Leio que o jovem lateral direito Auro, recentemente promovido do time Sub 20 do São Paulo para a equipe profissional, é um garoto exemplar. Dá todo o dinheiro do seu salário aos pais e fica com apenas R$ 500,00 de mesada, suficiente, segundo ele, para o seu dia-a-dia de vida modesta e regrada.
Seus planos são: conseguir a tão sonhada casa própria aos pais, casar, constituir família e não perder os laços de boa amizade na sua cidade natal, Jaú.
Tal declaração é um sonho de consumo para qualquer clube de futebol em meio a atletas que, ainda em formação, se acham craques, caem nas tentações, baladas e maus aconselhamentos, se perdendo no caminho.
Impossível não falar sobre tal assunto e não lembrar da necessidade dos clubes promoverem seus jogadores com educação e assistência social. E mais: pessoas corretas orientando a vida desses jovens. Recordo-me das histórias sobre o treinador Telê Santana, que contam como ele aconselhava seus comandados a respeito do que comprar e como investir o salário, além de dicas sobre a vida. Dizem que Muricy Ramalho, seu adepto, faz o mesmo.
E pensar que hoje alguns treinadores cobram “pedágio” mensal de jogadores para serem contratados, bem como negociam como se fossem empresários extorquindo deles parte do soldo das transações…
Enfim, que os garotos se espelhem em Auro. E ao mesmo tempo que escrevo isso, me vem a mente a declaração do pai do atacante Jô, que tem faltado aos treinos do Atlético Mineiro e foi flagrado em baladas no Rio de Janeiro:
“Tomara a Deus que meu filho não esteja se tornando um novo Adriano [Imperador]”.
Um bom atleta depende muitas vezes de um bom clube, uma estrutura que o torne responsável como esportista e cidadão, e, claro, de boas companhias. Nesse momento, um treinador do bem transforma a via de qualquer menino.




