O tempo de bola rolando no Campeonato Paulista é algo para se discutir. Veja só: se deseja que tenhamos ao menos 60 minutos de jogo efetivo nas partidas (pois uma das propostas da FIFA de mudança de regra é de 2 tempos de 30 minutos com cronômetro parando a cada saída de bola).
Mas afinal… quem fica cronometrando? Você já viu um “cronometrista em campo”? De fato, pela dinâmica do jogo, não é possível nem ao árbitro, nem ao 4º árbitro. É verdadeiramente “chute”!
Peguei alguns jogos das últimas 4 rodadas da Primeira Fase (rodadas 9, 10, 11 e 12) e a rodada das quartas-de-final + Troféu Independência (rodada 13). E veja cada número “redondo”, coincidente, e em muitos momentos, improváveis que são anotados na súmula (na lista abaixo, marcando tempo total de jogo, e entre parênteses, o 1º tempo + 2º tempo):
60’ (29 + 31) Corinthians x Santo André (Rodada 12)
60’ (30 + 30) Corinthians x Ituano (Rodada 13)
60’ (30 + 30) Santos x Corinthians (Rodada 11)
61’ (31 + 30) Água Santa x Red Bull Bragantino (Rodada 9)
61’ (31 + 30) Red Bull Bragantino x Ituano (Rodada 11)
61’ (31 + 30) Ituano x Santo André (Rodada 10)
61’ (31 + 30) Ituano x Santos (Rodada 12)
61’ (31 + 30) Palmerias x Ferroviaria (Rodada 11)
61’ (32 + 29) Guarani x Portuguesa (Rodada 13)
62’ (31 + 31) São Paulo x São Bernardo (Rodada 11)
62’ (32 + 30) Santo André x Inter Limeira (Rodada 13)
62’ (33 + 29) Internacional x Água Santa (Rodada 10)
63’ (32 + 31) Santo André x Mirassol (Rodada 11)
63’ (33 + 30) São Bento x Bragantino (Rodada 12)
63’ (33 + 30) São Paulo x Água Santa (Rodada 13)
64’ (33 + 31) Santos x Portuguesa (Rodada 10)
64’ (33 + 31) Guarani x Palmeiras (Rodada 12)
64’ (34 + 30) Palmeiras x Bragantino (Rodada 10)
64’ (34 + 30) Ferroviária x Internacional (Rodada 12)
65’ (33 + 32) Corinthians x Palmeiras (Rodada 9)
65’ (34 + 31) Corinthians x Mirassol (Rodada 10)
67’ (35 + 32) Palmeiras x São Bernardo (Rodada 13)
69’ (35 + 34) Portuguesa x São Bento (Rodada 11)
69’ (36 + 33) Botafogo x São Paulo (Rodada 12)
72’ (37 + 35) São Paulo x Internacional (Rodada 9)
Oiti Cipriani, ex-analista de arbitragem da CBF / FPF e atualmente comentarista de arbitragem no site 3VV (coluna Osservatorio Arbitrale), chamou a atenção para esses números que pareciam não corresponder com a sensação vista em campo. E na partida Palmeiras x São Bernardo, dedicou-se a fazer a cronometragem. Repare: o total de tempo dessa partida foi de 67 minutos, sendo 35’00 no 1º tempo e 32’00” no 2º tempo, segundo a súmula. No trabalho dele de cronometragem, o total (pasmem) foi de 52 minutos e 31 segundos, sendo 23’22” no 1º tempo e 29’08” no 2º tempo. Quase 15 minutos de diferença!
A reportagem dele está em: https://3vv.com.br/novo/paulista-23-sep-1×0-sbc-analise-da-arbitragem/?fbclid=IwAR1p1NezGX3-ASKckrzTBLCxgm__-Q3i3nLoeJOVtKSowSl_LhtfI0HGMYM
A pergunta é: no final do torneio, quando se fechar os números da arbitragem, exaltar-se-á a “excelência do tempo de bola rolando” do Paulistão 2023 com números irreais?
Convido a qualquer amigo à seguinte tarefa: no próximo jogo, cronometre-se o tempo de bola rolando, e posteriormente confira o que estiver na súmula (provavelmente, em números redondos acima de 60 minutos).
Rafael
Em princípio obrigado pelos crédito. Fiz também uma matéria sobre o assunto em minha coluna no site http://www.3vv.com.br. Na coluna https://3vv.com.br/novo/tempo-de-bola-no-paulistao-23-como-melhorar-o-controle/ praticamente comorovamos a falácia destes números. No jogo Palmeiras x RBB foi relatado 64 minutos e minha cronometragem mais acurada deu 52. No jogo Palmeiras x Ferroviária, foi anotado na súmula 61 minutos e na minha cronometragem deu 64 minutos. Isto de bola em movimento. Isto comprova que o tempo anotado na súmula obedece um padrão que compreende o espaço de 60 a 65 minutos, com pouquíssimos picos para cima ou para baixo. Fiz a pergunta na matéria acima linkada, que o responsável por isto é o quarto árbitro, que acumula as funções de marcar tempo de bola rolando, número de faltas por equipe, fazer substituição, controlar bancos (com verdadeiros freis franciscanos nos bancos) e ainda amiúde auxiliar o árbitro em decisões fora das vistas dele e de seus auxiliares. A pergunta é, o que fazem os aspones em número de 14 na lista de funções, eliminando os 5 de campo e 2 na sala do VAR, e o analista, que fica bem casa vendo a TV, o que fazem os outros 6? Não poderia fazer estas funções e desonerar o quarto árbitro? A se pensar na estrutura montada em cada jogo.
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