Qualquer árbitro de futebol que se atentou às declarações do Procurador da Justiça Desportiva Paulo Schmidt, percebeu que ele simplesmente disse algo que revolucionaria o mundo do futebol. Para ele:
“Não há elemento na regra ou no código da Fifa em que se proíba o quarto-árbitro de ter auxílio externo. Procurei e não encontrei nenhuma referência.”
Sua fala se refere a Regra 5 e remete à confusão entre Internacional X Palmeiras, ocorrida no último sábado e que ganhou grande repercussão. Pela interpretação pessoal de Schmidt, a Regra do Jogo veta o uso de auxílio externo ao árbitro do jogo, mas não ao quarto-árbitro!
Ora, por essa lógica, as partidas de futebol disputadas até agora deixaram de usar a tecnologia por ignorância mundial dos árbitros, de suas comissões de arbitragem, dos jogadores de futebol e da própria FIFA, já que a Internacional Board (a entidade que é a gestora das Regras) já permitia influência de fora, como a televisiva.
É de se espantar que uma autoridade como ele defenda que, na teoria, o árbitro não pode ver uma imagem e tomar uma decisão durante o jogo; mas se a imagem for vista pelo quarto-árbitro e este lhe informar, aí pode!
Mas o que diz a Regra?
A regra diz que se o árbitro tomou uma decisão, ele só poderá modifica-la (desde que não tenha reiniciado o jogo), se for avisado por um dos bandeiras ou quarto-árbitro (e dos árbitros adicionais de meta, quando eles existirem, pois estão em testes oficiais da FIFA).
Portanto, o árbitro só pode tomar a decisão com as imagens do que viu no momento do lance ou com o auxílio de alguém do sexteto de arbitragem. Não vale informação de delegado, observador, assessor, membro de Comissão de Arbitragem, nem de qualquer meio eletrônico, já que a Regra não cita a permissão do uso desses elementos/ meios tecnológicos. A Regra apenas diz “o que pode”! Portanto, qualquer outra forma de influenciar a decisão do árbitro, “não pode”!
Tal texto está no original do Livro de Regras do Jogo FIFA, pg 25:
“The referee may only change a decision on realising that it is incorrect or, at his discretion, on the advice of an assistant referee or the fourth official, provided that he has not restarted play or terminated the match”.
Se preferir, a tradução oficial do Livro fornecido pela CBF, pg 32:
“O árbitro somente poderá modificar uma decisão se perceber que a mesma é incorreta ou, a seu critério, conforme uma indicação de um árbitro assistente ou do quarto árbitro, sempre que ainda não tiver reiniciado o jogo ou terminado a partida”.
Ora, se o árbitro, que é autoridade principal, só pode marcar o que viu sem ajuda externa, por quê o quarto-árbitro poderia ter um facilitador a mais? Ele também não pode ter acesso a consulta externa, como ao delegado do jogo ou do uso de TV, assim como o árbitro. E caso pudesse fazer uso de imagem de TV, seria da emissora A, da B ou da C? E se a partida não tivesse transmissão televisiva?
Por todos esse motivos, a equipe de arbitragem não pode usar as imagens de TV. Caso pudesse, ela seria normatizada nas regras do jogo e seria citada. Dr Paulo Schmidt, infelizmente, derrapou com os seus conhecimentos de regras de futebol nesse item.
Mas há uma irregularidade no pós-partida, importante para ser debatida: na Regra 5, temos que o árbitro:
“provides the appropriate authorities with a match report, which includes information on any disciplinary action taken against players and/or team officials and any other incidents that occurred before, during or after the match” (pg 25)
Se preferir, do livro da CBF:
“remeterá às autoridades competentes um relatório da partida, com informação sobre todas as medidas disciplinares tomadas contra jogadores e/ou funcionários oficiais das equipes e sobre qualquer outro incidente que tiver ocorrido antes, durante e depois da partida” (pg 32).
Aí vem a questão: 7 minutos de paralisação não é um incidente? Está relatado tal situação que ocorreu durante a partida Internacional X Palmeiras?
Como é de conhecimento público, não foi informado nada sobre o incidente nos documentos do jogo.
Se realmente foi o quarto-árbitro quem informou o árbitro sobre a irregularidade do gol de Barcos,obrigatoriamente ele deveria relatar o fato. Está no Livro de Regras, na Regra 5 em um capítulo especial chamado: “O Quarto-Árbitro e o Árbitro Assistente Reserva”. Lá está escrito que o quarto-árbitro:
“He assists the referee to control the match in accordance with the Laws of the Game. The referee, however, retains the authority to decide on all points connected with play (pg 57) (…) After the match, the fourth official must submit a report to the appropriate authorities on any misconduct or other incident that occurred out of the view of the referee and the assistant referees. The fourth official must advise the referee and his assistants of any report being made (pg 119)”.
Se preferir, na tradução oficial da CBF, o quarto-árbitro:
”Ajudará o árbitro a controlar a partida de acordo com as regras do jogo. O árbitro, todavia, continua com a autoridade para decidir sobre todas as ocorrências do jogo (pg 118) (…) Depois da partida, o quarto árbitro deverá apresentar um relatório às autoridades competentes sobre qualquer falta ou outro incidente que tenha ocorrido fora do campo visual do árbitro e dos árbitros assistentes. O quarto árbitro informará ao árbitro e a seus assistentes sobre a elaboração de qualquer relatório. (pg 119)”.
Se foi o quarto-árbitro quem viu a mão de Barcos, fora do campo visual do árbitro, por que não informou em documento (se foi ele quem realmente viu)?
Sobre o confuso lance de Internacional X Palmeiras, outros textos anteriores podem ser acessados em:
-Seis minutos são demais:
http://www.redebomdia.com.br/blog/detalhe/13868/Seis+minutos+sao+demais%21
-O Polêmico gol anulado em Inter-RS X Palmeiras:
http://www.redebomdia.com.br/blog/detalhe/13835/O+Polemico+Gol+anulado+em+Inter-RS+X+Palmeiras

Gostamos muito da matéria! Parabéns! Completa e muito bem elaborada!
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um atleta esta em impedimento e outro atlleta de outra equipe toca a bola para ele esta impedido
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Não é impedimento, pois não existe impedimento de bola lançada por adversário, só de companheiro. É um detalhe da regra.
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