Uma das formas atuais de discriminação é o Etarismo. No mundo corporativo (e até no educacional), isso precisa ser debatido.
Um texto muito bom sobre o assunto, abaixo:
(Extraído de: https://www.correiobraziliense.com.br/euestudante/trabalho-e-formacao/2023/07/5108285-romper-o-etarismo-passa-por-ocupar-espaco-na-educacao.html)
ROMPER O ETARISMO PASSA POR OCUPAR ESPAÇO COM A EDUCAÇÃO
66% dos profissionais nascidos entre 1960 até 1979 sentem que os mais novos duvidam de seu profissionalismo. Mas os 60+ estão cada vez mais produtivos
Por Maria Filomena Brandão
O termo etarismo nunca esteve sendo tão em pauta. Episódios mais recentes vão desde momentos de glória, quando vibramos com a sexagenária Michelle Yeoh ganhadora do Oscar, ao fazer um discurso inspirador antietarista, até momentos de indignação com o preconceito contra uma estudante de 45 anos. E que bom.
Como pedagoga e psicanalista, com profundo respeito pelos meus 62 anos, me esperanço ao ver um tema como esse sendo varrido para fora do tapete. Acredito que tudo que levanta debate gera crescimento, novas oportunidades e leituras para a nossa visão de mundo. Finalmente estamos popularizando um termo que, segundo a Academia Brasileira de Letras, trata da ‘discriminação e preconceito baseados na idade, geralmente das gerações mais novas em relação às mais velhas’.
É claro o etarismo permeia a nossa cultura faz muito tempo. No mercado de trabalho ele aparece com certa frequência. A última versão da Global Learner Survey, pesquisa realizada pela Pearson com a Morning Consult em 2022, mostrou ao ouvir 6 mil mulheres em diferentes países, Estados Unidos, Reino Unido, Brasil, México e índia. Nela, 74% das mulheres afirmaram que a discriminação ainda é um ponto forte na hora de participar de processos seletivos. Já 65% acreditam que o preconceito em relação a idade deve ser combatido.
A pesquisa do site de empregos Infojobs vai ao encontro dessa estatística ao mostrar que 66% dos profissionais da geração X (nascidos entre meados da década de 1960 até 1979) sentem que os mais novos duvidam de seu profissionalismo. O preconceito baseado na idade está inserido no discurso da maioria dos empregadores, acionando os mais variados tipos de opressão, desrespeito e desvalorização das soft e hard skills do idoso. Acontece em qualquer segmento, biografia e currículo das vítimas. A popstar Madonna acaba de ser vítima do etarismo no Grammy por sua aparência. A influenciadora Sandy já se disse ‘velha pra ser jovem’. E ela só tem 40 anos.
De acordo com o último relatório divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), até 2050 o número de pessoas com mais de 60 anos irá duplicar no mundo e triplicar no Brasil. Mas o que, para muitos, pode ser um momento de decadência, eu costumo enxergar como vida, tempo de criar e, mais do que nunca, de aprender! Os 60 estão cada vez mais produtivos e ávidos por conhecimento. E em um mundo em constante transformação, aprender é ao longo de toda a vida mesmo. As possibilidades são infinitas – inclusive de estudar um novo idioma, seja para viajar a passeio, realizar um intercâmbio ou aprender a tão sonhada cultura que ainda não teve chance.
Segundo a Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav), os viajantes com mais de 65 anos representam cerca de 15% das vendas dos pacotes turísticos vendidos no Brasil para destinos nacionais e internacionais. O aumento da expectativa de vida e a estabilidade financeira tardia podem estar entre as razões pelas quais muitos deixem para realizar seus sonhos mais tarde. Estudar outra língua é uma delas.
Acompanho com entusiasmo os mais velhos retornando à sala de aula nas universidades, aos cursos técnicos, aos supletivos, cursos de inglês, sendo autodidatas e quebrando preconceitos. É importante não ter medo de experimentar, de mexer no desconhecido e encarar o novo com naturalidade. A geração 40 foi educada em um tempo em que errar era proibido, sendo que o processo de aprendizagem passa pela tentativa e erro.
