– Concurso Público de Jundiaí precisa ter conhecimento sobre Fofoca?

De duas, uma: ou quem elabora as provas é fraco, ou existe alguma sacanagem. Mas pra mim a coisa é cristalina: incompetência de quem formulou as questões do Concurso Público para Agente Administrativo na Câmara dos Vereadores de Jundiaí.

Não é que em uma das questões sobre Conhecimentos Gerais / Atualidades, perguntou-se: quem é o “Rei do Camarote”?

Pois é: a avaliação queria saber a identidade do empresário que foi capa da Revista Veja por gastar dinheiro grosso em farras noturnas. Isso é conhecimento necessário para trabalhar na Câmara dos Vereadores? Sobre temas importantes como manifestações sociais, fenômenos recentes (como rolezinhos ou black blocs) ou outras coisas mais relevantes, não se perguntou!

Até a Folha de São Paulo repercutiu com gozação. Abaixo, extraído de:

http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/02/1408766-concurso-publico-pergunta-quem-e-o-rei-do-camarote-e-revolta-candidatos.shtml

CONCURSO PERGUNTA ‘QUEM É O REI DO CAMAROTE’ E REVOLTA CANDIDATOS

Qual o nome do Rei do Camarote? Se você não sabe, talvez tivesse problemas para se eleger à vaga de agente de serviços administrativos da Câmara Municipal de Jundiaí (a 58 km de São Paulo).

A questão sobre o empresário que ficou conhecido após reportagem da revista “Veja São Paulo” sobre os gastos de ricos na noite foi escolhida para ser uma das cinco perguntas sobre “atualidades” em um concurso no último domingo, na cidade.

Entre as respostas possíveis estavam: a) Waldemar Iódice (sic, o nome do estilista é grafado com V); b) Alexander de Almeida; c) Ricardo Mansur; d) Thor Batista; e) João Dória Jr.

A Folha foi procurada por mais de um candidato insatisfeito com a questão, que consideram “sem propósito”.

Um deles foi a recepcionista Daniele Almeida, 27.

“Na pergunta do Rei do Camarote, algumas das opções eram obviamente erradas. Mas eu fiquei com dúvida entre o Valdemar Iódice e o Alexander de Almeida… chutei e errei”, lamenta.

Outra candidata a reclamar da questão é a auxiliar de escritório Bruna Segala, 20.

“Eu passei meses estudando sobre guerra na Síria, protestos de junho, o esquema de espionagem da NSA etc. Rei do Camarote não é atualidade, é fofoca!”, disse.

Além desta questão, a prova ainda exigia que o candidato soubesse de quais times de futebol eram os 17 torcedores presos em Santa Catarina depois de uma briga em um estádio, no fim de 2013.

Outra questionava em qual parte dos Alpes o ex-campeão de Fórmula 1 Michael Schumacher havia se acidentado quando esquiava: franceses, suíços, alemães ou austríacos.

Sobre a área de conhecimentos gerais, o edital de divulgação do concurso requisitava que o candidato estivesse preparado para: “Análise dos principais conflitos nacionais e mundiais”.

Segundo a Câmara de Jundiaí, 8.300 pessoas concorreram para as 20 vagas, numa relação de 415 candidatos/vaga (mais concorrido do que o vestibular de medicina na USP). O salário é de R$ 2.570.

O presidente da comissão de concursos da Câmara, Fabio Nadal, afirmou que a Casa contratou a empresa Makiyama e que apenas ela é responsável pela elaboração do conteúdo da prova.

“Nós devemos esperar até o final do prazo de impugnação de questões para poder emitir algum juízo de valor.”

A Makiyama, que já realizou concursos para vagas no Tribunal de Justiça de Minas Gerais e na Eletrobras, informou que aguardará o fim do período de pedidos de impugnação, que termina hoje.

Em tempo: o Rei do Camarote é Alexander de Almeida; torcedores de Vasco e Atlético-PR foram presos após a briga; e Schumacher se acidentou nos Alpes franceses.

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