Dias atrás falamos sobre a Soberba da Seleção Brasileira. Clique aqui: https://professorrafaelporcari.com/2022/12/14/a-soberba-do-torcedor-brasileiro-tem-reflexo-na-selecao/
Hoje leio uma excelente postagem do Ricardo Perrone sobre aceitar nossa inferioridade, e comungo com ele!
Para quem não leu, em: https://www.uol.com.br/esporte/futebol/colunas/perrone/2022/12/20/recuperacao-da-selecao-brasileira-passar-por-reconhecer-sua-inferioridade.htm
RECUPERAÇÃO DA SELEÇÃO BRASILEIRA PASSA POR RECONHECER SUA INFERIORIDADE
No Qatar, o Brasil completou sua quinta Copa do Mundo seguida sem ser campeão. Também chegou a quatro eliminações nas quartas de final em cinco Mundiais. Porém, a maior demonstração da decadência da seleção brasileira foi dada na final entre Argentina e França. O jogaço decisivo comprovou como o futebol apresentado pelo time de Tite estava longe do que foi exibido pelas melhores seleções da Copa. Dá para imaginar que argentinos e franceses não teriam dificuldades para passar pelo Brasil num eventual confronto neste momento.
Só que o problema não é novo. A diferença entre a seleção brasileira e as melhores de cada Copa foi aumentando gradualmente. Está aí o 7 a 1 para a Alemanha em 2014 como prova.
Fica claro que a decadência atual não é um problema pontual. É resultado de uma defasagem que foi engordando com o tempo. Entender que a eliminação no Qatar diante da Croácia, nos pênaltis, foi um acidente, só ajudará a aumentar a distância entre o Brasil e os melhores.
A seleção brasileira caiu nas quartas de final porque não estava bem preparada. Os fatos de a equipe de Tite ter atuado com dois jogadores fora de suas posições originais na laterais e de Neymar não ter chegado a cobrar seu pênalti mostram um pouco desse despreparo.
Acreditar que o Brasil rodou apenas por causa de um lance de desatenção na prorrogação e por falta de sorte nos pênaltis ajuda a mascarar a fragilidade atual da seleção brasileira.
Para se reerguer, o time controlado pela CBF precisa entender que não está mais entre os melhores. Deve encarar seus defeitos e suas limitações. Não pode continuar achando que tem os melhores jogadores do mundo e que com um pouco de sorte o hexa logo virá. Também não deve repetir o erro de avaliar que o desempenho nas Eliminatórias da Copa serve para medir a sua força no cenário mundial.
O técnico que chegar para substituir Tite precisa construir um jogo forte coletivamente e solidário, baseado no entendimento de que o Brasil precisa mais do que astros de times europeus para voltar a levantar a taça do mundo. Até porque, hoje, praticamente todas as seleções têm atletas que atuam em grandes ligas europeias.
Esse não é o primeiro grande jejum de títulos da seleção brasileira. Em 1994, Carlos Alberto Parreira ajudou o Brasil a sair de uma fila de 24 anos apostando no jogo coletivo e valorizando a parte tática. Sim, ele contava com Romário, artilheiro da seleção no Mundial, para desequilibrar. Mas o Brasil era muito mais do que a presença de um craque. Era disciplinado taticamente.
Sem desmerecer o trabalho de Felipão, que foi excelente, a seleção conquistou o penta em 2002 com Ronaldo, Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho e o reserva Kaká. Todos, em algum momento da carreira, foram ganhadores da Bola de Ouro.
É difícil imaginar que o novo treinador da seleção brasileira tenha à disposição a mesma quantidade de jogadores de primeira linha que Felipão teve em 2002. Além disso, a quantidade de bons adversários hoje é maior.
Assim, o espírito da seleção brasileira precisa ser outro. Adotar o favoritismo e “colar” a sexta estrela antes da hora, como fez Neymar, não é o caminho. Para se reerguer, o Brasil precisa jogar como quem sabe que não está entre os melhores. Isso significa ter mais aplicação tática, organização, concentração e fome.
Continuar se achando uma das melhores seleções sem ser, manterá a equipe brasileira presa numa bolha desconectada da realidade. Dentro dela, será impossível voltar a brilhar.

