Há 12 anos, escrevi este post sobre Saramago. Republico pois a indignação que tive à época é a mesma. Abaixo:
Confesso que nunca morri de amores por José Saramago, o escritor português que ganhou o Prêmio Nobel de Literatura em 1998, e aclamado como um dos maiores do mundo na sua área.
Aos 86 anos, numa sabatina na Folha de São Paulo, o português deu respostas polêmicas, sinceras e diretas. Mas a força de suas palavras não me trouxeram empatia, apesar da qualidade de suas obras. Como escritor, genial. Como pessoa, não haverá unanimidade. Veja o que o autor diz sobre temas diversos:
“A Humanidade não merece a vida, a história da humanidade é um desastre contínuo (…) Sou aquilo que se pode chamar de comunista hormonal. Assim como tenho no corpo um hormônio que me faz crescer a barba, há outro que me obriga a ser comunista (…) Por que eu teria de mudar [minha concepção de Deus após a minha doença]? Porque supostamente me salvou a vida? Quem me salvou foram os médicos e minha mulher (…) Não quero ofender ninguém, mas Deus simplesmente não existe. Inventamos Deus porque tínhamos medo de morrer. (…) A Bíblia não é um livro que se possa deixar nas mãos de um inocente. Só tem maus conselhos, assassinatos, incestos…”
De bestial à besta em uma sabatina.

Gosto muito do Saramago, em alguns casos, em alguns caso não todos, dá pra separar autor x obra ou pessoa x autor. Digo isso citando um exemplo recente, admiro o jogador Robinho, mas como pessoa… e nesse caso não da pra separar um do outro, é a mesma pessoa a que joga um baita futebol mas faz o que fez nos bastidores.
No caso do Saramago acho possível conviver com as duas “personalidades”, um baita autor e uma pessoa que pensa diferente mas de forma alguma foge ao diálogo. De fato ele é muito forte nas suas declarações, como cristão fico pensando até que ponto tolerar isso é ser sábio e até onde estamos sendo negligentes com aquilo que acreditamos, (deixando claro que nesse e em todo caso o contrário de negligente seria dialogar SEMPRE!).
Quero crer ainda na possibilidade de conviver com quem pensa diferente, Tolkien e CS Lewis pensavam diferentes também e eram grandes amigos não é? Que assim seja!
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