Hoje, a Teoria do Design Inteligente (TDI) traz à luz um novo debate: a Ciência e a Religião ainda são taxadas como inimigas?
Para muitos, sim. Há aqueles que procuram um meio-termo, e outros, ainda, sustentam que elas se complementam. Há séculos, foram notórios os conflitos entre estudiosos e religiosos.
A TDI tem trazido uma certa polêmica por desconhecimento de pessoas que não sabem o que ela defende. Para muitos, a TDI é puramente criacionista – embora isso não seja verdade. Há radicais também, como em toda e qualquer, e isso pode assustar quem não a conhece. Bem simploriamente: o homem e a mulher foram desenhados, criados, guiados por uma mão poderosa, dentro de um processo evolutivo.
Porém, pelo menos 3 Papas se pronunciaram sobre ela, e todos de forma positiva:
O falecido Papa João Paulo II, no começo do seu pontificado, proclamava a belíssima encíclica de que “a Fé e a Razão são duas asas que nos elevam para o Céu”. Em 1996, declarou que:
“A Teoria da Evolução das Espécies era mais do que uma hipótese”.
Isso não impede que o Livro do Gênesis deixe de ser respeitado, já que é uma versão poética inspirada à luz do Espírito Santo sobre a Criação do Mundo, mostrando que tudo foi formado por Deus a seu tempo, mostrando por Adão e Eva (referindo-se aos primeiros homens e mulheres) como o pecado entrou na humanidade.
Já o Papa Emérito Bento XVI demonstrou muita simpatia ao declarar que:
“O Design Inteligente sustenta a evolução, já que a idéia de que a seleção natural por si só é insuficiente para explicar a complexidade do mundo”.
Seu mais próximo auxiliar, o Cardeal Schoenborn, em 2005, foi perfeito em sua objetiva mensagem, a qual comungo, escrevendo que:
“A evolução no sentido da ancestralidade comum pode ser verdade, mas a evolução no sentido neo-darwinista – um processo não planejado e sem guia – não é”.
Recentemente, o Papa Francisco declarou que:
“Deus não usa uma varinha mágica capaz de fazer tudo (…) Ele criou os seres humanos e deixou que eles se desenvolvessem de acordo com as leis internas que ele deu a cada um para que eles cheguem ao seu cumprimento. O Big Bang, que hoje temos como a origem do mundo, não contradiz a intervenção do Criador Divino, mas sim o exige”.
Em suma, podemos sintetizar numa única questão: tudo foi uma grande coincidência?
Me custa crer que uma força maior – e na minha fé, um Criador (Deus, Nosso Pai) – não tenha sido o grande responsável pelo Universo. Imaginar que os milhares de seres surgiram pela combinação aleatória de forças químicas, biológicas e inanimadas, é ser, até certo ponto, forçoso.
Para crer em evolução das espécies não precisa ser ateu. Ao contrário: aquilo que Deus construiu aos poucos, evoluiu conforme seus anseios. Ou foi um grande acaso que após milhões de anos o homem reina sobre a Terra?
Ainda sobre esse assunto, o professor Marcos Eberlin, uma autoridade sobre TDI (e um dos homens mais respeitados no Brasil e no Exterior sobre a área de Química, com inúmeros trabalhos importantes apresentados), falou na página 3 da Folha de SP, em “Tendência e Debates”.
DEBATE: O design inteligente, tido como vertente do criacionismo, é uma teoria científica válida?
- SIM. É a maior novidade científica sobre nossas origens
(Expressa a opinião do autor do texto: Marcos Eberlin)
Ciência é busca da verdade, que liberta de superstições. É confronto de hipóteses à luz dos dados. A teoria do design inteligente (TDI) é ciência de detecção de design, que distingue efeitos de causas naturais daqueles de causas inteligentes.
A TDI argumenta com leis (exemplo: biogênese) e critérios (complexidade irredutível, informação, antevidência e ajuste fino), segue o método científico (observação, hipótese, experimentos e conclusão) e se alicerça só em dados: da física, da bioquímica, da biologia, da cosmologia e de ciências afins.
