Antes de falar sobre o jogo, uma breve análise sobre a guerra dos torcedores organizados: De que adianta o Corinthians promover campanha contra motoristas embriagados e o Palmeiras homenagear Chico Anísio, se lá fora do estádio as suas torcidas se matam e os dirigentes dessas equipes nada fazem? Vestir a camisa por uma causa é fácil. Praticar a verdadeira ação de responsabilidade social é outra história.
Vamos ao jogo:
Jogo cansativo para a arbitragem. Desgastante, e explico: a atenção exigida e a tensão a ser disfarçada é grande.
Atenção pelas dificuldades que um importante jogo como esse ocasionam. Tensão pelo cansaço emocional e pela preocupação para que todos vejam nele o mais centrado, tranquilo e equilibrado do jogo.
A partida de hoje contrariou o que um torcedor apreciador de futebol-arte gostaria de ver: não tivemos lances de beleza, tampouco de “jogo limpo”. Digo isso pelo excessivo número de faltas na partida: no 1º tempo, equilíbrio de faltas cometidas e absurdas 24 infrações em 45 minutos. No segundo tempo, o número de infrações praticadas pelo Palmeiras disparou! Certamente, tivemos muito mais tempo de bola parada do que de bola rolando. Em 3 faltas do jogo, demorou-se praticamente 2 minutos para a cobrança de cada uma delas! Numa delas, aos 43m, Valdívia recebeu uma falta boba e o jogo foi retomado aos 45m15s. Muita demora… Em outra situação, aos 63m, ocorreram 3 faltas no mesmo minuto de jogo!
No lance polêmico de Liedson aos 23 minutos, impedido, ele prossegue a jogada, o bandeira atrasa um pouco a marcação, e o corinthiano, com o pé erguido, atinge o goleiro palmeirense Deola. Eu entendi como lance imprudente (onde não se quer fazer a falta mas acaba fazendo, sem aplicação de cartão amarelo), apesar de plasticamente a imagem ser violenta. O árbitro entendeu como ação temerária (quando o atleta sabe que pode fazer a falta e corre o risco, com aplicação de cartão amarelo), e tal interpretação não seria um exagero. O que não poderia era expulsar, como reclamado pelo Corinthians, pois aí seria força excessiva (quis atingir o adversário propositalmente, levando a uma possível lesão). E vale o lembrete: ali, não foi falta, pois o jogo já estava parado (falta só existe com a bola rolando). Reiniciou-se com o tiro livre indireto pelo motivo de Liedson estar impedido. Nestas situações, vale a sanção disciplinar, mas não se pune tecnicamente.
No tumulto citado acima, Cicinho e Jorge Henrique se empurraram, fora da visão da arbitragem, e deveriam ter recebido o Amarelo.
Em suma: Marcelo Rogério esteve muito bem tecnicamente, e pelo número absurdamente alto de faltas, deve ter quebrado o recorde de infrações corretamente marcadas. Disciplinarmente, aplicou bem os cartões amarelos nas faltas cometidas, e soube adverter verbalmente quando necessário– porém, a desejar em 3 situações de indisciplina: A intimidação de Ralph após faltas cometidas (reclamou em excesso, além de faltas reincidentes); simulação de Valdívia (em determinado lance, abdicou do jogo para cavar faltas a Assunção) e uso das mãos de Emerson em disputa de bola empurrando Cicinho (onde Cicinho simulou ter recebido um golpe de MMA, talvez o motivo de Emerson não ter sido punido)- ali, deveriam ter levado o amarelo. Fisicamente, esteve muito bem no jogo.
Àqueles que gostam de aprender sobre arbitragem, uma observação bacana: aos 63 minutos, num dos raros lances de boa qualidade técnica da partida, o Corinthians fez uma rápida troca de passes no campo de defesa do Palmeiras, virando o jogo com muita constância. O árbitro, posicionando-se bem, esquivou-se perfeitamente de possíveis trombadas e se recolocava muito bem! Uma aula aos jovens árbitros sobre noção de espaço em campo.
