Um polêmico artigo do Professor Cláudio de Moura Castro em sua coluna na Revista Veja, (ed 2513, pg 75). Ele fala que o título de pós-doutor é pura invencionice brasileira!
Imagine terminar seu doutorado, se esforçar em busca da honraria de um Ph.D (philosophy doctor). e…
Leia e tire as suas próprias conclusões do texto do autor: exagero com ar de arrogância ou realidade que põe o dedo na ferida?
CRIAÇÕES BRASILEIRAS
No campo da educação, os inventos brasileiros são poucos. Mas pipocou um novo. Já havia percebido, e avivou-me a memória um blog de Simon Schwartzman: inventamos o pós-doutor! Em todas as sociedades, em algumas mais do que em outras, há palavras mágicas que se acoplam ao nome de certas pessoas. No Império, alguns eram premiados com o título de barão, conde ou visconde. Mais adiante, o título de coronel era oficialmente atribuído a potentados locais — ou usurpado com impunidade. No Vaticano, sempre houve o comércio de ungir comendadores, a bom dinheiro.
Quando um título universitário era uma prenda rara, ser “doutor” separava os escolhidos da plebe. Os anéis, um para cada profissão, identificavam os seus envaidecidos portadores. Durante o curso, antes da assinatura de cartas, convinha apor a expressão ”saudações universitárias”. Até hoje, há prisão especial para os sacrificados que conseguiram vencer a barreira do diploma.
Mas inflou-se o número de diplomados. E, pela lei da oferta e da procura, “doutor” deixou de ser grande coisa. Providencialmente, aparecem os cursos de mestrado, criando um degrau acima para diferenciar do povaréu os seus detentores. Mas a palavra tem fragilidades. Qualquer mestre-escola é chamado de mestre. E havia mestres-ferradores, instalando ferraduras em muares.
Vivas, aparece um novo título, o Ph.D.! É o verdadeiro doutor, com tese defendida diante da namorada, da mulher ou até dos netos. Recupera-se assim a superioridade, nos píncaros nobiliárquicos da vida acadêmica. É até possível comprar baratinho um desses diplomas, em países vizinhos. Mas não é fácil escapar incólume, pois o território é bem defendido pelas autoridades do MEC. Até aqui, nada de novo, pois quase todos querem ser um pouquinho mais do que o próximo.
Tampouco há algo de errado nisso, que, aliás, só faz enriquecer intelectualmente o proprietário. E, como atesta quem vos escreve, obter um doutorado em uma universidade de primeira linha é um processo longo, penoso e merecedor de algum reconhecimento.
Mas acontece que os Ph.Ds. se autorreproduzem. Mais se formam, mais professores disponíveis para os programas de doutoramento que pipocam por aí. A cada ano, produzimos 17000 doutores. Essa inflação é ótima para o país, mas uma catástrofe para os previamente glorificados por tal diploma.
Era preciso providenciar um novo patamar de status. Entra em cena a criatividade brasileira: cria-se o pós-doutor. Mas acontece que o tal pós-doutor é um título vazio ou inexistente, pois não há cursos de pós-doutoramento. Na prática, autointitulam-se pós-doutores aqueles que passaram alguns meses em uma universidade no exterior.
Dado o isolamento acadêmico do Brasil, nada mais bem-vindo do que arejar nossos professores com um período no exterior. Mas, como há milhares de universidades, das esplêndidas às vergonhosas, só Deus sabe por onde andaram e o que realizaram os pós-doutores. Um ano trabalhando em um estudo conjunto com um pesquisador de boa cepa é um uso irreprochável dos recursos do patrocinador. Mas acontece que não há nenhum filtro para conseguir uma salinha em alguma universidade e lá passar um tempo. Alguns são convidados para ministrar seminários ou cursos. Há os que fazem pesquisa e interagem com colegas. Alguns assistem a aulas como ouvintes, não é má ideia. Outros passeiam pelo campus ou fazem turismo. Ninguém fica sabendo o que aconteceu. Inexiste o prêmio de ser aceito por boas universidades, pois, como elas não oferecem notas, diplomas nem mesmo certificados, aceitam alegremente quem aparece. Afinal, não há desempenho, bom ou ruim, para comprometer a instituição. Quase qualquer um pode ser visiting scholar, mesmo em universidades de primeira linha. É uma alternativa para autoridades destronadas. Pode ser uma esplêndida ideia passar um ano em uma boa universidade estrangeira. Documentando que o tempo foi bem aplicado, contribui para o currículo. Mas o título de pós-doutor é pura invencionice brasileira. Simplesmente, não existe.


PHD não é honraria, é o supra-sumo da formação profissional em uma área bem específica.
O que o Prof. Cláudio comenta é a ‘invencionice brasileira’ do pós-Doutorado, para que os Doutores conquistem (?!?) uma diferenciação extra de status. Coitados.
Engo Emílio Da Silva Neto Dr. Eng.
Sócio Consultor da 3S Consultoria Empresarial Familiar
(Governança Corporativa, Conselhos de Família, Sucessão e Compartilhamento do Conhecimento Sucedido-Sucessor em Empresas Familiares)
Prof. Colaborador da PUC-PR e CATÓLICA-SC
(Integração Academia-Empresas, Universidade Corporativa, University in Company, Pós-Graduação, MBAs)
Sócio-Diretor Geral da Arco-Íris Alimentos Ltda.
(Indústria Alimentícia fundada em 1985, em fase de sucessão)
Colunista do Jornal FolhaSC, entre julho e novembro de 2016
Colunista dos Jornais da RBS (DC, AN e SANTA) e do Portal Jaraguá AM
Comentarista da Rádio Jaraguá
(Gestão e Sucessão Empresarial Familiar)
Engo Mec. (1975), M. Enga Mec. (1978), P.G. Adm. Empresas (1987)
MBAs em Seg. Trabalho (1975), Gestão P&D (1979) e Executivos Globais (1991),
Doutor em Engenharia e Gestão do Conhecimento (2015)
CV: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4496236H3
(47) 9 9977 9595
emiliodsneto@gmail.com
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