O que acha de viajar para a Europa e levar a própria vaca para tirar leite fresco aos filhos? Ou se gabar de ser o pioneiro em cerveja em lata no Brasil? Ou ainda ter Rolls-Royce e Picasso em casa?
Isso é para pouquíssimos… fiquei impressionado com as histórias dos Conde Francisco Scarpa, falecido semana passada. Compartilho abaixo:
Extraído de Veja SP, ed 26/06/2013, pg 32
UMA VIDA MUITO RICA
Além de fortuna, Francisco Scarpa, morto aos 103 anos, tinha estilo, gosto e boas histórias para contar
O conde Francisco Scarpa, que contava ter recebido esse títulodo papa Pio XII, preferia que os amigos o chamassem de Chico.Apesar de apreciar a informalidade no tratamento, era um cavalheiro requintado. Tinha em casa Picasso e Rolls-Royce. Adorava festas. Durante décadas, quando ia a Paris, hospedava-se numa suíte do luxuosíssimo Plaza Athénée.
Nos anos 50, viajavacom a família para a Europa de transatlântico e levava junto umavaca leiteira, que era ordenhada no porão sempre que os filhospequenos pediam a mamadeira. Paulista de Sorocaba, herdou afortuna do pai, o imigrante italiano Nicolau Scarpa, criador daCervejaria Caracu. Foi também dono da Skol e orgulhava-se dehaver lançado a primeira cerveja em lata do Brasil.
Segundo seufilho-playboy, Chiquinho Scarpa, ele chegou a ter quarenta fazendas, além de usina de açúcar, metalúrgica e fábrica de tecidos. Francisco estudou química na Alemanha, onde em 29 desetembro de 1938 testemunhou uma cena histórica: a chegadados líderes das maiores potências europeias da época para a assinatura do Pacto de Munique, que redundou na entrega da Checoslováquia aos nazistas. Do lado de fora, em meio a bandeirascom suásticas, ele conseguiu fotografar, infelizmente de costas,Hitler, Mussolini e o primeiro-ministro inglês Neville Chamberlain.
Viúvo desde o ano passado, morava em companhia de Chiquinho, da antiga criadagem e de uma cacatua no palacete queconstruiu em 1949 na praça batizada com o nome de seu pai,nos Jardins. As duas filhas, Renata e Fátima, residem em casascontíguas. Até poucos meses atrás, ainda jogava paciência nocomputador. Foi ali que ele morreu na última terça-feira (18), decomplicações de um AVC sofrido em dezembro. Tinha 103anos. “Nasceu rico, viveu rico e morreu rico”, resumiu o advogado da família, Marco Antonio Fanucchi.