É falseável, pois detalha suas teses; faz previsões acertadas, como a riqueza genética do “DNA ex-lixo” e a utilidade dos “órgãos vestigiais”, como o apêndice. É defendida por milhares de cientistas, alguns laureados com o Nobel, que publicam artigos e livros, como “A Caixa Preta de Darwin”, “Signature in the Cell”, “Darwin’s Doubt”, “Darwin Devolves” e “Foresight”. TDI é ciência, e em sua mais pura essência.
A TDI defende Deus? Falso! Se Ele é Deus, não carece de defesa. Defendemos a ciência. Aponta para um criador? Fato! Mas a evolução não aponta para a inexistência dele? O biólogo Richard Dawkins não se declarou intelectualmente realizado como ateu após Darwin? Seria a evolução uma vertente do ateísmo? Cientistas como Francis Collins são criacionistas evolutivos. Eu, teísta, assim o fui. Seria a evolução uma vertente do criacionismo? Antony Flew —o maior ateu do século 20— tornou-se um defensor da TDI. O astrônomo Fred Hoyle era ateu, mas optou pelos ETs como seu designer.
Seria a TDI uma vertente do ateísmo ou da panspermia? O filósofo David Berlinski e o bioquímico Michael Denton são agnósticos e defendem a TDI. Seria a TDI uma vertente do agnosticismo? Sejamos honestos: tanto a evolução quanto a TDI, enquanto ciência, acomodam diferentes posições filosóficas e teológicas: é inevitável! É desonesto invocar essas posições no debate.
Um designer metafísico não pode ser estudado pela ciência? Fato! Mas a TDI não estuda o designer, nem se arrisca; avalia só a obra —o universo e a vida. A TDI é ciência análoga ao programa Seti (Busca por Inteligência Extraterrestre, na sigla em inglês), às ciências forenses e à arqueologia. Aplicaram a metodologia de detecção de design do Seti ao DNA e publicaram o artigo “The ‘Wow! signal’ of the terrestrial genetic code” (Icarus, 2013). Há design inteligente (DI) detectável no DNA.
A teoria da evolução é consenso e mais lei do que a gravidade? Falso! Veja os “Dissidentes de Darwin”: mais de mil bravos cientistas. Sociedades de DI se espalham pelo mundo. Quem ousaria desafiar Darwin, se absoluto fosse? Congressos tentam “salvar” a evolução, como o “New Trends in Evolutionary Biology” (Royal Society, 2016). Lá, disseram: “Não sabemos como a evolução fez, só não foi por DI!”
Adaptações ocorrem? Fato! Mas são frutos de “DI genético” e se limitam às famílias, como experimentos equivalentes a “milhões de anos” demonstraram. Tentilhões continuam tentilhões; vírus, vírus; celacanto, celacanto. Mutações criam máquinas moleculares de novo e sofisticam a vida? Falso! Não há sequer um exemplo disso na literatura.
O registro fóssil confirma Darwin? Falso! A explosão cambriana —o surgimento repentino de diversos e complexos animais no período Cambriano— e a carência de formas transicionais demonstram que não.
Não se iluda com “discursos”. Ninguém desqualifica adversários como “hereges religiosos” se fosse possível refutar suas teses.
A TDI é a maior novidade científica sobre nossas origens. Revigora a ciência; a resgata do dogma materialista. Cresce no mundo todo, pois é ciência pura. O filósofo Thomas Kuhn previu o “pânico acadêmico” de quebras de paradigmas, como esse que o design inteligente causa, e a dificuldade de desviar o “Titanic darwinista”. Mas estamos virando o leme! A verdade vencerá —quem viver, verá!
Marcos Eberlin
Presidente da Sociedade Brasileira de Design Inteligente (TDI Brasil), é doutor em química pela Unicamp e pós-doutor pela Universidade de Purdue (EUA)
TENDÊNCIAS / DEBATES
Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
[…] Eberlin é um dos principais nomes da TDI (Teoria do Design Inteligente). E antes de você prosseguir na leitura, saiba o que é DI (clique aqui: https://professorrafaelporcari.com/2020/03/07/design-inteligente-ciencia-e-fe-qual-o-problema/). […]
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