Muita polêmica sobre o ladrão de bicicletas que foi flagrado e teve a testa tatuada.
Vamos lá: um jovem de 17 anos (já pode até escolher o Presidente da República nas Eleições, não é mais criança, mas perante a lei é “de menor”) foi flagrado roubando a bicicleta de um deficiente físico (o dono da bike anda de muleta pois amputou a perna esquerda). As duas pessoas que o flagraram, um deles tatuador, escreveu a seguinte mensagem em sua testa (sob explícita tortura, filmando o ato): “Eu sou ladrão e vacilão“.
E aí, quem foi mais cruel: o que roubava um aleijado ou o que torturou o gatuno?
Aqui valeu a lei do olho-por-olho, dente-por-dente. E isso é bom?
Pense: levar a bicicleta de um cara que nem pode se defender, é insensibilidade total. Idem a quem pune com as próprias mãos de tal forma.
Alguns poderão alegar que a Justiça nem o prenderia pois “é de menor”. Mas aí a culpa é da lei! Mude-se a lei.
Claro, não estou sendo a favor do bandido ou dos tatuadores, mas se cada um de nós devolvermos uma ofensa com outra mais forte ainda, o mundo vira uma gritaria. Se cada tapa resultar em outro, ferirá qualquer princípio cristão.
É lógico que bandido é bandido. E repito: roubar a bike de um deficiente é sacanagem – tanto quanto a mensagem deixada à dor em sua testa.
Pense: e se cada um de nós fôssemos tatuados em nossa testa pelos nossos erros? O que estaria escrito?
Faltaria testa para muita gente moralista da boca pra fora. Tipo: “não devolvo o que acho na rua”; “sou carola mas traio meu marido”; “furo fila mesmo”; “não pago meus impostos”; “se bobear eu levo mesmo”; “se eu fosse político roubaria também”, ou, talvez o pior: “Todo mundo tem seu preço”.
Enfim: não julgarei o bandido como vítima da intolerância, pois ele não pensou duas vezes ao cometer o roubo. Mas não concordo com a justiça pela próprias mãos do tatuador também (que já está preso na cadeia, junto com seu colega).
