Nesta semana, vimos o triste episódio na partida entre Santos X Atlético Mineiro, onde um atleta não conseguia ser socorrido pelo fato da ambulância não poder entrar no campo de jogo.
Ora, uma das exigências mais rigorosas das autoridades se refere às condições de socorro aos atletas, desde o trágico falecimento do jogador Serginho (São Caetano).
Desde aquele fato, a Federação Paulista de Futebol exige que seus filiados (e essa exigência vale para as competições regionais e internacionais) se adequem corretamente para que seus estádios sejam liberados para partidas de futebol. Após a vistoria oficial, a entidade dá o aval ou não.
Basicamente, a recomendação é: deve existir uma ambulância para cada 10 mil torcedores (e ao menos uma ambulância que tenha acesso para entrar e sair do campo de jogo a qualquer momento, pensando nos atletas) e que esteja obrigatoriamente equipada com um desfibrilador.
Para o início das competições, é a própria FPF quem confere as obrigatoriedades. Durante os campeonatos, é a equipe de arbitragem quem tem tal competência (motivo: o árbitro deve fazer a vistoria antes do início do jogo, ao chegar no estádio, 2 horas antes do horário da partida, para caso encontre alguma irregularidade, ter tempo de informar os responsáveis e corrigi-las).
Assim, na prática, o quarto-árbitro confere se há uma ambulância com desfibrilador e se, caso ocorra alguma emergência, possa entrar e sair do gramado (tal procedimento é necessário pois é ele quem fiscaliza se não existe modificação significativa pós vistoria da FPF que impeça os procedimentos adequados – tais como construções, novos alambrados, degraus, mudança em portões de acesso). Feito isso, comunica o árbitro, que é quem tomará qualquer decisão de começar ou não uma partida por irregularidades.
No interior do estado de SP, nas divisões de acesso, é comum que os clubes se socorram aos hospitais públicos para obtenção de ambulâncias sem custo e de desfibrilador. Também é extremamente comum que partidas atrasem por falta do veículo e até mesmo deixem de ser realizadas, por diversos motivos (a não disponibilidade do veículo; a necessidade da ambulância para emergência em hospitais do município ou até mesmo a falta de acordo entre Clubes e Secretaria de Saúde).
Outro problema é a decisão sobre o local onde a ambulância permanecerá durante a partida.Muitos estádios não tem espaço para que ela fique dentro do gramado, sendo que em algumas situações, é comum que ela fique próxima a algum portão, do lado de fora, com a chave do mesmo em poder de algum PM que fica de prontidão.
Em jogos da Primeira Divisão, esses problemas normalmente são diminutos pela importância maior do torneio e pela crença de que, se está na elite do futebol, tudo está devidamente adequado e nos conformes.
O que aconteceu na Vila Belmiro foi claro: descuido na aprovação para o início do campeonato, vista grossa da arbitragem ou relaxo na vistoria pré-jogo, além do sentimento de que “nunca acontecerá algo mais grave”.
Lamentável. É necessário acontecer algum incidente para que se dê maior atenção?
