No último domingo, na partida entre São Paulo X Flamengo, um fato inusitado: o São Paulo, por algum tempo, jogou com 12!
Rodrigo Caio saiu de campo para receber atendimento médico. Neste interim, o treinador Ney Franco resolveu substituí-lo pelo atleta João Schmitt. Portanto, houve a concretização da substituição: o atleta saiu por completo do campo de jogo, e seu substituto entrou no gramado.
Curiosidade: a substituição só se dá quando o atleta sai do campo. Se ele permanecer em campo (por qualquer motivo – descuido, ato pensado, ou outro) e o substituto entrar, o substituto passa a ser o atleta irregular, e não o suposto substituído, pois o procedimento de substituição não foi concretizado.
Importante: como é que o sexteto de arbitragem (1 árbitro, 2 bandeiras, 2 AAAs e 1 quarto árbitro), aos olhos de um assessor de árbitros, nada viu? Desatenção pura dos árbitros! É deles a responsabilidade.
O grande erro foi: durante a substituição, é indicado ao árbitro pelo 4º árbitro o número do jogador que sai. Exatamente 32 segundos depois, sem saber que foi substituído, o jogador está na linha lateral pedindo para retornar ao campo. O árbitro Jaílson Macedo, nesse pequeno período de tempo, esqueceu que o atleta tinha sido substituído com sua autorização! E o quarto-árbitro, Rodrigo Guarizzo, que houvera informado, estava prestando atenção em quê? Deles, é a culpa maior do erro.
A) E o que o árbitro faz quando percebe que uma equipe joga com 12 atletas?
Naquele momento, Rodrigo Caio é um jogador substituído. Portanto, não pode mais participar do jogo. O procedimento do árbitro deverá ser:
– Paralisar a partida imediatamente, aplicar o cartão amarelo por CONDUTA INDEVIDA; o jogador se retira de campo e o jogo é reiniciado com tiro livre indireto à equipe adversária, no local onde a bola se encontrava no momento da paralisação. Porém, se o adversário estiver com a posse de bola, poderá continuar a partida, esperar a concretização da jogada ou que ocorra uma saída de bola (a vantagem é para não prejudicar a equipe que está com 11).
B) E se saísse um gol para o Flamengo?
– O gol deve ser confirmado, mesmo jogando contra 12.
C) E se saísse um gol para o São Paulo?
– O gol deve ser anulado.
D) E se sai um gol para o São Paulo, que está com 12 atletas, e o jogo é reiniciado?
– O gol é validado, pois não se pode voltar em uma decisão após a partida ter sido reiniciada.
E) E se Rodrigo Caio evita um gol flamenguista embaixo da trave, usando as mãos?
– Se marca um tiro livre indireto para o Flamengo, a ser cobrado em cima da linha da pequena área. Não se pode marcar um pênalti, pois o atleta não é mais um jogador da partida. Se expulsa o jogador por dupla advertência (entrar no campo de jogo e atrapalhar a partida). Embora não esteja autorizado a jogar a partida naquele momento, atletas substitutos e substituídos continuam sob jurisdição disciplinar do árbitro, podendo receber cartões. De certo, todos adversários pedirão pênalti… Pior: se um zagueiro atingisse Rodrigo Caio com um soco, o flamenguista levaria Vermelho e o sãopaulino Aamarelo.
F) E se João Schmitt tivesse entrado em campo sem o consentimento da arbitragem?
Na improvável situação de que o árbitro se equivocou e permitiu a entrada de João Schmitt crendo não ser uma substituição, mas o retorno do atleta Rodrigo Caio que segundos atrás pediu para ser atendido fora de campo, o cartão amarelo deve ser para João Schmitt, pois, teoricamente o árbitro não permitiu a substituição e João se torna “agente externo”.
G) Na mais improvável de todas as hipóteses: e se Rodrigo Caio se negasse a aceitar a substituição?
O procedimento da substituição de atletas, conforme a Regra 3, precisa do aceite do substituído. Se a substituição é informada ao árbitro, e o atleta está em campo e se recusa a sair, o jogo segue sem problemas para a arbitragem, que não autoriza a concretização da substituição. Fica a pergunta: Rodrigo Caio estava fora do campo; mas ele concordou em ser substituído? Se reclamasse (já que ele não foi informado que foi substituído), poderíamos ter um erro de direito?
Discussão fantástica, não?