Para fazer sucesso, não é preciso polemizar. Mas infelizmente, muitos criam enredos que trazem à discussão assuntos delicados de maneira desrespeitosa, e muitas vezes ofendem gratuitamente alegando “liberdade e democracia”.
Ora, o respeito independe desses conceitos. Digo isso pois leio a história do filme “País do Desejo“, que conta a história de um padre que defende o aborto e posteriormente se apaixona por uma fiel, sem perder a fé em Deus.
Até aí, nada mais do que uma sinopse chamativa. Mas nada tão escandaloso como alguns detalhes, como, por exemplo, uma enfermeira que durante o filme come hóstias com catchup, lendo revistas eróticas!
Sinceramente, pura apelação do cineasta que escreveu o filme, Paulo Caldas.
Se depender de mim, o filme será um fracasso. Respeito é importante, independente se cristão, judeu, muçulmano, umbandista ou ateu.
Extraído de: http://cinema.uol.com.br/ultnot/reuters/2013/01/24/embate-entre-religiao-e-ciencia-e-revisitado-no-drama-brasileiro-pais-do-desejo.jhtm
EMBATE ENTRE RELIGIÃO E CIÊNCIA EM DRAMA BRASILEIRO
por Alysson Oliveira, do Cineweb
O antigo debate entre ciência e religião é o que move “País do Desejo”, novo longa do cineasta Paulo Caldas (“Deserto Feliz”), cuja trama envolve um padre (Fábio Assunção), uma pianista (Maria Padilha) e um médico (Gabriel Braga Nunes).
Recife e Olinda, onde as cenas foram filmadas, ganham nomes míticos de Pasárgada e Eldorado, o que pode ser uma tentativa de emprestar uma outra dimensão ao filme.
José (Fábio Assunção) é um clérigo um tanto anticonvencional, já que apoia a prática do aborto para uma garota de 12 anos, grávida de gêmeos, que fora estuprada pelo tio.
Quando isto acontece, o bispo (Nicolau Breyner) excomunga a menina, a mãe dela e o médico. Já o estuprador não é punido, o que gera mais revolta no sacerdote. Essa parte da trama é inspirada num fato real, acontecido em Pernambuco em 2009.
Esta é uma das decepções que o padre tem com a Igreja. Ainda assim, defende a fé sempre que entra em discussão com seu irmão médico, César (Gabriel Braga Nunes). Uma das pacientes é Roberta (Maria Padilha), uma pianista acometida por uma doença renal crônica. A personagem sofre uma crise enquanto está na cidade onde fica a paróquia de José.
Aos poucos, o padre se interessa pela pianista, e esse amor mudará o seu destino em vários sentidos. É nesse momento que o embate entre ciência e religião ganha alguns contornos mais nítidos no longa, roteirizado por Caldas, Pedro Severien e Amin Steppler. Mas essa questão permanece num campo mais superficial, nunca vai fundo.
Contando com um bom casal de protagonistas — Maria Padilha e Fábio Assunção –, o filme nem sempre aproveita todo o potencial da dupla e as possibilidades que a trama oferece. A ação se dissolve em cenas, personagens e situações sem muito a dizer, como a enfermeira japonesa (Juliana Kametani), que lê mangás eróticos enquanto come hóstias com ketchup.
