– Passeando na Coréia do Norte

Toda ditadura é nefasta. Sabemos disso, e quem vive em meio a ela sofre na carne. Pois bem: Cláudia Trevisan, do Estadão, viajou a convite norte-coreano a Tongchnag-Ri, a base espacial daquele país, de onde o paupérrimo país lançará um satélite para fins pacíficos.

É evidente que por trás do convite a jornalistas internacionais está a preocupação em dizer que o país não está trabalhando com fins militares, o que sabidamente está. Mas vale a pena ler o que a profissional do jornal publicou na edição de hoje sobre o que viu por lá (pg A11):

NORTE-COREANOS ANDAM A PÉ POR FALTA DE ENERGIA

Os pés são o principal meio de locomoção em Pyongyang. Multidões ocupam as ruas da cidade todos os dias, caminhando para o trabalho, a escola ou a casa. O sistema de transporte público é precário e a situação é agravada pela escassez de energia. Não há eletricidade para os trólebus nem diesel para os ônibus. As filas nos pontos são intermináveis. Os que conseguem entrar, se espremem como podem. Diante da dificuldade, a maioria prefere caminhar.

Há bicicletas, mas muito menos do que na China. As motocicletas, onipresentes em outros países pobres da Ásia, são raras em Pyongyang, provavelmente pela falta de combustível. A precariedade da infraestrutura é visível em todos os lugares. O trem que levou os jornalistas estrangeiros de Pyongyang ao centro de lançamento de Tongchang-ri demorou cinco horas para percorrer o trajeto de 200 quilômetros, o que dá uma velocidade de 40 km/h.

Da janela, a paisagem era desoladora e monótona. Vilas rurais com casas de alvenaria brancas e janelas azuis se sucediam, em um cenário quase desprovido de áreas verdes. Com o fim do inverno, campos estavam sendo arados para o novo plantio, em uma terra pouco fértil. As mais sofisticadas máquinas dos camponeses são tratores que parecem saídos de um desenho dos anos 50. Mesmo assim, são raros. O trabalho é manual ou realizado com a ajuda de bois – e mesmo os animais não são abundantes.

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