– Quem derrubou Cuca do cargo de Técnico do Corinthians?

Ô pergunta difícil de se responder… mas considere: por conta dos protestos contra o caso de estupro que envolveu o profissional, quando era jogador, em 1987 na Suíça, Cuca saiu das páginas esportivas e foi para as policiais. Virou assunto da padaria, da fila de espera, do dia-a-dia. Virou, inclusive, matéria de trabalhos escolares (a escola da minha filha sugeriu tal discussão, no 9º ano do Ensino Fundamental II).

  • Não foi a “lacração” que o fez perder o emprego. Ou “estuprar” é algo normal?
  • Não foi a “mídia sensacionalista”, já que isso poderia ter sido feito bem antes.
  • Não foi o fato de “assumir o Corinthians”, pois ele já trabalhou em outros grandes clubes populares.

Foi a nova sociedade que vivemos – mais atenta, assertiva, contestadora e, talvez, mais reflexiva.

Me recordo que no caso do ex-jogador Robinho, a advogada ameaçava processar quem contestasse a honestidade do seu cliente (mesmo ele sendo condenado em primeiras instâncias). Com os áudios (nojentos) revelados do próprio atleta, chegou incontestável à última corte. Já Cuca, é sabido, teve sua condenação declarada em Berna (Suíça), como partícipe de um estupro a uma menina de 13 anos, juntamente com 3 atletas.

  • Não importa se isso ocorreu lá em 1987. O fato é: ocorreu!
  • Não é o caso de alguém que cumpriu a sua pena e merece ter chance de recomeçar sua vida profissional. É de alguém que não cumpriu sua pena.

Muito se falou da entrevista da ótima jornalista Marília Ruiz, onde Cuca ao lado dos familiares, disse que a “vítima não o reconheceu e que tudo era um equívoco”, entre outras palavras. Foi somente a versão dele. Os jornais da época, a defesa dele com o advogado do Grêmio, além de outros registros, mostram que houve a culpa. Sêmem de Cuca foi encontrado na menor, segundo o processo.

Não é necessário colocar as fontes aqui, é só fazer uma busca na Web. Aliás, aqui não é um texto de julgamento, mas algumas observações de que estamos tendo uma piedade que não houve à garota naquele episódio!

Sempre respeitei Cuca como pessoa e como profissional. Ao vê-lo com a família, vestindo uma camisa da Virgem Maria, e tantos outros comportamentos, custava-me a crer na triste história. Mas ela ocorreu. 

Não duvido que Cuca esteja arrependido em seu íntimo, desejoso de consertar tudo o que aconteceu, estar em paz consigo e com as pessoas que ele ama, além de reparar o ocorrido com a vítima. Mas o inferno que o sonda é: como fazê-lo?

Negar, evidentemente, foi um caminho jurídico. Mas que tal os advogados entre si tentarem um acordo, depois de tanto tempo, a fim da menina (que sofreu seus traumas) seguir a vida com a sensação de que não houve impunidade, e de Cuca (mesmo que tardiamente) expiar seus pecados?

O caminho lógico foi a saída dele do Corinthians, pois nem clube e nem treinador teriam sossego. E é natural que a sociedade, com mais informação, com a globalização e com um senso maior do que é certo e errado, possa recordar coisas assim.

De tal forma, torço para que isso se resolva. Não foi a Internet o juiz de Cuca, foi o clamor de uma sociedade cuja nova geração é mais atenta.

Cá entre nós: como deixamos “de lado” um assunto tão tenebroso: a impunidade de um estupro a uma menina de 13 anos? Isso é atemporal.

Foto: Agência Corinthians, extraída de Terra.com.br

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