Na partida amistosa entre Brasil 3 X 4 Argentina, o mexicano Jair Marrufo ficou devendo à boa safra dos árbitros do México, bem aproveitados pela Concacaf nos últimos tempos. Quando o jogo foi fácil de se apitar, ele foi bem. Bastou os ânimos se animarem um pouco mais, e ele sentiu a pressão, tecnicamente falando.
Vamos lá: a partida começou com um erro primário logo aos 30 segundos. Gago pula para dividir uma bola que vem pelo alto com Neymar. Ambos caem e Neymar pede a falta inexistente. Mas o árbitro interpreta “cama-de-gato” do argentino. Falta pró-Brasil que não existiu. Cartão de apresentação ruim do juizão… Neymar cavou e o juizão entrou.
Quer outro lance entre Neymar X Gago? No 10º minuto, o argentino dá um tranco legal no brasileiro, que cai. Se o Tranco é legal, nada a marcar. Acertou o árbitro. Mas Neymar pediu a falta.
Aos 11 minutos, Novamente Gago X Neymar (3º confronto): o argentino abandona a jogada e vai no corpo do brasileiro. Falta temerária, que valeu o primeiro cartão amarelo. Acertou o árbitro.
Depois do cartão, trocou-se o marcador de Neymar. Será que se Gago permanecesse na marcação, terminaria o jogo?
Com 12 minutos, Neymar infernizava: após uma sequência de dribles, procurou o corpo do zagueiro adevrsário. Foi nítido que no momento derradeiro da finta, tentou cavar a falta, driblando em cima do adversário, ao invés de evitá-lo. Não precisava fazer isso.
Até esse primeiro terço do primeiro tempo, Neymar infernizou. Mas se procurasse ficar em pé não seria melhor?
Um erro grosseiro ocorreu aos 16 minutos: Hulk ganha a disputa de bola do adversário com um tranco legal, o árbitro deixa o jogo seguir, mas o bandeira assinala a infração. Errou.
Aos 22 minutos, no gol brasileiro de Rômulo, tudo legal. A Argentina faz linha burra, mas apesar do tronco de Rômulo estar à frente dos troncos dos zagueiros argentinos, há um pé portenho que dá condição. Como o conceito de “mesma linha” se refere às partes jogáveis dos atacantes em relação aos defensores, o gol é válido. O erro foi da Argentina ao fazer a linha de impedimento de maneira mal feita.
Tivemos dois lances de pênaltis reclamados: aos 26 minutos, um zagueiro argentino dá um tranco em Neymar de maneira legal. Embora Neymar tenha caído, não foi nada, acertou o árbitro. Mas aos 29 minutos, o mesmo zagueiro empurra Neymar com o braço esquerdo, que se desequilibra e tropeça sozinho. O empurrão é pênalti, não marcado. Errou o árbitro.
No segundo tempo, a catimba apareceu e o árbitro tratou de segurar o jogo. Nos lances de disputa de bola mais ríspidos, começou a marcar faltinhas, a fim de “picar o jogo”. Isso não agrada aos amantes da boa arbitragem, acaba demonstrando uma certa insegurança do árbitro. Mesmo com essa deficiência técnica, disciplinarmente o árbitro se manteve bem criterioso no segundo tempo, em especial ao lance mais forte de Mascherano em Neymar.
Aos 81 minutos, um lance curioso, irregular e que o árbitro não viu: Messi, quando iria cobrar uma falta, mudou o local da cobrança para trás. E isso não pode! Não importa se trouxe a bola para trás, a bola deve ser colocada no local da infração. Portanto, não pode nem pra frente, nem pra trás (e não vale alegar que isso não beneficia ou prejudica; importa é que a falta foi cobrada em local errado – é regra!).
No final da partida, Marcelo tenta agredir Lavezzi, que revida. Ambos expulsos. Correto.
Me chamou a atenção um detalhe: Neymar chamou a atenção pelas faltas sofridas e as que ele “tentou sofrer”. Messi chamou a atenção pelos gols. Os dois são craques, mas o hermano é mais decisivo, discreto e menos firulento que o brazuca. E não cai, nem reclama de falta. Só joga bola (e muito!).
Enfim, árbitro regular para uma partida bacana de se assistir. Pena, para os brasileiros, que o resultado foi adverso.
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Abaixo, o lance-a-lance da partida:
· 35 segundos: dividida normal entre o 5 da argentina, Gago e Neymar. Nada. O juizão dá a falta… (cavou na inteligência)
· 3 minutos: Neymar chama o jogo e Messi não pegou na bola. Pegará na hora certa?
· 10 minutos: brasileiro perde a bola para argentino através de um tranco. Jogada normal.
· 11 minutos: Neymar sofre falta de Gago, que vai no corpo dele. Cartão Amarelo bem aplicado. (apanhou no lance)
· 12 minutos: após bela sequência de dribles, Neymar tenta se enfiar “por dentro do corpo” do zagueiro. Aí não dá. Perdeu a bola e caiu (tentou simular).
· 16 minutos: tranco de Hulk, que domina a bola, mas bandeira levanta o instrumento. Errou, é tranco legal.
· 20 minutos: Neymar faz bela jogada, toca-recebe, mas fica em posição de impedimento. Se fosse o Luís Fabiano, já tinha reclamado e cavado um amarelo.
· 22 minutos: Brasil cobra falta, Argentina faz linha burra e erra; Rômulo, que estava em posição legal na hora da cobrança, recebe sozinho e faz 1X0.
· 26 minutos: zagueiro argentino dá tranco legal em Neymar na disputa de bola, que cai. Não foi pênalti.
· 29 minutos: zagueiro argentino empurra Neymar com o braço esquerdo na corrida. Mesmo se mantendo de pé com a bola, não há vantagem percebida. Errou (na sequência, Neymar tropeça sozinho).
· 34 minutos: eu disse aos 3 minutos- “Neymar chama o jogo e Messi não pegou na bola. Pegará na hora certa”. RESPOSTA: Pegou…
· 37 minutos: Rafael não consegue segurar adversário e o segura, evitando contra-ataque. Amarelo bem aplicado.
· 38 minutos: algum zagueiro brasileiro agarrou sem bola um argentino. Galvão deixou passar batido e não houve replay. Era para amarelo.
· 48 minutos: Higuain, infantilmente, reclama da marcação do árbitro. Amarelo bem aplicado.
· 50 minutos: Higuain disputa a bola com Juan. Normal. Mas o árbitro marca falta de ataque. Não foi nada. Errou.
· 58 minutos: Mascherano faz falta dura em Neymar. Cartão Amarelo bem aplicado.
· 61 minutos: Sandro pega a bola e argentino cai. Não foi nada. Juizão sentiu a pressão…
· 70 minutos: no primeiro lance, Pato empurra o adversário com as duas mãos. Apelou. Falta bem marcada.
· 71 minutos: Gol de Hulk, tudo ok, legal.
· 73 minutos: Gol da argentina. Tb legal.
· 81 minutos: falta de Danilo em Messi, na entrada da área. Amarelo bem aplicado.
· Na cobrança de falta, Messi muda a bola para um local mais para trás, distanciando da barreira. Não pode mudar nem pra frente, nem pra trás.
· 84 minutos: Messi faz um golaço. Caramba.
· 90 minutos: Marcelo agride Lavezzi, que chuta, bate e puxa o cabelo de Marcelo. Expulsos, corretamente.
