Já passaram alguns dias das primeiras revelações do “The Interceptor Brasil”, e sem o calor e frescor do acontecido, já dá para entender melhor o ocorrido, não?
Hoje, pelo que se lê e se concatena, se vê a preocupação em si de não permitir que um crime (ou crimes) seja(m) impune(s). Para mim, tanto Dallagnol quanto Moro poderiam ter evitado o diálogo, mas nele não se vê nada demais ou coisa que possa anular um julgamento. Ao ler em ordem cronológica o ocorrido (por quê o Interceptor divulgou coisas soltas, sem a sequência pela ordem?) e o teor, não dá para transformar Lula em um “injusto condenado”. Afinal, os delitos foram cometidos e não existe nesse todo nenhuma falsa imputação (embora, insisto, as implicações mais me parecem no campo ético do que legal; no criminal não há do que se discutir).
Aliás, Sérgio Moro foi aos senadores explicar o caso do vazamento das conversas com a promotoria. Mas esse, na verdade, não é o foco da postagem. Aqui, fica o fato curioso e destaque para: Renan Calheiros, com 13 inquéritos no STF, Humberto Costa, o “Drácula” das planilhas da Odebrecht, e outros membros reconhecidamente suspeitos do Senado sabatinando o ex-juiz.
Não é uma espécie de exemplo da “banana que quer comer o macaco”? A “mortadela fatiando a máquina”? Ou, bem claro: uma inversão de valores?
De 0 a 10, qual a credibilidade que você dá ao Senado?
Insisto: não tenho partido e não gosto de rotulações de ideologia de Direita ou Esquerda. Mas querer anular o julgamento do Lula pelas conversas (escrevo pela enésima vez: questionáveis eticamente, mas não criminalmente) parece mais coisa de fanatismo e de adorador lulista. E, ao mesmo tempo, achar tudo normal sem ao menos fazer um contraponto se deveria ter-se evitado o diálogo, também é radicalismo do outro extremo.

