– O que explica o feito dos inéditos participantes da Copa do Mundo de 2026?

Tem como explicar que seleções não tradicionais do futebol mundial consigam se classificar para uma Copa do Mundo?

Não vale dizer de maneira simplória que se deve ao aumento do número de vagas. A explicação é outra…

Abaixo, um ótimo artigo:

COMO A INTERNET ESTÁ TRAZENDO NOVAS POTÊNCIAS AO FUTEBOL

Por Prof Dr Vivaldo José Breternitz (*), Jornal Empresas e Negócios e https://tecnologianavidadiaria.blogspot.com/

As classificações da Jordânia, Geórgia, Uzbequistão e da Nova Zelândia para a Copa do Mundo de 2026 são um sinal de que o futebol global está mudando rapidamente.

Durante muito tempo, o sucesso no futebol internacional foi prerrogativa de um pequeno grupo de nações com tradição, dinheiro e estrutura. Mas essa lógica está sendo rompida. A pergunta que surge é: o que está permitindo essa virada?

A resposta passa inevitavelmente por um fator muitas vezes subestimado: a revolução digital. Hoje, qualquer jovem treinador na Jordânia pode acessar, via YouTube, as análises táticas mais detalhadas do futebol europeu.

Clubes em crescimento usam plataformas como Hudl e Wyscout para estudar adversários, melhorar o desempenho de seus atletas e estruturarem-se de forma profissional. O que antes era privilégio de grandes centros agora pode ser livremente acessado – basta uma conexão à internet e interesse.

Informação, no esporte moderno, é poder. As federações de países como a Geórgia não apenas reconheceram isso — como investiram, capacitando profissionais no exterior e utilizando ferramentas oferecidas por programas da FIFA e da UEFA, como o FIFA Digital Skills, que já é usado mais de 100 federações ao redor do mundo.

O futebol sempre teve muros invisíveis. Muros que separavam o “centro” — Europa e América do Sul — da periferia futebolística. Mas esses muros começaram a ruir quando o conhecimento tático, técnico e até mesmo psicológico começou a circular livremente.

A internet que antes apenas transmitia os jogos, agora ensina a jogá-los melhor. E mais: exibe talentos que antes seriam esquecidos por falta de visibilidade. Quantos atletas georgianos ou jordanianos foram descobertos por meio de vídeos enviados por plataformas especializadas?

O resultado é um futebol cada vez menos previsível, mais aberto e, por que não dizer, mais emocionante. Velhos gigantes caem, novatos surpreendem, e torcedores ganham com isso.

A digitalização sozinha não explica tudo. A paixão, a capacidade de organização e os investimentos ainda são fundamentais. Mas é impossível ignorar que a tecnologia está nivelando o campo, permitindo que ideias superem limitações geográficas e econômicas.

Estamos entrando em uma era em que o talento não precisa mais nascer no Brasil, Itália ou Argentina para ser lapidado. Ele pode surgir em Amã ou Tbilisi — e ser potencializado pela internet, pelas plataformas de análise, por comunidades online de treinadores e pelos dados que ajudam a entender o jogo como nunca antes.

O futebol não é mais apenas o jogo dos grandes. É o jogo de quem aprende, se adapta e sonha — com a ajuda de alguns cliques.

(*) Vivaldo José Breternitz, Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor e consultor – vjnitz@gmail.com.

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