Wilson Luís Seneme encerra a carreira de árbitro de futebol. Me lembro da sua formatura em 1998, onde acabara de estrear na série A3 pelos bons jogos apitados (mesmo antes de receber o diploma); e de lá para a FIFA. Não entra na galeria de imortais, como Dulcídio ou Roberto Goicochea, mas será lembrado como um dos grandes nomes do apito.
Seneme ainda tinha um pouco mais de tempo de carreira. Não quis continuar. Suas dificuldades com a saúde do joelho o impediram de ir à Copa do Mundo, pois tecnicamente, seria o nome provável.
Ele optou por aceitar um cargo diretivo na Conmebol, indicado por José Maria Marin (o mesmo que ocupou recentemente Sálvio Spinola Fagundes). Fico me questionando: por quê o presidente da CBF indicaria um árbitro FIFA do seu quadro e o desfalcaria? Se faltam nomes para a Comissão de Árbitros trabalhar, este é um de peso a menos.
E em São Paulo, como fica? Dos 10 árbitros da FIFA que formavam o quadro brasileiro, a FPF tinha Seneme, Sálvio e PC. Quando presidente da CA-CBF, Sérgio Correia (dizem…) encurtou a carreira de Sálvio para privilegiar um escudo FIFA para o NE. Destaquei o “DIZEM” pois Sálvio viria a público declarar algo (talvez em relação a esse boato) e depois nada disse, assumindo o cargo que agora Seneme assumirá.
São Paulo, portanto, hoje só tem 1 FIFA e a CBF deixará (depois de mais de 20 anos) de ter o número máximo de 10 oficiais permitido. Permanecerá com 9 pois pelo fato do convite ter surgido agora e só em Janeiro a entidade permitir mudanças / trocas no quadro, o desfalque é inevitável.
Claro, Seneme passará por uma nova fase da sua vida, pois se para o jogador de futebol a aposentadoria é traumática, para o árbitro idem. Desejo boa sorte ao amigo, e fico na memória com alguns jogos que trabalhamos juntos, e em especial, um difícil e chuvoso Bragantino x Ponte Preta numa quarta à noite, com ânimos exaltados dos “doces torcedores” incentivados pelos “dóceis dirigentes”.
E quem assumirá a vaga deixada?
Guilherme Ceretta e Luiz Flávio são aspirantes à FIFA, mas ambos sofreram recentemente com os testes físicos. Ceretta está perdendo a bola que pinga e Luiz Flávio, confesso, penso que passou do tempo – principalmente com suas contusões durante os jogos.
Sobrou Raphael Claus, que conta contra a sua ascensão o fato de nem ser aspirante à FIFA. Entretanto, é o mais capacitado para a vaga paulista. Farão um “bem bolado” para ele assumir o escudo, sortearão Ceretta ou Luiz Flávio ou São Paulo perderá a vaga?
Pior ainda ficará o Cel Marinho em São Paulo: Seneme era quem resolvia seus problemas de escalas em jogos de grande dificuldade. Capacitados para grandes clássicos sobraram PC (que tem veto do Palmeiras), Claus, Ceretta e…
E…
E ainda…
E também o…
Bom, há o Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza, mas este não tem mais idade para ser FIFA; há o Marcelo Rogério apitando com a faca entre os dentes, mas por má vontade (Ou por politicagem? Ou por incompetência dos cartolas?) não está sendo escalado em grandes jogos. Há o Leandro Bizzio Marinho que é declaradamente admirado pelos membros da CEAF-SP, desde os tempos que ascendeu a categoria Ouro e que era fiscal de contas da Cooperativa; há também o Vinícius Furlan, que um dia gravou um vídeo de apoio político na Campanha do Arthurzinho; mas ambos estão mostrando serviço em campo, com boas atuações.
E aqui se faz necessário falar do mau trabalho da CEAF. Onde estão as promessas? Vide as más escalas: Fausto Viana bandeirou Paulista x Penapolense e na rodada seguinte Penapolense x Santos. E se errasse contra a Penapolense, que clima iria para o jogo seguinte? José Cláudio Rocha Filho teve péssima atuação em Corinthians x São Bernardo e nessa noite apita Corinthians x Comercial. Ninguém se atenta a esses detalhes da escala? Jogarão a culpa no sorteio?
Há quanto tempo o Cel Marinho com Arthur Alves Júnior e seus ajudantes assumiram? Quem foi revelado? Vivemos de árbitros da gestão Gustavo Caetano Rogério e José Manuel Evaristo (fico pasmo que até o Zé Manuel revelou árbitro, com toda a sua truculência).
