Veja que interessante: leio no Caderno “Inteligência”, produzido por Edson Porto e Álvaro Oppermann para a Revista Época Negócios (Ed Maio / 2010), sobre o tempo que cada produto leva para “estourar em vendas” em cada país. Imagine um novo produto a ser lançado. Suas vendas deslancharão em:
Suíça: 1,5 ano
Hong Kong: 2,3 anos
África do Sul: 2,8 anos
Alemanha: 3,3 anos
França: 3,8 anos
Venezuela: 4 anos
Brasil: 5 anos
Bélgica: 5,6 anos
China: 7,1 anos
Marrocos: 8 anos
Claro, esses números são relativos à média. No interior da China, por exemplo, devem alcançar perto de 10 anos; Xangai, próximo de 2 anos. Mas esse fator não é exclusivo deles. Aqui no Brasil também ocorre com naturalidade, devido ao nosso grande território e as diferenças sócio-econômicas. São Paulo, evidentemente, estará entre as mais velozes na massificação de um produto. Suas cidades vizinhas, como a nossa Jundiaí, se privilegiam da influência da nossa capital.
Você concorda que o jundiaiense ou o morador próximo de capitais estão na vanguarda da inovação mundial?
Por curiosidade, os mercados mais rápidos para lançamento de novos produtos: Noruega, Suíça, EUA) e os mais lentos (Paquistão, Indonésia, Índia e Marrocos) – universo de 55 países pesquisados.
Se quiser a matéria completa, abaixo: http://epocanegocios.globo.com/Revista/Common/0,,EMI137063-16366,00-TEMPO+PARA+A+DECOLAGEM.html
TEMPO PARA A DECOLAGEM
Por que alguns países podem ser velozes e outros muito lerdos na massificação de um novo produto.
O mundo é plano, mas no mercado de consumo a geografia ainda é acidentada – com diferenças regionais marcantes nas prateleiras. Tome como exemplo a câmera digital. Lançada em 1998, suas vendas dispararam em Hong Kong, decorridos apenas 14 meses.
A adoção em massa pelos early adopters (usuários pioneiros) deu escala à produção, reduziu preços e gerou mais vendas, criando um ciclo virtuoso. Na Itália, as vendas do mesmo equipamento só deslancharam em 2001. Como o mercado italiano é robusto, valeu a espera. Mas na Indonésia levou quase uma década para que o produto decolasse. Note que não se está mencionando aqui drinques energéticos ou cereais do café da manhã – itens cujo sucesso depende de gostos locais. É isso que torna a câmera digital, um produto culturalmente universal, bem ilustrativo: existem diferenças reais e objetivas entre as regiões do mundo. Alguns mercados são mais velozes do que outros. Esses contrastes despontam em um estudo dos pesquisadores Yvonne van Everdingen, Dennis Fok e Stefan Stremersch, da Erasmus University, da Holanda.
Esse trio se concentrou no histórico das vendas de oito produtos e serviços de tecnologia – entre eles PCs, CD players, câmeras de vídeo, internet, DVD players e smartphones – em 55 países entre 1977 e 2004. Os mercados mais velozes do mundo são Noruega, Suíça, Nova Zelândia, Inglaterra, Hong Kong e Estados Unidos (com tempo médio de alavancagem de vendas igual ou inferior a dois anos).Eis os mais morosos: Paquistão, Índia, Marrocos e Indonésia, com tempo médio superior a 8 anos.
O ritmo de adoção de um novo produto não pode ser atribuído apenas a fatores econômicos. Suíça e Bélgica, por exemplo, têm perfis semelhantes no que diz respeito à economia nacional. Mas o comportamento dos consumidores nos dois países é oposto. O suíço é um early adopter nato. Ali, o tempo médio para as vendas de um novo produto decolarem nas prateleiras é 1,5 ano. Na Bélgica, 5,6 anos. O consumidor belga é mais conservador do que os latino-americanos. No Brasil, na Argentina e no México o prazo para massificar um produto é de cerca de 5 anos.
Quatro fatores básicos determinam a velocidade da arrancada de consumo de um novo produto. Para começar, a saúde financeira. Os três outros critérios ajudam a lançar luzes na equação. São eles: a conectividade social, ou a rapidez com que a inovação alastra-se. A demografia, que facilita ou dificulta a penetração de mercado. E, por último, a geografia, ou o grau de isolamento da região. Alguns países, apesar de pertencer ao Terceiro Mundo, são extremamente abertos à influência externa.
A África do Sul e a Venezuela, com índices respectivamente de 2,8 e 4 anos, ocupam a mesma faixa do ranking de rapidez de adoção que França e Alemanha (respectivamente, 3,8 e 3,3). Suíça e Noruega combinam saúde financeira com abertura cultural para o novo. Daí serem mercados de contágio rápido de inovação. França e Bélgica, por outro lado, são bastante imunes à influência externa. Isso se reflete na sua classificação geral. Embora refratário à influência externa, prevalece nos Estados Unidos uma cultura de inovação interna vibrante – o que compensa na balança da adoção de novos produtos.
Estados Unidos, França e Alemanha são irradiadores de influência e ditam tendências aos países vizinhos. O Reino Unido funciona como uma esponja cultural, que absorve tendências americanas e do continente europeu ao mesmo tempo em que irradia as próprias novidades para o resto da Europa e dos Estados Unidos.
O Brasil e a América Latina ocupam uma posição intermediária no ranking. Não são mercados nem muito velozes nem muito lentos. A China é um caso à parte, por apresentar um dos piores desempenhos entre os 55 países pesquisados na velocidade de adoção (7,1 anos). Hong Kong e outros polos chineses, como Xangai, porém, apresentam um dos melhores (2,3 anos).
Os autores alertam que a rapidez de adoção não deve ser o único fator na estratégia de marketing de lançamentos globais. Indonésia, Paquistão, Vietnã, Índia e China são países “lentos” na adoção de produtos inovadores, mas o potencial de mercado é gigantesco, e compensa o investimento a longo prazo.
Qual a conclusão prática do estudo para o marketing? “No lançamento de um novo produto no mercado internacional, as decisões de marketing não devem mais ser tomadas por unidades isoladas de cada país. E também não se deve tomar o globo como um tabuleiro raso. Devemos tratar as regiões e os mercados como processos interdependentes”, diz a pesquisadora Yvonne van Everdingen.