E você, o que achou do jogo? Deixe seu comentário:
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Abaixo, os comentários lance-a-lance realizados durante a partida no Twitter (twitter.com/rafaelporcari):
4segundos – primeira falta. O que esperaremos desse jogo? Muita pegada, é claro.
2minutos – pelas demoras, não tivemos 30 seg de bola rolando. As broncas nos agarra-agarra mostra que os AAA estão atentos.
2m30s – segunda falta. A média é boa: 1 falta por minuto.
5m – jogo amarradíssimo, quando começarão a jogar?
6m – escanteio para o Corinthians, mas nem AAA, nem bandeira e nem árbitro viram o resvaçlão em Barcos.
7m- nova falta, bem marcada. Nada de violência, mas de marcação anti-jogo.
8m – lance difícil do ataque palmeirense, corinthianos pedem impedimento de Barcos, mas a bandeira Tatiane Sacilotti acerta.
10m- Castan empurra Valdívia. Nova falta. Jogo chato pra jogador e árbitro.
11m – Depois de quase 1 minuto para se cobrar a falta, a barreira anda e o atento Marcelo Rogério chama a atenção. Acertou.
12m – falta no meio campo para o Corinthians. O jogo não rende! A bola rola um pouquinho, fazem falta e fica meia hora parado.
13m – enésima falta. Se eu sou torcedor, devolvo o ingresso.
14m – idem ao 13º, idem ao 12º, idem ao 10º… nova falta!
15m – adivinha? Nova falta, agora me Emerson. Se reincidência é amarelo, o que vemos é anti-jogo puro.
16m- falta de novo. Ficou repetitivo.
17m – no primeiro lance de futebol mesmo, Marcos Assunção chuta e a bola desvia. Gol legal, matou o goleiro.
Marcos Assunção imitando o Prof Raimundo (e o salário, ó…) tudo bem. Mas e o Fred ontem? Ganha 700 mil por mês e reclama do salário? rsrs
18m20s – voltamos à normalidade. Falta. Só é cobrada aos 19m20s. De novo Marcelo Rogério chama a atenção na área. Trauma de SCCP X Linense?
19m50s – outra falta!
22m – Estamos quebrando um recorde. Quase 2 minutos sem falta!
23m – Liedson impedido, tenta o domínio da bola, ela escapa e a sola atinge no alto o peito do goleiro Deola. Lance plasticamente feio, mas nada de violência explícita. Falta por imprudência. Tumulto, e na sequência, Jorge Henrique e Cicinho se estranham e a arbitragem não vê.
Cartão amarelo para Jorge Henrique (eu não aplicaria), e nada para Jorge Henrique e Cicinho (mereciam amarelo).
25m- jogo recomeça com falta (pra variar)
26m – é rotina: falta.
28m – falta normal de ataque do Barcos, Castán fica bravo mas não é pra tanto.
30m – estou cansando de escrever: foi falta. E foi cobrada somente aos 30m41seg…
33m – falta para o Corinthians, mas o árbitro observa ótima vantagem e manda seguir.
35m – falta dura de Chicão em Barcos. Cartão amarelo bem aplicado. Nem visou a bola, era para parar o lance.
Lembra da falta aos 35m? Foi cobrada aos 37m05seg! incrível, não tem jogo.
39m – no ataque, Emerson empurra o peito de Cicinho, que põe a mão no rosto simulando ter recebido um golpe de MMA. Cara-de-pau…
40m – nova falta, agora em Jorge Henrique. No chão, JH tenta devolver. Árbitro não vê o primeiro lance e corrige corretamente a marcação.
41m – falta de Márcio Araújo em Danilo. Jogo horrível.
42m – replay: idêntica falta de Márcio Araújo em Danilo. Acertou ao aplicar amarelo.
43m – falta de Paulinho em Valdívia. O chileno poderia continuar o lance, mas abdicou para ter o direito de bater falta. Acertou o árbitro.