Ocupar espaços da educação por alunos da terceira idade é fundamental para combater o etarismo e construir uma sociedade mais justa. Espero, sinceramente, não precisar afirmar o óbvio: que somos plenamente capazes de nos desenvolver em qualquer etapa da vida. O etarismo precisa sim ser discutido e que nossas respostas tragam novas oportunidades para quem se sentia abandonado pela vitalidade e colágeno de outrora. Podemos tudo e queremos mais. Why not?
*É pedagoga, psicanalista, psicóloga e Bacharel em Direito, Mestre em Educação e doutora em Psicologia. Já atuou no Ensino Básico e em universidades e atualmente é Gerente Pedagógica na área de Governo da Pearson.

Crédito da Arte: Caio Gomez.
IN ENGLISH – One of the current forms of discrimination is ageism. In the corporate world (and even in education), this needs to be discussed.
A very good text on the subject, below:
(Extracted from: https://www.correiobraziliense.com.br/euestudante/trabalho-e-formacao/2023/07/5108285-romper-o-etarismo-passa-por-ocupar-espaco-na-educacao.html)
BREAKING AGEISM MEANS BY OCCUPYING SPACE WITH EDUCATION
66% of professionals born between 1960 and 1979 feel that younger people doubt their professionalism. But those over 60 are increasingly productive
By Maria Filomena Brandão
The term ageism has never been so much on the agenda. Recent episodes range from moments of glory, when we celebrated the Oscar-winning Michelle Yeoh in her sixties, giving an inspiring anti-ageist speech, to moments of indignation at the prejudice against a 45-year-old student. And that’s a good thing.
As a pedagogue and psychoanalyst, with deep respect for my 62 years, I am hopeful to see a topic like this being swept under the rug. I believe that everything that sparks debate generates growth, new opportunities and readings for our worldview. We are finally popularizing a term that, according to the Brazilian Academy of Letters, refers to ‘discrimination and prejudice based on age, generally of younger generations in relation to older ones’.
Of course, ageism has permeated our culture for a long time. In the job market, it appears quite frequently. The latest version of the Global Learner Survey, a survey conducted by Pearson with Morning Consult in 2022, showed that when interviewed by 6,000 women in different countries, the United States, the United Kingdom, Brazil, Mexico and India. In the survey, 74% of women stated that discrimination is still a strong point when it comes to participating in selection processes. 65% believe that ageism should be combated.
A survey by the employment website Infojobs corroborates this statistic by showing that 66% of Generation X professionals (born between the mid-1960s and 1979) feel that younger people doubt their professionalism. Ageism is part of the discourse of most employers, triggering the most varied types of oppression, disrespect and devaluation of the soft and hard skills of older people. It happens in any segment, biography and resume of the victims. Pop star Madonna has just been a victim of ageism at the Grammys because of her appearance. Influencer Sandy has already said she is ‘too old to be young’. And she is only 40 years old.
According to the latest report released by the World Health Organization (WHO), by 2050 the number of people over 60 will double worldwide and triple in Brazil. But what for many may be a time of decline, I tend to see as life, a time to create and, more than ever, to learn! People in their 60s are increasingly productive and eager for knowledge. And in a world that is constantly changing, learning is a lifelong pursuit. The possibilities are endless – including studying a new language, whether for leisure travel, an exchange program or learning the culture you’ve always dreamed of but haven’t had the chance to.
According to the Brazilian Association of Travel Agencies (Abav), travelers over 65 represent around 15% of sales of tourist packages sold in Brazil for national and international destinations. Increased life expectancy and late financial stability may be among the reasons why many people put off realizing their dreams until later. Studying another language is one of them.
I enthusiastically follow the older generation returning to the classroom at universities, to technical courses, to supplementary courses, to English courses, to be self-taught and to break down prejudices. It is important not to be afraid to experiment, to explore the unknown and to face the new with ease. The 40 generation was educated in a time when mistakes were forbidden, and the learning process involves trial and error.
Occupying educational spaces with senior students is essential to combat ageism and build a fairer society. I sincerely hope that I do not need to state the obvious: that we are fully capable of developing ourselves at any stage of life. Ageism does need to be discussed and that our responses bring new opportunities to those who felt abandoned by the vitality and collagen of the past. We can do anything and we want more. Why not?
*She is a pedagogue, psychoanalyst, psychologist and has a Bachelor’s degree in Law, a Master’s degree in Education and a PhD in Psychology. She has worked in Basic Education and in universities and is currently the Pedagogical Manager in the Government area at Pearson.