– Você é a favor de uma Greve no Paulistão?

Devido aos incidentes que envolveram as Torcidas Organizadas Corinthianas e o próprio time do Corinthians no penúltimo sábado (além de uma situação parecida com a da Ponte Preta), os jogadores se organizaram para promoverem uma greve no Campeonato Paulista. Porém, ela não saiu.

Mas greve pra quê?

Greve é para discutir a relação empregado e empregador. Se os jogadores do Corinthians estão receosos com a violência da sua própria torcida, por quê envolver outros clubes?

Vou parafrasear o jornalista Thiago Baptista de Olim (site Esporte Jundiaí) que escreveu algo parecido: quer dizer que Paulista de Jundiaí, Rio Claro, São Bernardo ou Audax parariam de jogar em apoio aos jogadores do Corinthians? Mas eles sofreram violência de alguém? Não é um episódio particular do próprio Timão?

Afinal, contra quem ou o quê se protesta?

O Corinthians financia há anos essa gente e até defendeu os torcedores presos de Oruro. E é esse mesmo pessoal que os agride. Ademais, é um problema social maior que envolve a bandidagem, a falta de educação, um grupo de rapazes mal intencionados, não-civilizados e que odeiam o convívio respeitoso. Então, questiono: parar o Paulistão não é atitude pouco eficiente e demagógica?

Resolverá o quê?

Os primeiros a agirem contra sua dependência (afinal, são reféns das Organizadas) são os próprios clubes e também os jogadores, que assinam os “livros de ouro” dessas entidades uniformizadas e até agora nada fizeram.

Em seguida, as autoridades, que não podem permitir a brutalidade desses criminosos só porque o universo deles é o futebol, como se fosse um ambiente permissivo a tudo. Se você agredir um policial na rua, vai pra cadeia. Por quê na arquibancada, num estádio ou no CT isso é permitido?

Por fim: a própria população. Esses bandidos tem pai e mãe? Foram educados por quem? A família ensinou o que a eles?

Particularmente, entendo a greve um ato vazio e ineficaz. Os trogloditas não se importarão e rirão do simbolismo sem ação efetiva que seria a paralisação.

Li uma declaração do Bom Senso F.C. de que “se protesta pela segurança que é da responsabilidade da FPF”. Eu discordo! Ela é dos clubes. Não tem lógica tal argumento.

Na prática, os jogadores do Corinthians deveriam protestar contra a diretoria do seu time. Afinal, o Dr Mário Gobbi e Andrés Sanches (atual e ex-presidente) tem defendido esse pessoal. Aliás, como protestar se esses mesmos atletas adoram desfilar no Carnaval nessas entidades? Pior de tudo é ler nos bastidores que Andrés pediu para que os atletas perdoassem os agressores…

O futebol perdeu e os briguentos conseguiram: Douglas e Pato indo embora do time; Emerson quase saindo; outros querendo ser negociados; e nenhum bandido preso… É a vitória dos brutamontes. Prova disso é o que o líder da Gaviões da Fiel disse em entrevista à Folha de São Paulo na semana passada: “Quem nunca deu um murro na cara de alguém”, em alusão à justificativa de ânimos exaltados de seus filiados, como se fosse normal agredir ao próximo.

Mas não nos esqueçamos: essa mesma gente que agora pede união a negou recentemente. Está fresca na memória dos torcedores da Portuguesa a declaração do ex-diretor de futebol do Corinthians, Roberto de Andrade, sobre se o seu clube se posicionaria a favor da Lusa no imbróglio do caso Heverton x STJD. Ironicamente, disse: “Ema, ema, ema; cada um com seus problemas”.

Esse é o país da impunidade e dos oportunistas de plantão. Fazer greve adiantará o quê? Espera-se sensibilidade de quem agride por causa de bola?

O pior é: o que fazer? A curto prazo, tudo parece difícil.

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