Já repararam que nos clubes de futebol no Brasil, a camisa número 24 é deixada, na maior parte das vezes, de lado? Inclusive, na própria Seleção Brasileira, onde a Justiça está questionando a ausência da numeração.
O UOL resumiu bem a pendenga recentemente em um artigo:
“O número 24 está historicamente relacionado ao homem gay no Brasil por causa do Jogo do Bicho, que associa a numeração ao veado — animal é usado de forma homofóbica como ofensa à população LGBT+. Por conta disso, o futebolbrasileiro já viveu diversos episódios de homofobia. O mais recente deles ocorreu na chegada de Cantillo no Corinthians, quando o então diretor de futebol e hoje presidente, Duílio Monteiro Alves, disse “24 aqui não” no meio da apresentação. Ele usava o número no Júnior Barranquilla. Duilio classificou a própria fala como “brincadeira infeliz”. Menos de um mês depois de ser apresentado, Cantillo foi a campo com o 24 nas costas.”
Aqui, temos três situações gerais para entidades e jogadores “não usarem a camisa 24”. Duas aceitáveis e uma não:
- No mundo comercial, existem atletas que têm em seus números a identificação: R9, CR7, R10, KK22… e por aí vai. Ter algo assim é instrumento de marketing, simplesmente. Seja pela posição de campo ou de mercado, ou ainda por superstição, jogadores escolhem o que melhor convier.
- A outra é a preocupação em não querer estar com um número do qual seja “chacota”: um heterossexual convicto pode não gostar de estar com o 24 pelas brincadeiras que outros o importunarão. Uma clara comodidade que não precisa ser contestada. A pessoa não é homofóbica, apenas quer evitar situações indevidas ou desconfortáveis a ele.
- Por fim, a óbvia e a mais comum (lamentavelmente): a do não desejar por homofobia, que, lembremos, é crime.
Nos últimos dias, as agremiações fizeram manifestações de apoio à causa LGBTQIA+, e pintaram seus escudos com as cores do arco-íris, além de outras ações. Inclusive, falamos da necessidade de não dizer que é “cidadania de uma causa exclusiva no discurso” e praticar outras ações erradas (vide em: https://wp.me/p4RTuC-vM4).
Muitos clubes, sejamos sinceros, estão se promovendo com as causas e não trabalhando por ela. Entrem nas Redes Sociais deles e vejam os comentários dos torcedores sobre o “pintar o escudo” do time. Existirão barbaridades impressionantes… que não foram contestadas pelos administradores das páginas.
Lembrando sempre: respeitar o direito do próximo não é fazer apologia – e é aí que reside o problema do ignorante. Defender alguém pelo direito de se expressar não significa que você concorde com ele, apenas está lhe dando o sagrado direito democrático de fala e de respeito.
Que os clubes que se manifestaram Brasil afora pratiquem o que pregam. Ou será que os gritos homofóbicos das arquibancadas voltarão quando os torcedores retornarem, com a desculpa de que “faz parte da cultura do futebol”?
Imagem extraída da Internet (Montagem).

