Dias atrás, a FIFA determinou que seus árbitros encerrassem as contas em Redes Sociais Eletrônicas, como Twitter e Facebook (informações disso em: http://is.gd/0x921a). E isso é bom ou ruim?
Ninguém melhor que os árbitros para falarem sobre o assunto. No meu Facebook, tenho cerca de 230 árbitros e ex-árbitros. Sabe como a notícia repercutiu entre os árbitros atuantes? Péssima, de mau gosto, e com muita chiadeira. Já os árbitros aposentados, nenhuma objeção.
Os motivos de quem critica a medida são de que o árbitro é um ser comum e elemento do futebol que deve ser visto sem diferenciação na sociedade. Conversei com muitos sobre o assunto, e a maior parte deles alega o seguinte: nas redes sociais, os árbitros não comentam assuntos de jogo e nem temas polêmicos.
Já os ex-árbitros alegam que o árbitro é um ser diferenciado, mais visado e que todos os cuidados para se preservar a imagem são necessários. Os desabafos indesejados pelas entidades desportivas seriam evitados.
E o que eles escrevem atualmente nessas redes sociais? No Orkut, não tão usado pelos árbitros hoje (puxa, parece até que a rede caiu em desuso –e caiu mesmo), os árbitros atuantes ali escreviam nomes disfarçados e se escondiam para opinarem sobre lances de jogo e situações de desagrado da carreira; algumas comunidades foram criadas em defesa da categoria, mas poucas prosperavam. No Facebook, há a divulgação das escalas e torcida entre os árbitros entre si; como exemplo, o jogo Corinthians X Palmeiras, onde os clubes ficaram de lado e fotos de Seneme e louvores à sua arbitragem foram destacados. Por fim, no Twitter, há muito menos árbitros do que se possa imaginar, e ali não há muita polêmica no Brasil. Mas vale o lembrete: Carlos Eugênio Simon, na África do Sul, divulgou via microblog a escala do japonês que apitaria Brasil X Holanda antes da divulgação da FIFA; no Paraguai e na Colômbia outros problemas ocorreram. Seriam essas situações determinantes para a entidade decretar a proibição?
Há exemplos de árbitros que se utilizam da ferramenta para sua promoção fora do futebol, buscando destacar seus trabalhos. O paulista Guilherme Ceretta de Lima e o baiano Diego Pombo, bons árbitros, são modelos profissionais, e estão não só nas redes sociais mas também na TV e em outras mídias. A recomendação os proibiria de tais ações, mesmo que não misturassem as atividades? Se sim, oficializaríamos a questão de ofícios indesejados pela FIFA na conciliação com a arbitragem?
Muitos criticam o uso de tais ferramentas como escada para outros interesses: ou seja, do uso da atividade e da imagem do árbitro para promoção particular. Ué, é só profissionalizar os árbitros e promover plano de carreira, que as atividades paralelas minimizariam. Portanto, a proibição das Redes Sociais tem dois objetivos não claros, mas perceptíveis, aos olhos da FIFA: evitar polêmicas geradas pelos próprios árbitros na Web e a não promoção particular dos árbitros em outras atividades utilizando a imagem da FIFA.
O que penso? Que a proibição oficial é uma atitude antipática, além de grande bobagem. Claro, bobagem, afinal o árbitro sabe que se polemizar, não apitará. E aquele que não tiver inteligência para saber do seu limite nas redes, cá entre nós, deve estar fora da atividade.
E você, o que pensa sobre tudo isso? Deixe seu comentário: