O árbitro Marcelo de Lima Henrique apitou um jogo de dificuldade mediana/grande, por culpa do comportamento dos atletas, tensão do jogo e características da partida. Vamos para a análise dos 4 fatores de rendimento do árbitro (físico, disciplinar, emocional e técnico):
1- FÍSICO: o árbitro esteve muito bem durante o jogo. Correu bastante e se posicionou bem na maior parte dos lances. Prova disso foi aos 9 minutos de jogo, após Jorge Henrique perder uma bola no ataque e armar o contra-ataque santista: em jogada rápida, o árbitro acompanhou os jogadores do Santos na mesma velocidade, podendo estar do lado da jogada na conclusão da mesma.
Apenas dois lances em que o posicionamento do árbitro não ajudou, prejudicando sua decisão: aos 44 minutos, em lance faltoso sobre Emerson na linha de fundo (se possuísse um árbitro assistente adicional da linha de meta – o AAA – poderia ter lhe ajudado) e a agressão de Durval em Jorge Henrique aos 63 minutos (na frente do assistente no. 1, que não o ajudou). Eram lances de ponto cego para a visão do árbitro, frutos do local da jogada ou de congestionamento de atletas à sua frente.
2- DISCIPLINAR: procurando evitar a vulgarização dos cartões, o árbitro utilizou muito bem as advertências verbais aos atletas, não desperdiçando (ou queimando) cartões. Nas infrações, policiou-se para não exagerar em aplicar cartões amarelos em lances normais por ilusão, como a infração de Danilo sobre Neymar aos 29 minutos, onde o santista fantasiou a queda e fez ‘caras-e-bocas’ de dor no lance. Falta comum, onde há exagero da “representação da queda”. Ou ainda o lance em que Emerson Sheik, aos 56 minutos, abandona a bola e vai no corpo de Adriano, onde acertou em aplicar o Cartão Amarelo.
Outros acertos? Aos 70m: Alessandro calça Neymar, recebendo o amarelo, bem aplicado. E aos 75m, quando Neymar calça Castán, corretamente, recebe amarelo.
Aos 76m, novamente Emerson, que dá um carrinho certeiro em Neymar. Como recebeu o 2º amarelo, foi expulso com correção.
O pecado disciplinar foi a não coibição das atitudes inconvenientes. Foram duas situações pontuais e duas constantes ao longo do jogo:
-a primeira pontual: 12 minutos, quando Paulinho simula pênalti, dobrando os joelhos ao entrar na área santista. Não é queda de casualidade de uma disputa de bola, é tentar sacanear o árbitro (atitude antidesportiva). Marcelo acertou em mandar seguir, mas poderia ter dado o cartão amarelo. Jogadores do Santos provavelmente não tiveram tempo de reclamar pelo bom histórico do adversário, pelo ritmo frenético do jogo naquele momento e por um contra-ataque armado.
-a segunda pontual: 57 minutos, quando Emerson se joga descaradamente para cavar pênalti, após disputa de bola com Durval. Deveria ser marcado o tiro livre indireto por simulação e aplicar o cartão amarelo ao Sheik. Seria o 2º no jogo, e consequentemente sua expulsão. Nada de alegar que Durval cometeu infração, pois não há braço que desequilibra o corinthiano, tampouco toque nas pernas. Tentou cavar, abdicou do jogo.
-os dois lances constantes do jogo: as inúmeras condutas antidesportistas de Emerson, seguidas por inúmeras faltas em rodízio. É a lei da ação-reação: o atacante do Corinthians disputa o jogo sempre com virilidade excessiva, deixando braço/mão para atingir seu adversário, fazendo faltinhas desnecessárias e irritando os adversários santistas. Estes, reagem com faltas durante o jogo, sempre usando um pouco mais de “vontade” para acertar o Sheik, como nítido revide. Tal fato poderia ser advertido com mais vigor pelo árbitro, que tão bem fez isso na partida mas se omitiu nesse particular.
