– Neymar está doente por conta dos outros ou é vítima de si próprio…?

O tema saúde mental me preocupa demais. Por questões pessoais e profissionais envolvendo pessoas queridas, tal assunto me é caro e, sempre que possível, gosto de abordar questões do gênero (como depressão, pânico, s.p.a. e similares).

Rico ou Pobre, vítima de si mesmo ou por situação causada por outrém, tais desequilíbrios emocionais não escolhem cor ou raça. E tudo isso para falar de Neymar! Thierry Henry (ex-jogador da Seleção da França e ídolo do Arsenal, hoje comentarista) abordou dias atrás que Neymar demonstra estar precisando de ajuda pelos sinais que demonstra. E não tem certa razão?

Calma, antes de criticar o jogador (que faz por merecer inúmeras críticas) é preciso entender: ele não é igual à maioria de nós! Da pobreza à riqueza rápida, talentoso, com muita gente o colocando em um altar antes mesmo de qualquer ato que valesse tal reconhecimento. Excelente e habilidoso, cresceu mimado (René Simões alertou dos perigos de não segurar o salto do garoto que estava se tornando altíssimo, mas poucos levaram a sério). Mas o “cresceu” é relativo, pois não amadureceu.

Cobrado por protagonismo em todo jogo, assumiu responsabilidades que não era capaz: por exemplo, o de ser líder e exemplo de comportamento.

Líder de quê?

Neymar seria outro se alguém o alertasse sobre questões como respeito, responsabilidade e profissionalismo. Adolescente com holofotes, não pode ir ao shopping “tomar sorvete” ou jogar “video-game” como a maioria dos meninos da sua idade. E isso faz mal… (embora, a primeira consideração que se faça é: “ele ganhou e ganha milhões (quem sabe alcançou a marca de bilhão em faturamento acumulado), e isso é um ônus de quem é uma celebridade”.

Me parece que ele é um “Peter Pan dos dias atuais” (o menino da terra encantada do Reino do Nunca, que se recusa a crescer e que quer ser divertir, especialmente fazendo troça ao Capitão Gancho). O problema é: na vida real, ele não está num mundo imaginário nem há capitães ganchos.

Neymar: molecão, folgado, festeiro (que ontem cavou um cartão para estar suspenso na próxima rodada e não jogar em La Paz, podendo curtir as festividades do Brasil em folga – e qualquer árbitro já cansou de dar cartões como ele recebeu ontem, sabendo que é uma forma “leve” de ser advertido, sem machucar ninguém nem correr o risco de ser expulso). Mas esse rapaz, pessimamente orientado a respeito dos valores sociais e levado a crer que ele tem razão em tudo (no documentário da Netflix, confessou que não está preocupado com as críticas – e isso é péssimo para qualquer ser humano, pois elas nos ajudam a enxergar nossos erros, se bem digeridas) ou superestimado por outros (como seu agente Vágner Ribeiro, que insiste em dizer aos quatro cantos que Neymar é melhor do que Pelé), precisa se reinventar como pessoa e como profissional!

  • Como pessoa (quem sou eu para escrever isso sobre ele), a fim de ser mais humilde aos que verdadeiramente querem lhe dar um carinhoso puxão de orelha, e não estar apenas com quem lhe presta galanteios ou elogios. Precisa abandonar o mundo dos afagos e da bajulação.
  • Como profissional, saber lidar com as contusões que estão lhe prejudicando e com as regras formais e informais que um jogador de futebol deve se submeter, como uma rotina séria de privações e cuidados (eu sei, manter o condicionamento físico “em dia” requer abdicar de festas e farras, alcoólicas e sexuais, e que quem tem muito dinheiro e acesso à elas, não vai abrir mão pois tornaram-se o seu dia-a-dia).

Quando Neymar aparece no Carnaval se recuperando de contusão, estando de muleta num camarote, ele põe o “bumbum na janela” para ser criticado. Não tem ninguém para lhe dar um “toque”?

Parece que o Menino Ney corre o mesmo risco de Ronaldinho Gaúcho, que igualmente se tornou astro desde cedo e não viveu a infância e a juventude: cansar do mundo profissional do futebol.

Não me surpreenderia se Neymar não jogasse mais pela Seleção Brasileira. Tite não vai tirá-lo do time, nem deixá-lo de o escalar. Mas a irritabilidade de Neymar, as cobranças que vem sofrendo (a maioria justas, algumas injustas) e tudo o que está acontecendo com sua condição física, mostram que ele precisa tomar novos ares! E eles são sociais e futebolísticos.

Na Inglaterra, se especulou que o novo-rico Newcastle poderia na próxima janela tentar sua contratação. Ótimo se isso acontecer, pois será recomeçar do zero e um novo fator motivacional. O problema é que seu amigos migrarão de país com ele (eu não entendo como alguém pode ter ‘parças’ que orbitam sobre ele e que são remunerados… amizade paga?).

Com todo dinheiro que tem, se o seu pai ou seu staff forem realmente competentes, devem convencer Neymar a procurar ajuda psiquiátrica, juntamente com psicológica (se você torceu o nariz nesse parágrafo, não deve saber qual é o real trabalho desses dois profissionais).

Neymar está triste? Não digo isso. Me aparenta, realmente, doente – sem ele estar sabendo /percebendo.

Aqui, entra uma máxima popular: “você deve estar preparado para o sucesso, tanto para o bônus quanto para o ônus”. E o jogador brasileiro nunca esteve verdadeiramente bem preparado (é o que se percebe).

O jogador Douglas Souza abandonou a Seleção de Vôlei para tratar da saúde mental. Simone Biles, a mega campeã ginasta americana, o fez em meio a uma Olimpíada! Qual a vergonha de Neymar fazer o mesmo?

Pobre menino rico… vítima de si mesmo?

Neymar sofreu e converteu pênalti na goleada da seleção brasileira por 4 a 0 sobre o Chile - Lucas Figueiredo/CBF

Imagem: Lucas Figueiredo (CBF), extraído de https://www.uol.com.br/esporte/futebol/ultimas-noticias/2022/03/25/neymar-diz-que-sente-prazer-na-selecao-e-entrega-coutinho-sobre-penalti.htm).

Deixe um comentário

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.