Minha filha Marina, de quase 3 anos, adora! Mas tipicamente é um desenho bobinho para crianças de 4 anos.
Estamos falando de “My Little Pony”, um desenho inocente de pôneis femininas feito para inocentes menininhas. Entretanto…
As ‘poneizinhas” conquistaram homens adultos!
Como explicar o fato da audiência alta do Discovery Kids nos EUA para esse desenho ser composta por 85% de homens adultos, heterossexuais e com nível superior?
Extraído de: http://is.gd/EMCk4J
POR QUE MARMANJOS GOSTAM DE PÔNEIS
Uma animação infantil destinada a meninas conquistou homens adultos
Por Tônia Machado
O aniversário do paulistano Gabriel Morato teve um tema inusitado para um homem prestes a completar 32 anos: pôneis coloridos. Morato, que dividiu a festa com a mulher, Melissa, de 31, foi quem escolheu a decoração. Havia pelúcias no formato dos bichos – personagens do desenho animadoMy little pony – A amizade é mágica – e projetor para exibir os episódios. Morato é fã da animação que conta a história de seis pôneis fêmeas que, durante suas aventuras na cidade de Ponyville, mostram a importância da amizade. Sim, a animação, transmitida no Brasil desde novembro pelo canal a cabo Discovery Kids, foi criada para entreter meninas entre 4 e 6 anos. Mas acabou conquistando uma geração de homens barbados. Eles têm até nome: bronies, uma junção das palavras inglesas brother, irmão, e ponies, pôneis. Nos Estados Unidos, onde a onda dos marmanjos que gostam de pôneis começou, uma pesquisa feita pelo site Herd Census, criado por um fã, concluiu que 85% dos admiradores do desenho são homens. Eles têm, em média, 21 anos, a maioria cursou faculdade e é heterossexual. “A série trata de assuntos que muita gente já viveu”, diz Morato. “Você se reconhece nas situações e, muitas vezes, nos personagens.”
A imagem de pôneis coloridos é familiar a quem viveu a infância nas décadas de 1980 e 1990. Os pôneis de que Morato é fã são uma nova versão do desenho que fez sucesso há 25 anos na televisão e nas brincadeiras das meninas, na forma de bonecos. A animação já teve três gerações. Foi a mais recente, a quarta, lançada em 2010 nos EUA, que conquistou o público masculino. O mistério parece insondável: por que homens adultos, esse mesmo tipo que gosta de futebol e cerveja, se interessariam pela história de uma fêmea de pônei estudiosa com dificuldades de socialização, a Twilight Sparkle (algo como Brilho do Crepúsculo)? Ela é enviada à cidade de Ponyville por sua mentora, a Princesa Celestia, para aprender sobre amizade. Lá, conhece Applejack, Rarity, Fluttershy, Rainbow Dash e Pinkie Pie. Tão enigmático quanto o motivo para o desenho ter uma legião peculiar de admiradores é a origem dos nomes. Não haveria algo mais fácil de lembrar?
Os fãs dizem que a animação não tem nada de bobinha. “Cada episódio passa uma mensagem interessante”, diz o estudante e brony Igor de Moraes, de 24 anos. “O humor é adulto e cada personagem tem uma característica bem definida”, afirma o programador paulistano Vitor Takayanagi, de 27 anos, outro brony. Applejack representa a honestidade. A tímida e delicada Fluttershy, a bondade. Pinkie Pie é a mais alegre da turma, encarna o bom humor. A valente Rainbow Dash mostra lealdade, e Rarity generosidade. Os bronies creditam o sucesso da nova versão dos pôneis à americana Lauren Faust, criadora de outras animações de sucesso, comoMeninas Superpoderosas. Lauren modernizou os traços das personagens e criou histórias mais elaboradas.
uem não se convenceu dos motivos de admiração dos bronies pode buscar explicações na psicologia. Identificar-se com um desenho infantil pode ser uma maneira de expressar emoções reprimidas pela vida adulta. “Isso permite manifestar sentimentos sem comprometer a identidade”, diz o psicólogo Oswaldo Martins Rodrigues Junior, do Instituto Paulista de Sexualidade. Outra hipótese é o desenho funcionar como catarse para purgar séculos de emoções abafadas pela máxima “meninos não choram”. “O homem cansou de ser super-herói e está valorizando elementos considerados femininos”, afirma a psicóloga Yvette Piha Lehman, da Universidade de São Paulo (USP). O psicólogo Florêncio da Costa Junior, da Universidade Estadual Paulista, também atribui a existência dos bronies à fluidez dos papéis de gênero. “Os homens têm mais espaço para manifestar emoções tidas como femininas.”
Os bronies sofrem preconceito. Muitos não assumem para seus amigos e familiares que gostam do desenho por medo de ser considerados infantis ou gays. Para driblar ofensas na internet, onde mantêm blogs e fóruns de discussão desde antes de a animação estrear no Brasil, adotaram uma atitude “paz e amor”. Ou, como eles chamam no universo brony, “amor e tolerância”. “Achamos que a melhor maneira de responder era não reagir”, diz o estudante de ensino médio Felipe Martins Fontes, de São Paulo (ninguém pode dizer que os ensinamentos do desenho não surtem efeito). Fontes organizou, em novembro, o primeiro encontro de fãs no país, o BRonyEncontro, no vão do Museu de Arte de São Paulo (Masp), na capital paulista. Um segundo encontro está previsto para acontecer no Rio de Janeiro, em março.
Veja o vídeo em: http://www.youtube.com/watch?v=QH5j52Z-ugA&feature=player_embedded