3- EMOCIONAL: Em partida nervosa, o árbitro manteve o equilíbrio emocional para que os fatores de pressão não o influenciasse nas decisões. Os apitos distribuídos para a torcida, com efeito ensurdecedor, irritam o árbitro. O volume do som, quando em desaprovação à uma ação, poderiam influenciar o apitador em decisão futura. Isso não aconteceu. Também nas perturbações do jogo: muita calma no episódio de copo de água arremessado contra o goleiro corinthiano aos 15m, laser contra os atletas aos 16m, e, por mais incrível que possa parecer, um capacete da Polícia Militar aos 80 minutos arremessado contra o mesmo goleiro (que pessoal mal educado… lamentável). Procedeu corretamente quando da falta de energia elétrica aos 81 minutos e em situações de desentendimento dos atletas. Muito bem nesse aspecto.
4- TÉCNICO: alguma dificuldade no jogo, devido à proporcional malícia dos atletas. Quer demonstração mais clara do que os segundos iniciais de ontem? Aos 8 segundos, os ‘comportados’ Neymar e Jorge Henrique vão disputar uma bola e se jogam um contra o outro, resultando numa trombada. Repare que ambos não buscam a bola, mas sim o corpo, nitidamente para cavar uma infração! Emblemático… E aí o árbitro deve ter cuidados para acertar a marcação. Emerson, por exemplo, sofre falta aos 59s, aos 3 minutos e cai sozinho aos 4 m. Difícil acertar tudo, não?
Outro lance que foi constante: Jogadores que se jogam no adversário, buscando cavar a falta: aos 10 minutos, Juan dribla e vai pra cima de Jorge Henrique, querendo ser trombado e iludindo a todos que sofreu falta. Idem a Neymar, que aos 52 minutos, após ganhar de Alessandro na corrida, busca trombar em Chicão. Vale lembrar: o adversário parar na frente do atleta para obstruí-lo é falta; mas quem ataca pular no corpo do jogador para cavar, não é.
Claro, somemos o lance de Emerson aos 44 minutos, fora da área, citado anteriormente, como erro técnico, junto a uma cama-de-gato cavada por Neymar: aos 34 minutos, A bola vem alta, Castan e Neymar na disputa dela, Neymar abdica de pular e pratica uma cama-de-gato. O árbitro entende que Castan comete carga em Neymar ao pular e dá a falta. Por reclamação da falta inexistente, Castán leva amarelo. Errou tecnicamente ao interpretar dessa forma, pois Castán pulou e foi desequilibrado por Neymar que abaixa, não existindo a carga.
Um lance reclamado por Ganso, ao final do primeiro tempo, foi um suposto pênalti de Castán, numa bola que teria sido desviada. Acertou o árbitro ao não marcar, pois ali Neymar cruza que bate no cotovelo do Castán. Não é pênalti, pois não existiu intenção alguma de colocar a mão na bola.
Uma polêmica mal resolvida aconteceu aos 68 minutos, com erro técnico e interpretativo: Jorge Henrique faz falta em Juan e o árbitro não dá; na sequência, Durval se enrosca com Jorge Henrique, que cai. Durval pisa em Jorge Henrique, ao meu ver, intencionalmente. O árbitro entende que não. Eu expulsaria, pois penso que poderia ter evitado o pisão.
Vale ressaltar o ótimo desempenho técnico do assistente Roberto Braatz. Acertou tudo, em especial, os impedimentos difíceis. No gol corinthiano, aos 26m, acertou em dar condição de jogo ao Emerson. Quando recebe a bola, ele está atrás do zagueiro, mas no lançamento se encontrava exatamente na mesma linha, num lance rápido. Parabéns!
POR FIM, jogadores maliciosos como Jorge Henrique, Emerson e Neymar sempre trazem dificuldade ao árbitro. Dentro das dificuldades apresentadas, o árbitro foi bem, sem influenciar no resultado. Neymar, que costuma dar trabalho ao cavar / simular / sofrer muitas faltas na partida, não conseguiu fazer isso, nem entrar com frequência na área, minimizando o trabalho do árbitro naquela área.
E eu que achava que o Tite montaria um ferrolho… ledo engano! Esquema ofensivo, inteligente e com time coeso…