O grande problema é: a falta de gestão profissional! Misturar cargos de Patrão e Empregado não é bom, mesmo que a pessoa seja honesta. Traz dúvidas para a opinião pública. Além da ojeriza às críticas! Jornalista especializado do assunto não entende nada; árbitro de segunda divisão é fracassado; juiz que bateu na trave e não entrou na FIFA é frustrado – são essas as considerações feitas àqueles que não elogiam!
Há colegas que ironizam estudiosos do assunto se referindo ao “Blog do Tenista” (pejorativamente ao competente Fernando Sampaio, que entende e muito do assunto); também aos ex-árbitros questionando “quem foi fulano de tal ou beltrano de onde?” Ora, o Cel Marinho nunca foi árbitro, mas comanda a entidade! Assim, uma coisa não tem nada a ver com outra e necessita-se de respeito.
Os dirigentes do apito precisam ser mais humildes, abandonar a vaidade e respeitar quem escreve, fala ou disserta sobre o tema arbitragem (claro, aos que o fazem sem passionalidade e/ou interesse diverso).
Felipão era cabeça-de-bagre em campo e jogador de segunda divisão. Mas no curriculum dele consta a conquista de uma Copa do Mundo e muito dinheiro honestamente ganho com o seu trabalho. Por quê para entender de arbitragem e da condução administrativa dela necessita-se ter sido árbitro da FIFA? Pior: quem está no poder e cobra isso, ironicamente, nunca colocou um apito na boca…
Por essa lógica, Flávio Prado, Mauro Betting, PVC e outros tantos consagrados comentaristas deveriam ter sido treinadores de futebol. Pura bobagem… cada um na sua.
No fundo, todos querem o bem da arbitragem. De que forma fazê-lo é o grande mistério!


A coisa tá feia…. – http://espn.uol.com.br/noticia/392298_fpf-afasta-arbitro-de-botafogo-sp-x-palmeiras-ate-receber-explicacoes
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PORCARI!
belas ponderações!
de fato, concordo em gênero, número e grau! quem da forma às instituições são as pessoas e o que da “forma” às pessoas são suas idéias. O que de fato falta é: as pessoas responsáveis por implantar as idéias vivenciarem os ambientes onde se encontram os problemas. A carência de árbitros com “conteúdo” é consequência de dirigentes incapazes de defendê-lo por não vivenciar o ambiente onde ele se forma. Abraços!
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Li com muita calma o post e achei que a Paulista deixou de renovar seus quadros. Observe a faixa etária. O chefe do apito prefere colocar juízes antigos, pois é comodo e ele deixa de correr riscos com protestos. isto terá um elevado débito a ser pago algum dia.
O Altemir precisa ser mais claro no que escreveu, pois está um pouco desconexo seu texto.
Eu, se tivesse poder de escolher juízes, colocaria um grupo jovem para participar, ainda mais que os campeonatos estaduais de hoje, muitos, mas muitos fracos. O nível caiu assustadoramente nos últimos anos a ponto da FPF colocar 20 no sorteio.
O Paulista e os demais mais parecem prés-temporadas do Brasileiro.
Choque gerencial nas entidades estaduais e nacional.
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Jurandir,
desculpas! Escrevi como se só estivesse falando com quem convive diretamente com árbitros. Vou tentar ser mais claro.
QUIS DIZER: Aqueles que comandam os árbitros ou nunca foram árbitros ou se comportam como se assim fosse. Punem árbitros como se estivessem punindo delinquentes e acham que estão fazendo que a arbitragem evolua. NADA SOMA. Tratar o árbitro dessa forma vai fazer com que aconteça o que o Porcari já postou no seu artigo seguinte: extinção do árbitro de futebol. Assim como não se prepara novos árbitros de futebol não se prepara novos presidentes de entidades. Aliás, com qual idade se aposentada um presidente de entidade?
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Pergunto ao bandeira da Fifa, Altemir o que ele acha do presidente da Comissão estadual do seu estado, o pujante RS, de SP (estado do prof. Porcari), do RJ e dos que foram da Conaf nos últimos anuls até o atual. Se ele pudesse indicar, quem seria o presidente da Conaf?
