O simpático professor Oliveira deu um entrevista ao Rafael Mainini da Rádio Difusora no pós-jogo de Batatais 2×0 Paulista, que foi de acertos a erros numa impressionante falta de sintonia. Vamos lá?
1 – Ao explicar sobre a saída de Zulu (que estava muito bem), ponderou a opção tática (até aí, é leitura de jogo do treinador; concordemos ou não, que respeite-se). Afinal, precisa trabalhar com o que lhe tem a disposição (no caso 26 atletas, sendo 20 herdados pela gestão da Kah Sports).
2 – Quando reclamou da inexperiência do time, criticou os cartões recebidos pela imaturidade dos atletas, lembrou sobre os erros que, segundo ele, havia alertado e os boleiros não cumpriram o combinado das suas orientações, deixando a entender que “fez a parte dele”. No momento que ficou parecendo que a culpa era dos atletas, veio o famoso “nós ganhamos e nós perdemos, somos uma equipe”. Percebeu que errou no discurso? Talvez sim: e aí veio o capítulo “arbitragem”.
3 – Como acompanhei à distância pelo Rádio, ouvi na transmissão uma atuação correta do juiz nos cartões aplicados, sem influência nos gols tomados, segundo o relato do Mainini (que entende demais do futebol narrado, jogado e apitado). Mas Oliveira viu diferente, e depois da crítica aos seus atletas, jogou a culpa na arbitragem com uma perigosa afirmação de que: “eles são ruins mesmo, mas também mal intencionados”.
Ora, sou um dos grandes críticos ao trabalho ruim que se tem feito na renovação da arbitragem na FPF, há muitos erros e concordo com a ruindade citada em alguns jogos. Mas sempre que apontar má-intenção, leva ao descrédito da competição e isso é perigosíssimo! Tem como provar? Por quê contra o Paulista? A Promotoria ADORA mostrar serviço e encaminhar ao TJD tais declarações. Seja mais experiente, Oliveira – e digo isso com carinho, torcendo pelo seu equilíbrio emocional e observando que a mesma imaturidade reclamada sobre os atletas que você observou (corretas, inclusive), acabou praticando nesse discurso. Sorte que a FPF está em desespero para acabar logo com o Paulistão em suas séries profissionais e não quer confusões extra-campo, já que com o Coronavírus, ela conta cada minuto do relógio para que chegue a rodada seguinte, a fim de que não precise suspender o campeonato e, ao menos, o “mal menor” em definir os rebaixados e classificados para a próxima fase (pois se tiver que fazer antes, corre-se o risco de desconsiderar acesso e descenso como se tem pregado nos torneios europeus até então).
4 – Outro tema: a questão da pedrada, relatada em súmula como reclamada e não observada por ninguém, onde, segundo Oliveira, foi o motivador de seus gestos obscenos à equipe adversária. Ora, treinador de futebol profissional tem que ser surdo na saída de campo, é o be-a-bá do ofício. Imagine em estádios mais colados às arquibancadas e com a grande massa ao seu lado? Mais ainda: se alguém lança algo contra você, faça imediatamente o chamamento da arbitragem e mostre onde caiu (ou atingiu) o objeto lançado. Cansei de ver situações assim: o árbitro pega o objeto, coloca num saco qualquer e informa na súmula que a prova está indo junto! Já anexei chinelo, pilha, isqueiro, copo (usado para jogar de cerveja até xixi) e, pasmem, numa partida da A2 entre Sertãozinho x Guaratinguetá, um saco de amendoim que atingiu a cabeça do treinador! Não machucou em nada (era o Edson Só, salvo engano), mas custou uma multa ao time da casa e que só não teve a interdição do estádio pois o agressor foi identificado (o problema ali foi: atingir, não importa com o quê. A não-identificação agravaria o caso).
No caso de Batatais, mostre onde caiu, aponte de onde veio, chame a atenção do fiscal da FPF pois ele vai colocar no seu relatório (e gosta de fazer isso, pois quer “mostrar serviço”). Não pode ficar nas palavras, tem que provar o ocorrido. Lembrando: torcedor não leva cartão, quem vai levar é o treinador (que, apesar do nervosismo, tem que se controlar).
5 – Por fim: no relato da súmula, foi ruim ver que houve atraso / demora porque existiu troca de uniforme por erro da parte do Paulista (e isso gerará multa)! Cáspita, estamos no futebol profissional, sabe-se que o 4º árbitro organiza e informa aos clubes como deve ser o seu fardamento (com o time da casa tendo preferência das cores do seu uniforme bem como o do goleiro da casa) e ainda assim acontece coisa errada?
O Paulista precisa se organizar melhor, em vários aspectos, acalmar seus atletas e pensar em jogar bola. Chutar a porta de árbitro como feito na vitória contra o Primavera (que felizmente conseguiu-se mudar o artigo de julgamento, ô turma boa essa do Jurídico), brigar com torcedor ou não assumir que jogou mal, não leva a nada. É discurso repetitivo e conduta manjada.
Neste momento em que todos estão apoiando e de mãos dadas com o Galo (mesmo com tanto sofrimento na bola jogada), o time (diga-se: Comissão Técnica e Jogadores) precisa se entregar mais – com responsabilidade e controle emocional. Lembrando que Oliveira não poderá dirigir o time contra o Olímpia.
IMPORTANTE – Até o final dessa postagem (14/03/2020, 18h38), não tínhamos a divulgação do borderô. Tenho muita curiosidade em saber se o decreto de 13/03/2020, do Governador João Dória, que proíbe presença de um número maior de 500 pessoas em eventos religiosos, esportivos, políticos ou de qualquer outra natureza, foi respeitado – ou as autoridades do futebol estão criando leis próprias.
COMPLEMENTO – Eu consideraria suspender os campeonatos e anular rebaixamento e acesso, sabendo que o custo financeiro não pode ser empecilho para o custo de vida. O grande exemplo a ser observado foi a irresponsabilidade no jogo do Flamengo deste sábado. Aqui: https://wp.me/p4RTuC-p46.