Um Derby muito difícil para se apitar, onde Anderson Daronco – FIFA/RS foi sorteado com precisão pela Comissão e Arbitragem da CBF (e reforço as manchetes de dias atrás: diretores de Corinthians e Palmeiras ELOGIARAM a escolha, digo, o sorteio do árbitro).
Será que os outros 9 árbitros FIFAs se sairiam melhores ou piores do que o gaúcho, que fez uma atuação com erros e acertos relevantes? Para mim fisicamente perfeita, disciplinarmente contestável e tecnicamente comum.
Vamos aos 7 lances / situações da partida, na qual tivemos nos cartões amarelos: SCCP 6×5 SEP, em vermelhos: SCCP 0x1 SEP. Abaixo:
1. O gol de Romero: em um lance rápido, a bola é cruzada ao atacante paraguaio do Corinthians que faz o gol. Se você congelar a imagem do momento em que a bola sai do pé do atleta que lança a bola, verá que parte do tronco e a cabeça estão a frente da linha da bola; portanto impedimento não marcado e gol irregular. Mas um detalhe que passou despercebido por muitos: o bandeira 2 Elio Nepomuceno de Andrade Junior está com a visão encoberta por diversos atletas em linha à sua frente, sendo que está “cego” para verificar em qual momento a bola parte do cruzamento, além de estar do lado contrário da linha que ele corre. Para tal lance, só seria possível um bandeira correndo do lado invertido para marcar com precisão. Houve o erro, mas é de grande dificuldade justamente pelos motivos citados.
2. Pênalti de Edu Dracena em Jô: é claro que você verá a discussão de que é um lance interpretativo. Se o árbitro não marcasse, a polêmica seria a mesma. Na imagem de longe da TV, eu não marcaria e entenderia que o Jô cavou, especialmente pela forma que ele cai, lançando-se à frente. Porém, vendo pelo replay, entendo que Edu Dracena se enrosca fora da área, e só consegue se desvencilhar de Jô logo que adentra nela. O leve desequilíbrio (causado de maneira ingênua por um atleta tão experiente) é suficiente para se considerar uma infração. Sendo dentro da área, é pênalti. E explicando uma dúvida comum a muitos: é o princípio da “falta continuada”, marcando-se onde se consome a irregularidade. Ou seja, começou fora e terminou dentro, é tiro penal. Acertou Daronco (e imagino ter tido ajuda do AAA2 Eleno Gonzales Todeschini, pela troca de olhares entre os dois e posteriormente a comunicação via rádio).
3. Um lance relatado por jornalistas (e que parece não ter ocorrido apenas uma vez): Borja supostamente provocava a torcida do Corinthians a cada “ofensa maciça” das arquibancadas. As câmeras da TV não flagraram, mas se isso realmente ocorreu (e não há por quê duvidar, ouvi isso em duas emissoras), é cartão amarelo ao atacante palmeirense se visto pelo árbitro. Mesmo com um sexteto de árbitros em campo e o inspetor da CBF Sérgio Correa da Silva presente ali na Arena Corinthians (inclusive, aparecendo bastante nas imagens da TV Globo), ninguém desse septeto viu.
4. A confusão dos vestiários no intervalo de jogo: Felipe Melo agrediu seu adversário Clayson arremessando um objeto contra ele logo na saída do intervalo, na entrada do túnel, onde policiais, jogadores e demais pessoas envolvidas na partida se encontravam. Se o árbitro tivesse visto ou sido informado por alguém da sua equipe, teria que expulsar (lembre-se que os poderes do árbitro se constituem desde a chegada ao campo, incluindo o intervalo e o pós-jogo até a sua saída – Evra que o diga no jogo do Olimpique de Marselha nessa semana). Aqui um erro a ser considerado: se Daronco não viu (e portanto não poderia ter feito nada), ao menos deveria relatar em súmula que existiram reclamações de uma confusão nesse momento e que nada poderia fazer pelo fato de nenhum dos oficiais da arbitragem ter presenciado. É uma praxe que foi ignorada.
5. Sobre a entrada de Gabriel após o atendimento médico sem autorização do árbitro: aqui um lance bem confuso, mas explicável: Quando o atleta do Corinthians sai de campo para ser atendido, ele só pode voltar com a autorização do árbitro (não existe autorização do bandeira pela Regra do Jogo, o que o bandeira faz é dizer ao atleta: “Vai, ele mandou entrar“). Acontece que Cássio está demorando para cobrar o tiro de meta, e Daronco faz o tradicional gesto com o braço levantado de “JOGA” para que se acelere a cobrança (ele fez isso por diversas vezes na partida, é comum isso em todos os jogos). Só que pelas imagens, o bandeira 2 se confunde (provavelmente foi isso que aconteceu) e manda Gabriel entrar. Na sequência, os jogadores palmeirenses reclamam de que ele entrou sem autorização do árbitro (e aí era para se mandar o jogador sair de campo, marcar o tiro livre indireto, ordenar que retornasse ao gramado e aplicar o Amarelo; e como já tinha Amarelo, o Vermelho). Mas aqui se prova que o erro foi do bandeira pelo motivo de que: se Daronco tivesse autorizado, por qual motivo ele procuraria o assistente Elio Nepomuceno? Era só o juizão dizer aos atletas: “entrou autorizado por mim, segue o jogo”. É claro que o bandeira se equivocou com o gesto e iludiu sem querer Gabriel. E como um atleta não pode ser punido por um erro da equipe de arbitragem sendo possível corrigi-lo a tempo, o corintiano não pode receber o Cartão. Repetindo: não houve prejuízo ao jogo por tal ocorrência, já que Gabriel não pode receber o Amarelo nessa situação a qual não tem culpa.
6. Deyverson vai disputar a bola que vem pelo alto com Felipe Bastos, e abre o braço para ampliar o espaço correndo o risco de atingir o adversário. Como atinge, deve ser punido. Entretanto, Daronco relatou que foi uma conduta violenta com cotovelada fora da disputa de bola. Respeito a interpretação, daria o Vermelho mas não citaria que foi cotovelada, mas uma braçada para ter uma vantagem desleal (que faria a punição ao atleta ser menor). Em todo caso, é interpretativo tecnicamente mas indiscutível disciplinarmente tal lance. Acertou na expulsão.
7. Dudu jogou a bola no peito do adversário na cobrança de um lateral, visivelmente pilhado. Pela atitude “xarope”, não tem como não dar o Amarelo. Correto.
Enfim, mais acertos do que erros, mas reafirmo: Daronco tem um porte físico invejável, corre e se posiciona muito bem no jogo, disciplinarmente poderia ser melhor (vide a atuação em São Paulo X Santos na semana passada) e tecnicamente é comum (comum não é pejorativo, é dentro da média). O que lhe ajuda muito é a respeitabilidade que alcançou. Imagine essa partida apitada pelos árbitros que vimos em outras rodadas aspirantes à FIFA ou novatos da FIFA… O jogo não acabava!
Acréscimo: Não se pode entrar em campo com equipamentos de comunicação, mesmo que não o utilize. Há anos foi proibida a comunicação eletrônica entre treinadores e jogadores ou atletas entre si. O fato de utilizar um smartphone para Selfie na comemoração de gol do Romero, embora pareça “coisa boba”, não pode.
