Poderia até soar conflitante o título deste artigo. Ao contrário, ele vem dar o tom para um debate que certamente ocorrerá ao longo do Brasileirão 2012: a renovação do quadro de árbitros do futebol brasileiro.
A Comissão de Árbitros da CBF anunciou, em 2010, que os árbitros a ingressarem no Quadro Nacional deveriam ter até 30 anos de idade. Tal medida serve de subsídio para aplausos e vaias, de acordo com o enfoque desejado. Afinal, no atual Campeonato Brasileiro vemos árbitros bastante rodados, que sempre foram constantemente escalados, e, por acomodação na carreira, tornam-se “administradores” do jogo. Meros mediadores, que não aplicam os cartões necessários por conveniência ou para se pouparem de reclamações de dirigentes. Junto deles, vemos alguns jovens, ilustres desconhecidos com oportunidades, mas de competência insuficiente, permitindo que jogadores medalhões apitem o jogo por eles, caindo na pressão da torcida e cometendo erros grotescos.
Para quem acompanhou a rodada da última quarta-feira (ontem), isso ficou nítido.
Uma renovação com nomes jovens e desconhecidos, a fim de realizar um trabalho de base, com suficiente treinamento técnico e teórico, é uma medida sensacional. Porém, dificultosa por alguns motivos:
– Terão os clubes paciência para o amadurecimento desses árbitros?
– O trabalho de preparação dos nomes em treinamentos seria feito como?
– A estrutura financeira do futebol permitiria tal trabalho?
– Os jovens teriam a garantia de escalas?
Um grande ponto a favor seria o condicionamento físico, num momento em que o futebol é muito mais corrido do que jogado. O ponto negativo, claro, a inexperiência.
Já a renovação com nomes alternativos (não necessariamente tão jovens), a fim de oxigenar a atual relação, dando oportunidades a talentos das federações estaduais que até então, por número de vagas escassas, não apareceram no cenário nacional, seria contestada:
– De onde viriam esses nomes jovens a serem indicados?
– Quem os garantiriam ou os respaldariam em caso de pressão de dirigentes?
– Como não queimar jovens talentos e lançá-los em jogos adequados?
Um grande ponto a favor de nomes “alternativos” seria a experiência adquirida em campo em contrapartida dos novatos. O ponto negativo, claro, é o vício que poderão carregar pelos anos de apito (e entenda-se na linguagem do árbitro de futebol como “vício” os costumes e hábitos adquiridos na maneira de apitar e no estilo de arbitragem, difíceis de serem eliminados ao longo do tempo).
E virá a discussão. O que é mais necessário hoje: jovialidade ou experiência?
Para responder tal questão, leve em conta os fatores:
– Condicionamento físico;
– Capacidade de fazer a leitura do jogo durante a partida;
– Conhecimento de artimanhas e características de atletas já trabalhados em outras partidas;
– Histórico de arbitragem;
– Rodagem em campeonatos e clubes diversos;
– Respeitabilidade adquirida ao longo dos anos;
– Idade madura do árbitro (qual é a maturidade do jogador e a do árbitro?)
Tal tema é de dificílimo trato. E a implantação de um projeto de renovação não depende de nomes novos por si só, mas de DIRIGENTES NOVOS – das comissões de árbitros à presidência da CBF. Se jovens, que se trabalhe nas partidas adequadas, sem queimar etapas. Se experientes, que cobrem a não-acomodação. E, independente da idade, que sejam escalados pelo mérito / competência, nunca por política de integração dos estados.
Vale lembrar que tal assunto não se restringe apenas ao mundo do futebol. No dia-a-dia, em qualquer seara, se discute sobre a renovação profissional, o momento dela, e o costumeiro debate: jovens ou seniors? No mundo da administração, isso é cotidianamente questionado. Por que não no futebol?