Na semana passada, uma polêmica desnecessária criada por via indireta pelo jornalista Milton Neves. Na abertura de uma das jornadas esportivas da Rádio Bandeirantes, Milton acreditou na bravata do presidente bugrino Horley Senna, que declarou estar fechando o Guarani FC no último dia 27. Não fechou, e o time campineiro ainda venceu a Tombense fora de casa pela série C. A reboque, divulgou a “notícia-lamento” de que o “Paulista de Jundiaí, Paulista Campeão da Copa do Brasil de Vágner Mancini, centenário time da Terra da Uva” estava fechando a porta pois os investidores não aguentavam mais colocar dinheiro na equipe da rica cidade que não ajuda.
De onde ele tirou tal fato?
Claro, torcedores do Galo da Serra do Japi se revoltaram, e depois de críticas nas redes sociais do próprio Milton, ele se manifestou dizendo que “o Paulista poderia sim fechar” e citou uma matéria do Jornal Jundiaí Notícias.
Ora, “poder fechar” é diferente de “vai fechar”. E aí a gente percebe o sensacionalismo barato versus o bom jornalismo.
O “Jundiaí Notícias” nada fez de errado: entrevistou o Pitico, Luiz Roberto Raimundo, um dos vice-presidentes do Paulista, que fez um fiel e transparente relato da pindaíba que o clube se encontrava e as dificuldades atuais que o time tem.
Aí veio o site Futebol Interior (que tem sido acusado de cobrar dinheiro de treinadores e clubes para falar bem) com uma matéria apocalíptica do Galo. Antes de qualquer manifestação de protesto, o jornalista Heitor Freddo escreveu sabiamente as correções e verdades sobre algumas bobagens escritas pelo FI (visite o blog do Heitor Freddo e esse ótimo texto em: http://heitorfreddo.wordpress.com/2015/06/26/bomba-paulista-de-jundiai-esta-vivo/).
Enfim: mesmo capengando, o Paulista luta, vive e sobrevive. E não é fácil um time de 106 anos se manter! A própria riqueza de Jundiaí e suas indústrias fortes não colaboram. Sim, você NÃO leu errado: Jundiaí possui outros lazeres, parques, shoppings, cidades vizinhas, recantos de veraneios e atrações diversas que tiram público do estádio Jayme Cintra. A falta de uma equipe competitiva idem, já que no Brasil, quando o time está bem, a torcida vai; quando agoniza, o torcedor foge.
Sem bom time, pouco valeu reduzir o preço do ingresso, promover a entrada grátis de mulheres e crianças ou ainda a realização de preliminares com as equipes sub 11 e sub 13. É um caminho, mas muito pouco!
Dificilmente, nos dias atuais, haverá investidores para equipes que disputam torneios de 3 meses como o Paulistão. A série D (na qual o Paulista não está) também é de pouca duração. A Copa Paulista, promovida pela FPF, não é atrativa e composta de apenas 19 equipes, que jogam a competição com times de reservas, juniores ou de empresários que as arrendam.
Mais do que tudo isso: o produto “futebol” tem sido ruim de se vender no Brasil! A CBF está desacreditada e envolta nos escândalos de corrupção; a Seleção Brasileira decepciona; os grandes times de futebol do Brasil perdem mercado para os estrangeiros – é só observar o sem-número de crianças com camisas do Barcelona, Chelsea, PSG…
Como nem toda torcida do planeta Terra tem a “sorte” de um bilionário tailandês comprá-lo (como o Milan, vendido a Bee Taechaubol), ou por endinheirados árabes do petróleo (como o Manchester City ou o PSG), ou ainda por mafiosos russos (como o Chelsea de Abramovich), a torcida do Paulista (que no estádio e nas redes sociais são quase sempre os mesmos apaixonados e abnegados que lutam pela sua sobrevivência) espera ansiosamente que a comunidade jundiaiense abrace o time. O projeto “Novo Paulista” tem feito isso, com muita dedicação e esforço, buscando destacar a identidade do time com a cidade, instigando as forças vivas de Jundiaí a ajudarem na reconstrução do time.
Dará certo?
Tomara que sim, e se não der, reforço o temor do Pitico, relatado no Jundiaí Notícias: “será a hora de passar o cadeado”, como ele mesmo disse! Embora, sejamos justos: o trabalho tem sido forte e a esperança não morre: vejam a ótima matéria do Estadão (“A Penúria do Futebol do Interior de São Paulo”), onde o Diretor de Marketing do Paulista, Jurandir Segli Jr, mostrou que com trabalho e criatividade pode se ter uma luz!
Que os clubes do interior consigam reverter a triste situação em que se encontram!

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