Depois da má campanha do Paulista FC na 4a divisão estadual, precisamos pensar nos erros e acertos, tirando aprendizados.
Uma reflexão de um dos erros: a escolha do treinador!
Gostaria de citar um exemplo da semana retrasada, a fim de ilustrar o texto: eu pude participar de uma aula na Faculdade Cásper Líbero, onde falei sobre Ética nas Corporações, no Futebol e na Arbitragem (um funil sobre o tema). Lá, surgiu a seguinte pergunta: “O que você pensa de treinadores de futebol que levam sempre os mesmos jogadores nos clubes onde passam? Seria um desrespeito para quem já está no elenco ou é um problema ético?”.
Ora, sempre foi muito especulado em times grandes que certos treinadores tinham jogadores caros e de confiança. Para alguns, opção técnica. Para outros, combinação de receitas (o jogador pagava um “pedágio”/ parcela de salário para que o técnico, em outra equipe, o levasse junto).
Nas divisões mais humildes e regionais, isso (que é um problema ético e até de desonestidade) não acontece. O que ocorre são outras situações, nas quais o Galo precisa se atentar: o de “treinadores-empresários”. E isso é complicado…
Eles atuam em três frentes:
- Arrendando a equipe: seja como “figura do empresário que coloca um time usando a camisa do clube”, e seu treinador é agente de confiança. Nos moldes da Kah Sports, em 2019, na campanha do acesso para a A3. Se não existirem conflitos de interesse, ótimo. Se os objetivos de empresários (vender seus atletas e colocar na vitrine), forem diferentes do clube (o Paulista queria o acesso para a A2, e não lutar pra não cair, como ocorreu em 2020), é obvio que não dá certo. Aí, nem é problema ético, é desacordo comercial.
- Treinador arrendatário: muito comum em divisões inferiores, o técnico se oferece ao clube, coloca seu plantel em campo e assume as responsabilidades. Eticamente, se o clube não externar o ocorrido aos torcedores, estará os enganando e será ruim. Se manifestar claramente que está permitindo tal relacionamento, menos mal.
- Treinador-empresário camuflado: ocorre quando o técnico é o agente de atletas e assume uma equipe profissional, preferindo escalar seus atletas agenciados ao invés dos jogadores do elenco. Aqui, o problema ético é seríssimo, pois o conflito de interesses se evidencia: como crer que um jogador que é titular realmente faz por merecer a titularidade, ou que é escalado por ser do casting do treineiro? Isso provoca cizânia entre o elenco, além do óbvio conflito ético. Mais do que isso, o elenco racha de vez e o clube é quem fica prejudicado (a não ser que o jogador seja Messi ou Cristiano Ronaldo).
Neste último ano, Baiano, o treinador que subiu do Sub 20 para o profissional (excelente pessoa, grande ex-jogador, inexperiente como técnico e uma aposta para o torneio) foi questionado quanto a algumas escalações e substituições. Normal, é um iniciante e errar é algo comum. Mas ao ler no Jornal de Jundiaí (link abaixo) de que o atacante Adriano, que assinou por 3 meses e jogou meia hora, é da empresa de jogadores de propriedade do Baiano, me assusto e entristeço.
Leia sobre isso em: https://www.jj.com.br/esportes/2021/10/136421-adriano-e-atleta-da-b5-sports.html
Vale uma palavra da diretoria sobre tal episódio… e que tal aprendizado sirva para 2022, onde possamos ter um treinador desimpedido de amarras empresariais, fazendo um trabalho ético, esportivamente falando.