Quanto ao Salvio (comentado no post), como sou amigo dele tive a oportunidade de perguntar. Ele me disse que emitiu uma nota oficial sobre o caso, entre outros assuntos que, por ética, somente divulgaria se ele comentasse, mas garanto que sem criticas contundentes, a não ser falta de estrutura na América do Sul. Veja o que encontrei:
http://esportes.terra.com.br/futebol/apos-atingir-quotobjetivos-possiveisquot-salvio-spinola-confirma-aposentadoria,e2250f3e4389a310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html
O árbitro Sálvio Spinola Fagundes Filho confirmou, em nota oficial, a aposentadoria dos campos. Spinola, que em 2012 não faria mais parte do quadro da Fifa, pois não teria mais idade para participar de competições internacionais, disse que a decisão foi tomada em conjunto com a família, entendendo que já conquistou todos os objetivos possíveis na profissão.
Após ter apitado 895 jogos profissionais, o juiz ainda esclareceu que nunca foi pedido a ele nada pela Comissão de Arbitragem da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). De acordo com Spinola, a ele era apenas exigido o “cumprimento das regras”.
Nesta segunda, Sálvio Spinola participará da abertura do XVIII curso do Sindicato de treinadores de futebol profissional do Estado de São Paulo. O evento está marcado para acontecer na sede da Federação Paulista de Futebol (FPF), a partir das 18h (de Brasília).
Veja o comunicado de Sálvio Spinola na íntegra:
“Diante do que foi noticiado pela imprensa, eu, Sálvio Spinola Fagundes Filho venho a público fazer alguns esclarecimentos sobre o término da minha carreira na arbitragem.
Fui comunicado pela Comissão de Arbitragem da CBF, que no ano de 2012 não farei mais parte do quadro da FIFA, por não ter idade para participar de futuras competições internacionais. Procedimento já adotado em anos anteriores com outros árbitros do quadro da FIFA. No ano de 2010, já havia sido comunicado, pela Comissão de Arbitragem, dessa intenção.
A Comissão de Arbitragem propôs que eu continuasse atuando nos dois anos restantes da minha carreira, sem a condição de Árbitro FIFA, por estar atuando em alto nível e em excelente forma física.
Sempre tive uma conversa franca e leal com a Comissão de Arbitragem sobre os rumos da minha carreira.
Esclareço também que não é verdade que eu tenha recebido qualquer tipo pedido por parte da Comissão de Arbitragem. Nunca tive conversas neste nível, somente a exigência do cumprimento das regras.
Estive trabalhando normalmente neste Campeonato Brasileiro. Nas últimas duas rodadas não participei dos sorteios porque cumpri escala da FIFA em partida das Eliminatórias da Copa, Colômbia X Argentina. Na rodada 33 trabalhei no jogo Atlético PR X Atlético GO.
A decisão por encerrar a carreira foi em conjunto com minha FAMÍLIA, por entendermos que já atingi os objetivos possíveis, representando a arbitragem brasileira em vários jogos e competições internacionais.
Após ter apitado 895 jogos profissionais, 43 jogos entre seleções, representando a FIFA, a CONMEBOL, a CBF e a FPF em 21 anos de dedicação a arbitragem, agradeço a todos os profissionais envolvidos neste esporte tão apaixonante como é o FUTEBOL.
São Paulo, 19 de novembro de 2011.
Sálvio Spinola Fagundes Filho”.
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Paulo,
bom dia!
citaste meu nome e, apesar de não te identificar, vou me pronunciar. Nos comentários que fiz sobre o blog que o Porcari fez, com muita propriedade, a entidade em questão foi a FPF. O comentário que eu fiz foi generalizado, e que eu lembre, não me dirigi diretamente à FPF. Sobre a FGF, tenho propriedade para falar. Aqui, como em qualquer lugar do mundo, a não formação de árbitros de expressão é uma realidade. Por isso não me dirigi especificamente à uma determinada entidade. Volto a afirmar, em outras palavras: ” Estamos colocando as raposas para cuidar das galinhas”. Explico: não formaremos árbitros com personalidade se dermos à ele, o direito de errar. O erro é o caminho mais curto para o aprendizado. Presidentes de comissões de arbitragem com pensamento de presidente de clube não forma grandes árbitros. Seja em São Paulo, Porto Alegre, Assuncion ou Zurich. Estou te respondendo por acreditar que a mudança passa pelo diálogo e quando converso sempre o faço “olho no olho”. Por isso, gostaria de saber com qual Paulo estou conversando para que possamos seguir nesse diálogo proveitoso. Forte abraço!
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Altemir, você matou a pau! Faço minha as suas palavras, parabéns!
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