tem como foco, não a ela;
9: bem, o blog está fora da VEJA. Se conseguir hospedá-lo em algum outro lugar, vocês ficarão sabendo;
10: o que se tem aí caracteriza um estado policial. Uma garantia constitucional de um indivíduo está sendo agredida por algo que nada tem a ver com a investigação;
11: e também há uma agressão a uma das garantias que tem a profissão. A menos que um crime esteja sendo cometido, o sigilo da conversa de um jornalista com sua fonte é um dos pilares do jornalismo.
ENCERRO – No próximo 24 de junho, meu blog completa 12 anos. Todo esse tempo, na VEJA. Foram muitos os enfrentamentos e me orgulho de todos eles. E também sou grato à revista por esses anos.
Nesse tempo, sob a direção de Eurípedes Alcântara ou de André Petry, sempre escrevi o que quis. Nunca houve interferência.
O saldo é extremamente positivo. A luta continua.

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