Lembra da falta aos 43m? Foi cobrada aos 45m15s!
47m – Emerson cai na área, ameaça reclamar e se segura. Se pede pênalti, tem que dar amarelo por simulação.
48m – Ufa! A tortura acabou, jogo feio, faltoso, onde a bola não rolou.
Se não errei nenhuma marcação: 24 faltas em 45 minutos. Muita demora, a bola não rola. Várias faltas tiveram quase 2 minutos de demora para serem cobradas! Isso é futebol?
Árbitro está bem na partida: não demonstra nervosismo, é senhor do jogo. Corre e se posiciona bem. E, espertamente, não faz questão de acelerar as cobranças de falta. Prefere que os ânimos esfriem.
O problema agora é: ter que assistir ao segundo tempo… Sofrível. Não se tem fair play, é a tática do anti-jogo. Sem violência, mas não tem bola rolando.
Começa o segundo tempo. Com 46m, falta de Barcos em Edenilson. Repetiremos o primeiro tempo faltoso?
48m- falta pró-Corinthians, que resulta no gol de Paulinho.
50m – Outra falta, Marcelo Rogério adverte o faltoso verbalmente. E nessa nova falta, nasce o segundo gol do Corinthians, de desvio palmeirense. Gol contra de Márcio Araújo.
Bom, já que o Palmeiras está inferiorizado no placar, é de se esperar que o Felipão comece a cornetar o árbitro.
54m – nova falta para o Corinthians. Perceberam que o Palmeiras é líder absoluto em faltas nesse 2º tempo?
55m – leitura labial: Marcos Assunção nitidamente encarou Chicão, chamou-o por nomes deselegantes e chamou pra briga na rua! Ô louco… O que será que ele fez?
57m – Palmeiras comete outra falta normal, de jogo. Mas pela enésima reincidência em falta, só tem 1 amarelo. Incrível, né?
59m – Amadorismo do futebol brasileiro: gandula (que é do Corinthians) retarda propositalmente o jogo. Isso ainda existe…
Lembram de um gol olímpico do Roberto Carlos contra a Portuguesa? A favor, os gandulas são rapidíssimos na reposição.
61m: falta pró-Palmeiras 2 X no mesmo minuto. Na cobrança, João Vitor fez outra. Foram 3 faltas num mesmo minuto.
Só pra lembrar: cadê a bombinha do Felipão, prometida no último sábado? Ele disse que denunciaria algo contra a arbitragem.
Aos 63m, numa troca rápida de passes do SCCP, fica claro o ótimo posicionamento do Marcelo Rogério. Ele se esquiva muito bem! Parabéns.
65m – Henrique deu um pontapé (com gosto) em Jorge Henrique. Árbitro deu a vantagem e posteriormente o Amarelo. Acertou de novo.
66m: falta pró-Palmeiras na frente do Scolari. Adivinha se não pediu cartão?
69m: Palmeiras no ataque, Valdívia cai no lance, dentro da área. Segue o jogo.
71m: Marcos Assunção desceu o sarrafo em Danilo e levou amarelo. Acertou.
73m: Falta de Henrique em Paulinho. Jogadores pedem novo amarelo (claro, querem vermelho). Nada, acertou o árbitro.
77m: jogador do Palmeiras recua de peito a Deola, e a torcida pede recuo de bola. De peito, vale.
77m: outra falta no jogo. Apesar de tantas, Marcelo Rogério acertou todas. Deve ser o maior número de faltas corretas marcadas numa partida.
80m: Ricardo Bueno faz falta dura e recebe Amarelo. Acertou.
82m: nova falta do Palmeiras. Caramba!
87m: falta ao Palmeiras, bem marcada. Momentos decisivos.
89m: falta dura em Douglas, bem marcada. Partida sem polêmicas, não?
92 e 93m: adivinha o que vou escrever? Falta, lógico!
93m: última falta do jogo? Saiu um amarelinho, não consegui visualizar. Na sequencia, fim de jogo.