Dias atrás, ouvi que “não temos tantos árbitros brasileiros na Libertadores pois temos muitos times disputando títulos”.
Calma lá! É uma verdade parcial. Nos últimos tempos, como no Maracanã (estando em solo brasileiro), com dois brasileiros decidindo título (Palmeiras x Santos), a Conmebol precisava dar um caráter continental à competição (e tem sido assim em alguns jogos). Mas lembremo-nos de grandes clássicos brasileiros no torneio, onde brasileiros foram escalados normalmente e sem discussão (lembram de Corinthians x Palmeiras com Edilson Pereira de Carvalho, decidido nos pênaltis)?
A prova de que esse (o excesso de brasileiros) não é o grande problema, mas sim a qualidade técnica, é o seguinte número: de 1990 para cá (32 anos), tivemos apenas 3 arbitragens brasileiras em finais de Taça Libertadores da América. Ou seja, não foram 29 decisões com brasileiros versus estrangeiros na final (River x Boca, por exemplo, em 2018, tivemos no jogo de ida Roberto Tolbar-CHI e na volta Andrés Cunha-URU). Considere ainda o desastre pior: dessas 29 partidas, apenas 3 foram em formato de jogo único (ou seja, nas outras 26 edições, foram 52 jogos). Desconsiderando as que envolveram brasileiros, ainda assim o número é altíssimo.
Os últimos árbitros brasileiros escalados: José Roberto Wright em 1991 (Colo Colo-CHI vs Olímpia-PAR), Márcio Rezende de Freitas em 2001 (Cruz Azul-MEX vs Boca Jrs-ARG, com erros relevantes de arbitragem a favor dos argentinos da Conmebol e contrários aos mexicanos da Concacaf) e Sandro Meira Ricci em 2014 (San Lorenzo-ARG vs Nacional-URU).
E não devemos nos restringir a apenas isso: Na Copa dos Campeões Europa-América do Sul, organizada conjuntamente pela UEFA e Conmebol (chamada de “Finalíssima”), disputada por Itália vs Argentina em Wembley, onde o estádio era europeu e o árbitro sul-americano (olha a chance de um brasileiro ser escalado), apitou a final o chileno Piero Maza. Nem aí conseguimos aparecer!
Nos anos dourados (ou politicamente fortes) da arbitragem brasileira, tivemos Arnaldo e Romualdo apitando as decisões de Copas do Mundo de 1982 e 1986. Depois disso, Elizondo e Pitana da Argentina reinaram (abrindo e fechando o Mundial).
E na Copa do Mundo de Clubes da FIFA? Nas 18 edições (não tivemos brasileiros jogando a final em 18 delas…) apenas Sandro Meira Ricci teve a honra de representar o país numa final, em 2013, no Bayern x Raja Casablanca.
A questão é: a coisa lamentavelmente tá feia… o descrédito é grande!
O que fazer? Talvez repensar os conceitos e “cair na realidade”. Por exemplo: dizer a Anderson Daronco que não temos a melhor arbitragem do mundo, como ele disse que tínhamos na Rede Globo.
Imagem extraída de: http://blogalemdoapito.blogspot.com/2019/09/

