Há exatamente 31 anos, um monstrengo chamado União Soviética – felizmente – deixou de existir. Uma ditadura (não importa se foi comunista, capitalista, ou o que tivesse sido – a censura e a ausência de democracia é sempre algo condenável) que enganou muita gente e que ilude pessoas com uma história mentirosa até hoje.
Uma matéria interessante sobre o acontecido (eu me recordo muito bem desse dia) aqui: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/12/26/5-razoes-pelas-quais-a-uniao-sovietica-entrou-em-colapso-ha-30-anos.ghtml
5 RAZÕES PELAS QUAIS A URSS ENTROU EM COLAPSO
Em dezembro de 1991, o maior país do mundo — e o primeiro Estado comunista — oficialmente deixou de existir. E isso teve efeitos profundos sobre como a Rússia hoje enxerga a si mesma e interage com o resto do mundo.
Em 25 de dezembro de 1991, Mikhail Gorbachev renunciou formalmente ao cargo de presidente da União Soviética (URSS). No dia seguinte, em 26 de dezembro, o Parlamento do país — o Soviete Supremo — reconheceu formalmente a independência de 15 novos Estados, encerrando assim a existência da União Soviética.
Gorbachev havia chegado ao poder em 1985, aos 54 anos. Ele iniciou uma série de reformas para dar um novo fôlego ao país, que estava estagnado.
Muitos argumentam que essas reformas, conhecidas como Perestroika (reconstrução e reestruturação) e Glasnost (abertura e liberdade de expressão), provocaram o fim do bloco soviético. Outros dizem que não havia salvação para a União Soviética, dada sua estrutura rígida.
Neste texto, a BBC examina as razões subjacentes a um colapso que teve efeitos profundos sobre como a Rússia hoje enxerga a si mesma e interage com o resto do mundo.
Uma economia em colapso era o maior de todos os problemas da União Soviética. O país tinha uma economia planificada, ao contrário da economia de mercado da maioria dos outros países.
Na URSS, o estado decidia quanto iria produzir em cada setor (quantos carros ou pares de sapatos ou pães, por exemplo).
Também decidia o quanto desses produtos cada cidadão precisava, quanto tudo deveria custar e quanto deveria ser pago às pessoas.
A teoria era que esse sistema seria eficiente e justo, mas na realidade ele teve dificuldades para funcionar.
A oferta sempre ficou atrás da demanda, e o dinheiro não rendia na mão da população.
Muitas pessoas na União Soviética não eram exatamente pobres, mas simplesmente não conseguiam comprar itens básicos porque nunca havia dinheiro o suficiente.
Na União Soviética, as pessoas não falavam em comprar algo (kupit), mas em conseguir (dostat).
O que piorou a situação foram os gastos com a exploração espacial e a corrida armamentista entre a União Soviética e os Estados Unidos, que começou no final dos anos 1950.
A URSS foi o primeiro país do mundo a colocar um homem em órbita e possuía um arsenal de armas nucleares e mísseis balísticos altamente avançados, mas produzir tudo isso custou muito caro ao país.
A União Soviética dependia de seus recursos naturais, como petróleo e gás, para pagar por essa corrida, mas, no início da década de 1980, os preços do petróleo despencaram, atingindo duramente a economia já debilitada do bloco.
A política da Perestroika de Gorbachev introduziu alguns princípios de mercado, mas a gigantesca economia soviética era pesada demais para ser reformada rapidamente.
Os bens de consumo permaneceram escassos, e a inflação disparou.
Em 1990, as autoridades introduziram uma reforma monetária que eliminou as poupanças, por mais parcas que fossem, de milhões de pessoas.
A frustração com o governo cresceu.
Por que isso importa hoje?
A escassez de bens de consumo teve um efeito duradouro no pensamento da população depois da queda do bloco soviético.
Mesmo agora — uma geração depois —, o medo de ficar sem produtos básicos ainda persiste.
Esse é um temor poderoso que pode ser facilmente manipulado durante as campanhas eleitorais.
A política de Glasnost de Gorbachev visava permitir maior liberdade de expressão em um país que passou décadas sob um regime opressor, onde as pessoas tinham muito medo de dizer o que pensavam, fazer perguntas ou reclamar.
Gorbachev começou a abrir arquivos históricos que mostravam a verdadeira escala da repressão sob Joseph Stalin (líder soviético entre 1924 e 1953), que resultou na morte de milhões de pessoas.
Ele encorajou um debate sobre o futuro da União Soviética e suas estruturas de poder, sobre como elas deveriam ser reformadas para seguir em frente.
O político até contemplou a ideia de um sistema multipartidário, desafiando o domínio do Partido Comunista.
Em vez de apenas ajustar a ideia soviética, essas revelações levaram muitos na URSS a acreditar que o sistema governado pelo Partido Comunista — onde todos os funcionários do governo eram nomeados ou eleitos por meio de eleições não contestadas — era ineficaz, repressivo e aberto à corrupção.
O governo de Gorbachev tentou apressadamente introduzir alguns elementos de liberdade e justiça no processo eleitoral, mas era tarde demais.
Por que isso importa hoje?
O atual presidente da Rússia, Vladimir Putin, percebeu desde cedo a importância da ideia de uma nação forte, especialmente para um governo que não é totalmente transparente e democrático.
Ele utilizou um ideário de várias épocas do passado russo e soviético para promover um sentimento nacional de reverência ao seu governo: a riqueza e o glamour da Rússia Imperial, o heroísmo e o sacrifício da vitória na Segunda Guerra Mundial sob Stalin e a calma estabilidade dos anos 1970. A era soviética é ecleticamente misturada para inspirar orgulho e patriotismo, deixando em segundo plano os numerosos problemas da Rússia atual.
A União Soviética era um estado multinacional, sucessor do Império Russo.
Consistia em 15 repúblicas, cada uma teoricamente igual em seus direitos como nações irmãs.
Na realidade, a Rússia era de longe a maior e mais poderosa, e a língua e a cultura russas dominavam muitas áreas.
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A Glasnost revelou a extensão da repressão na época de Stálin — Foto: Getty Images.
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